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Peso argentino desvaloriza 18,3% após vitória do ultraliberal Milei nas eleições primárias

O mercado reagiu com instabilidade à vitória do candidato da extrema direita nas primárias. Uma das propostas do ultraliberal Javier Milei é a de acabar com o peso argentino e instituir o dólar como moeda corrente. A inflação no país é de quase 116% ao ano.

Javier Milei, candidato da coalizão La Libertad Avanza, comemora após o fim da votação nas eleições primárias na Argentina, domingo 13 de agosto de 2023.
Javier Milei, candidato da coalizão La Libertad Avanza, comemora após o fim da votação nas eleições primárias na Argentina, domingo 13 de agosto de 2023. AP - Natacha Pisarenko
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O professor de Sociologia da Sorbonne e diretor do Instituto de Altos Estudos sobre a América Latina, Denis Merklen, falou à RFI sobre a chegada do candidato de extrema direita, que se diz próximo de Jair Bolsonaro e de Donald Trump, à liderança das eleições primárias na Argentina.

Segundo ele, as reações negativas do mercado se dão também porque uma das vantagens do candidato governista, Sergio Massa, que é o atual ministro da Economia, é a boa relação com os organismos internacionais de crédito, como o FMI, que apoiam sua candidatura.

“É preciso lembrar que ainda estamos nas primárias, mas no plano financeiro, a Argentina sofre com uma perda de capital colossal e que pode se acelerar, precisando de mais dólares para manter a moeda e o funcionamento do Estado. E essa é uma situação de risco importante”, disse.

Extrema direita cresce no país

Para entender o crescimento da extrema direita na Argentina é imprescindível, segundo o especialista, levar em conta a situação econômica do país, com o enorme empobrecimento da população, somado à uma desesperança com o cenário político, o que abre espaço para discursos tidos como revolucionários e anti estado.

Ele [Milei] encarna um discurso radical de oposição a uma classe política que, em contrapartida, causa repulsa. Os argentinos vivenciaram isso em 2001, quando o país sofreu com o peso da dívida e que levou a Argentina à recessão. Naquela época houve uma revolta nas ruas, que pode ser vista hoje através das urnas”, destacou.

Para Merklen, o cenário é também reflexo do fracasso do partido de centro-esquerda, que ao longo dos anos acabou protagonizando uma guinada à direita, mas que não evitou a redução do espaço político kirchnerista. “A extrema direita ganhou na maioria das províncias argentinas”, lembrou.  

Prioridades de Milei

De acordo com o professor, caso ganhe as eleições em 22 de outubro, Javier Milei vai ter dificuldades para governar, já que a Argentina é um estado federal, com províncias, Senado e outras estruturas políticas. Merklen acredita que dificilmente Milei terá o apoio da maioria na Assembleia Nacional e no Senado, o que pode dificultar a vida do ultraliberal, mesmo que ele chegue à presidência.  

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