Operação "anticorrupção" prende 42 pessoas ligadas à petrolífera estatal da Venezuela
Uma grande investigação sobre corrupção na empresa estatal de petróleo PDVSA (Petroleos de Venezuela) prendeu 42 empresários e funcionários da empresa pública. A operação do Ministério Público Federal, iniciada em 17 de março, está sendo chamada de “cruzada anticorrupção” e já provocou a saída do ministro do Petróleo.
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Entre os funcionários detidos há vários colaboradores do ex-ministro do Petróleo, Tareck El Aissami, além de membros do departamento de Comércio e Abastecimento da PDVSA e da Intendência de Mineração Digital.
Os funcionários são acusados de "apropriação ou desvio de patrimônio público, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e associação criminosa, e traição à pátria", informou o procurador-geral Tarek William Saab.
Há ainda mais de uma dezena de empresários presos, um deles detido na República Dominicana enquanto tentava fugir.
Os acusados podem ser condenados a penas de até 30 anos de prisão, tempo máximo de prisão na Venezuela, segundo o procurador-geral.
Renúncia de ministro chavista
As primeiras prisões aconteceram no dia 17 de março e foram se acumulando ao longo dos dias seguintes em uma operação policial que virou crise política.
No dia 21 de março, o ministro do Petróleo, Tareck El Aissami, um chavista de primeiras horas que já foi vice-presidente venezuelano, renunciou ao cargo. "Tendo em vista as investigações sobre graves atos de corrupção na PDVSA, tomei a decisão de apresentar minha demissão para apoiar completamente este processo", publicou nas redes sociais.
A operação investiga o desvio de US$ 3 bilhões de dólares (cerca de R$ 15 bilhões) da petrolífera venezuelana, valor divulgado pela imprensa local, mas que não é confirmado pelo Ministério Público.
As informações são vistas com desconfiança pela imprensa de oposição. "Não temos nenhuma forma de confirmar esses números", comenta o jornalista venezuelano Cesar Batiz, em entrevista ao jornal Le Monde.
Há anos o governo venezuelano não publica informações sobre seu orçamento ou sobre a atuação da PDVSA, principal empresa do país que é alvo de denúncias de corrupção há décadas.
Essa "cruzada" anticorrupção na empresa petrolífera não é a primeira do governo de Nicolás Maduro. Desde 2017, a indústria petrolífera da Venezuela tem sido alvo de numerosas investigações que resultaram na prisão de quase 200 funcionários e dois ministros do petróleo, Eulogio del Pino e Nelson Martinez.
O momento, contudo, para que numerosas prisões sejam feitas parece ter uma relação estreita com o momento político, um ano antes de uma nova eleição presidencial. Por todos os lados, a conversa que mais se ouve é se Maduro quis se livrar no "clã El Aissami" antes da eleição de 2024, afirma a correspondente do jornal francês.
(Com informações de agências)
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