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Polícia impede abertura de Parlamento da Guiné-Bissau, após presidente reempossar primeiro-ministro

Deputados que tentavam ter acesso à Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau na manhã desta quarta-feira (13) foram dispersados com gás lacrimogêneo pela polícia. Depois de ter dissolvido, na semana passada, a Assembleia e o governo, o presidente do país africano de língua portuguesa, Umaro Sissoco Embalo, reintegrou Geraldo Martins como primeiro-ministro na terça-feira (12), após confrontos armados que chamou de “golpe de estado”.

O presidente da Guiné-Bissau reempossou nesta terça-feira, 12 de Dezembro, Geraldo Martins no cargo de primeiro-ministro.
O presidente da Guiné-Bissau reempossou nesta terça-feira, 12 de Dezembro, Geraldo Martins no cargo de primeiro-ministro. © RFI/Lígia Anjos
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Lígia Anjos, da RFI

Martin é um líder da coligação da oposição que venceu as eleições legislativas de junho em torno do histórico partido PAIGC, que liderou a luta pela libertação da Guiné-Bissau e domina a vida política deste país atormentado por uma instabilidade crônica.

A reintegração por decreto do chefe de governo é contestada dentro da sua própria família política, porque alguns o consideram próximo demais do presidente Embalo.

A dissolução do Parlamento exige a realização de eleições numa data ainda incerta, apesar dos prazos previstos na lei.

Domingos Simões Pereira, presidente do Parlamento e adversário de longa data de Embalo, denunciou um "golpe de estado constitucional" por parte do chefe de Estado.

"O presidente tem controlado todas as instituições, aparentemente. Quer militar, judicial e, agora, com essa situação da dissolução do Parlamento, também as instituições políticas, especialmente a Assembleia Nacional Popular e o governo", disse à RFI o analista político guineense Rui Jorge Semedo.

"É uma situação muito ruim se realmente a Guiné-Bissau quer consolidar as suas instituições e permitir que haja a possibilidade da governabilidade. Porque nenhum país pode ser estável se, realmente, continua nessa dinâmica de demonstração de força, nessa dinâmica de sequestro das instituições, nessa dinâmica de tutela", completa ele. 

Confrontos 

Confrontos entre a Guarda Nacional e o Exército ocorreram no dia 1° de dezembro, deixando pelo menos dois mortos na capital Bissau.

Eles começaram quando agentes da Guarda Nacional invadiram as instalações da polícia judiciária para retirar o ministro da Economia e Finanças, Souleiman Seidi, e o secretário de Estado da Fazenda Pública, António Monteiro, que tinham sido interrogados no local. Depois, eles se abrigaram em um acampamento militar na capital e resistiram com armas.

Estes confrontos são considerados uma nova ilustração das profundas fraturas políticas no país e também nas forças de segurança.

Desde sua independência de Portugal, em 1974, a Guiné-Bissau sofreu uma série de golpes ou tentativas de golpe.

(Com informações da RFI e da AFP)

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