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Polícia do Canadá retira caminhoneiros que bloqueavam Parlamento em Ottawa

A polícia canadense recuperou neste sábado (19) o controle de um grande eixo em frente à sede do Parlamento, usando "substâncias irritantes" para retirar centenas de caminhoneiros que ainda paralisam o centro de Ottawa, num protesto que já dura mais de três semanas contra as medidas sanitárias.

Policiais canadenses retiram manifestantes da região no entorno do Parlamento, em Ottawa. Em 19 de fevereiro de 2022.
Policiais canadenses retiram manifestantes da região no entorno do Parlamento, em Ottawa. Em 19 de fevereiro de 2022. Dave Chan AFP
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"Os manifestantes continuam agressivos e atacando os oficiais. Eles se recusam a obedecer às ordens de se mover", indicaram, em um tuíte, as autoridades da capital Ottawa, geralmente uma cidade muito calma, mas onde a tensão aumentou depois dos confrontos ocorridos na noite de sexta-feira (18).

Alguns manifestantes jogaram bombas de fumaça na polícia e formaram uma corrente humana para se proteger. Contudo, as forças de segurança conseguiram desbloquear a rua principal em frente ao Parlamento, após prenderem 47 pessoas, algumas das quais carregavam fogos de artifício.

Momentos antes da ação policial, os manifestantes limpavam seus letreiros cobertos de neve, em que denunciam as medidas sanitárias ligadas ao combate à Covid-19. Outros tentavam se aquecer perto de uma fogueira, ao som de buzinas frenéticas dos caminhões ainda presentes.

Resistência

"Não vou embora", disse Johnny Rowe à AFP, apesar do risco de prisão. “Não tem como voltar atrás”, completou. "Todos aqui, inclusive eu, tiveram suas vidas destruídas pelo que aconteceu nos últimos dois anos."

“Quem for encontrado na área” do centro da capital canadense “será preso”, alertou a polícia, através do Twitter, neste sábado, acusando os caminhoneiros, muitos dos quais vieram com crianças, de colocá-los em perigo.

No início da manhã, as autoridades já tinham se munido de "capacetes e bastões" frente ao aumento da agressividade dos manifestantes. Muitos caminhoneiros, no entanto, optaram por sair por conta própria e tirar os veículos das ruas.

"Estou saindo hoje", disse Vince Green, explicando que precisava voltar para Calgary, Alberta, para cuidar de seus filhos. Ele conta que a esposa trabalha como enfermeira e perdeu o emprego por se recusar a tomar a vacinada contra a Covid-19.

O movimento chamado "Comboio da liberdade" teve início no final de janeiro, reunindo caminhoneiros que protestavam contra a obrigatoriedade de se vacinar para cruzar a fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos. As demandas, entretanto, se estenderam à recusa de todas as medidas de saúde e, para muitos, configuraram-se, inclusive, na rejeição ao governo do primeiro-ministro Justin Trudeau.

Após ter permanecido fechado na sexta-feira (18) de forma excepcional devido ao contexto de segurança, o Parlamento canadense retomou suas atividades neste sábado. Os deputados analisam o uso da lei sobre medidas de emergência, decretada pelo primeiro-ministro.

A Câmara examina desde quinta-feira a implementação desta lei, invocada por Justin Trudeau para pôr fim aos bloqueios "ilegais" em andamento no país. Esta é a segunda vez que tal disposição é usada em tempos de paz, sendo altamente contestada pela oposição conservadora.

Justin Trudeau garantiu, no entanto, que a lei não será usada para enviar o exército contra manifestantes ou limitar a liberdade de expressão. O objetivo, afirma o premiê, é simplesmente "enfrentar a ameaça atual e controlar totalmente a situação".

 

(Com informações da AFP)

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