Acessar o conteúdo principal

Militares no Níger prometem transição de até três anos ao anunciar 'diálogo nacional'

Vários milhares de pessoas se manifestaram neste domingo (20) de manhã em Niamey em apoio ao regime militar, que anunciou na véspera que ponderava uma transição de três anos no máximo, enquanto a ameaça de uma intervenção militar da África Ocidental ainda paira sobre o Níger. Ainda neste domingo (20), o Papa Francisco se pronunciou no Vaticano pedindo uma "solução pacífica" e rápida.

Esta imagem de captura de vídeo obtida pela AFP da ORTN - Télé Sahel em 19 de agosto de 2023 mostra o novo governante militar do Níger, general Abdourahamane Tiani, lendo uma declaração na televisão nacional.
Esta imagem de captura de vídeo obtida pela AFP da ORTN - Télé Sahel em 19 de agosto de 2023 mostra o novo governante militar do Níger, general Abdourahamane Tiani, lendo uma declaração na televisão nacional. © AFP
Publicidade

O protesto ocorre um dia depois de um discurso televisionado do novo homem forte do Níger, general Abdourahamane Tiani, que derrubou o presidente eleito Mohamed Bazoum em um golpe de 26 de julho. Nesse discurso, ele delineou um cronograma inicial de transição.

Como em todas as manifestações a favor do novo regime, muitos slogans hostis à França e à Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) foram entoados ou exibidos em cartazes, observaram os jornalistas da agência AFP.

"Não às sanções", "parar a intervenção militar", foram frases presentes na Praça de la Concertation, em Niamey.

Delegação

Ao anunciar o lançamento de um diálogo nacional, ele especificou que a duração da transição não excederia "três anos". No início do dia, ele se encontrou com uma delegação da Cedeao liderada pelo ex-presidente nigeriano Abdulsalami Abubakar, que veio negociar uma saída para a crise.

Ao contrário de uma mediação anterior da África Ocidental, no início de agosto, desta vez os emissários puderam discutir com o general Tiani, mas também conhecer Mohamed Bazoum, detido desde o golpe. Este último apareceu nas imagens da televisão nigeriana sorrindo durante esta reunião.

"Há esperança, sem dúvida", disse o Abubakar, acreditando que a visita da delegação ajudou a "encontrar uma chave para continuar as negociações até o desfecho deste difícil caso".

Mas o fim da crise ainda está longe de se acertar porque a Cedeao exige a reintegração do presidente deposto Bazoum em suas funções e sua libertação imediata. No entanto, em seu discurso na noite de sábado, o general Tiani não mencionou o presidente deposto nenhuma vez. A organização da África Ocidental, que impôs pesadas sanções econômicas contra o Níger desde 30 de julho, ameaça usar a força se não vencer o caso.

Na noite de sexta-feira (18), após uma reunião dos seus chefes de gabinete, indicou mesmo que "o dia da intervenção está marcado", assim como os "objetivos estratégicos, os equipamentos necessários" e "o empenho dos Estados-membros". Entretanto, nenhum calendário foi revelado.

Uma ameaça levada a sério pelo general Tiani, que alertou no sábado à noite que o Níger não ficaria de braços cruzados no caso de uma intervenção.

“Se uma agressão fosse empreendida contra nós, não seria o passeio no parque em que algumas pessoas acreditam”, disse, garantindo que a Cedeao queria criar “um exército de ocupação em colaboração com um exército estrangeiro”, sem mencionar nenhum país.

Papa Francisco pede paz mais uma vez 

Neste domingo, no Vaticano, o Papa Francisco pediu uma "solução pacífica o mais rápido possível", dizendo que se juntou "ao apelo dos bispos pela paz no país e estabilidade no Sahel". No dia anterior, a Argélia, que faz uma longa fronteira com o Níger, havia feito o mesmo.

"Antes que o irreparável seja cometido, e antes que a região seja apanhada na espiral de violência cujas consequências incalculáveis ​​ninguém pode prever, a Argélia pede a todas as partes que mostrem moderação, sabedoria e razão", disse o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.

O Níger luta há vários anos contra grupos jihadistas em várias partes do seu território. Um de seus tradicionais aliados, os Estados Unidos, que mobiliza cerca de 1.100 soldados, anunciou a chegada de um novo embaixador. Kathleen FitzGibbon não vai, no entanto, apresentar oficialmente a sua carta de missão às novas autoridades, disse Washington, que não as reconhece.

Os ataques sangrentos de grupos jihadistas não enfraqueceram. Na terça-feira, pelo menos 17 soldados foram mortos em um ataque perto de Burkina Faso, o mais mortal desde o golpe.

(Com AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.