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Bolívia/ Diplomacia

Confusão diplomática pode agravar tensão entre Bolívia e México

Espanha, Bolívia e México estão envolvidos em confusão diplomática, após visita de funcionários espanhóis à embaixada mexicana em La Paz. Segundo o governo boliviano, os diplomatas tinham o objetivo de ajudar na fuga de ministros do ex-presidente Evo Morales, exilados no local. O incidente pode agravar as já tensas relações entre México e Bolívia.

Polícia boliviana na entrada principal da Rinconada, bairro onde fica a residência da embaixadora amercina em La Paz, em 27 de dezembro de 2019.
Polícia boliviana na entrada principal da Rinconada, bairro onde fica a residência da embaixadora amercina em La Paz, em 27 de dezembro de 2019. Jorge Bernal / AFP
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A Espanha negou neste sábado (28) que a passagem de diplomatas espanhóis pela residência da embaixadora mexicana na Bolívia tinha o objetivo de facilitar a saída de funcionários do ex-presidente boliviano Evo Morales. Um comunicado do ministério espanhol de Relações Exteriores afirmou que se tratava de uma visita “exclusivamente de cortesia”. Segundo o governo da Espanha, os visitantes eram a encarregada de Negócios na Bolívia, Cristina Borreguero, e o cônsul Álvaro Fernández.

O ministério de Relações Exteriores da Espanha disse, em um comunicado, que enviará funcionários à Bolívia para explicar o que aconteceu na sexta-feira (27), na embaixada, e que vai abrir uma investigação sobre o que aconteceu durante a visita.

A ministra boliviana de Relações Exteriores, Karen Longaric, revelou que pessoas “identificadas como funcionários da embaixada da Espanha na Bolívia, acompanhados por pessoas encapuzadas, tentaram entrar de maneira clandestina na residência diplomática do México, em La Paz”.

Logaric precisou que a entrada dos veículos foi barrada e disse que a presença dessas pessoas é uma ameaça para a sede diplomática mexicana, contraria as práticas diplomáticas e vulnera o princípio de inviolabilidade.

Segundo fontes citadas na imprensa espanhola neste sábado, os encapuzados são agentes do grupo especial da polícia, conhecidos como GEO, que escoltam diplomatas.

Na embaixada mexicana estão exilados ex-ministros do governo Morales, como o da Presidência, Juan Ramón Quintana e a da Cultura, Wilma Alanoca, que têm ordem de captura. O ex-presidente foi obrigado a pedir demissão em 10 de novembro, após violentos protestos da oposição que denunciavam fraude nos resultados de sua reeleição, em outubro, para mais 5 anos de mandato.

A nova presidente Jeanine Áñez não concedeu salvo-condutos e o México se nega a entregar os ex-ministros. Eles são acusados de rebelião e terrorismo e de fomentar a violência social que deixou 36 mortos, segundo um balanço da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.  

Morales se refugiou no México após sua demissão e desde 12 de dezembro está exilado na Argentina.

Versão mexicana

Em um comunicado, a secretaria mexicana de Relações Exteriores deu uma versão diferente do incidente. Segundo o texto, após a reunião “os diplomatas espanhóis foram informados que seus carros tinham sido detidos no acesso à urbanização”, pela polícia boliviana.

A secretaria explica que a chancelaria boliviana disse que os diplomatas teriam que caminhar até seus veículos. Como eles se negaram, um carro do governo boliviano foi buscá-los uma hora depois.

A presença permanente de forças de segurança nas proximidades da embaixada mexicana em La Paz levou o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador a denunciar “perseguição e ameaças” por parte da nova presidente. O México expressou em várias ocasiões que teme que o governo boliviano invada a embaixada para prender os ex-funcionários de Morales.

(Com informações da AFP)

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