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Operação "anticorrupção" prende 42 pessoas ligadas à petrolífera estatal da Venezuela

Uma grande investigação sobre corrupção na empresa estatal de petróleo PDVSA (Petroleos de Venezuela) prendeu 42 empresários e funcionários da empresa pública. A operação do Ministério Público Federal, iniciada em 17 de março, está sendo chamada de “cruzada anticorrupção” e já provocou a saída do ministro do Petróleo.

A petrolífera estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) é alvo de uma operação que já levou mais de 40 pessoas à prisão este ano. Foto feita em Caracas, na Venezuela
A petrolífera estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) é alvo de uma operação que já levou mais de 40 pessoas à prisão este ano. Foto feita em Caracas, na Venezuela AP - Ariana Cubillos
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Entre os funcionários detidos há vários colaboradores do ex-ministro do Petróleo, Tareck El Aissami, além de membros do departamento de Comércio e Abastecimento da PDVSA e da Intendência de Mineração Digital.

Os funcionários são acusados de "apropriação ou desvio de patrimônio público, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e associação criminosa, e traição à pátria", informou o procurador-geral Tarek William Saab.

Há ainda mais de uma dezena de empresários presos, um deles detido na República Dominicana enquanto tentava fugir.

Os acusados podem ser condenados a penas de até 30 anos de prisão, tempo máximo de prisão na Venezuela, segundo o procurador-geral.

 

Manifestação de apoiadores do governo Maduro em favor da cruzada anticorrupção no dia 25 de março de 2023
Manifestação de apoiadores do governo Maduro em favor da cruzada anticorrupção no dia 25 de março de 2023 AP - Matias Delacroix

 

Renúncia de ministro chavista

As primeiras prisões aconteceram no dia 17 de março e foram se acumulando ao longo dos dias seguintes em uma operação policial que virou crise política.

No dia 21 de março, o ministro do Petróleo, Tareck El Aissami, um chavista de primeiras horas que já foi vice-presidente venezuelano, renunciou ao cargo. "Tendo em vista as investigações sobre graves atos de corrupção na PDVSA, tomei a decisão de apresentar minha demissão para apoiar completamente este processo", publicou nas redes sociais.

A operação investiga o desvio de US$ 3 bilhões de dólares (cerca de R$ 15 bilhões) da petrolífera venezuelana, valor divulgado pela imprensa local, mas que não é confirmado pelo Ministério Público.

As informações são vistas com desconfiança pela imprensa de oposição. "Não temos nenhuma forma de confirmar esses números", comenta o jornalista venezuelano Cesar Batiz, em entrevista ao jornal Le Monde

Há anos o governo venezuelano não publica informações sobre seu orçamento ou sobre a atuação da PDVSA, principal empresa do país que é alvo de denúncias de corrupção há décadas. 

Essa "cruzada" anticorrupção na empresa petrolífera não é a primeira do governo de Nicolás Maduro. Desde 2017, a indústria petrolífera da Venezuela tem sido alvo de numerosas investigações que resultaram na prisão de quase 200 funcionários e dois ministros do petróleo, Eulogio del Pino e Nelson Martinez.

O momento, contudo, para que numerosas prisões sejam feitas parece ter uma relação estreita com o momento político, um ano antes de uma nova eleição presidencial. Por todos os lados, a conversa que mais se ouve é se Maduro quis se livrar no "clã El Aissami" antes da eleição de 2024, afirma a correspondente do jornal francês. 

(Com informações de agências)

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