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COP27: Macron quer se mostrar exemplar na luta climática, mas decepciona ambientalistas

Em sua participação na COP27 no Egito, o presidente francês, Emmanuel Macron, tenta passar uma imagem "exemplar" na luta contra as mudanças climáticas, participando de muitas reuniões para exibir o balanço ambiental de seu governo. No entanto, paralisa a cúpula ao pedir mais estudos sobre reparações ambientais e ao empurrar discussões sobre solidariedade financeira, criticou o Greenpeace França, após o discurso do chefe de Estado nesta segunda-feira (7).

O presidente francês, Emmanuel Macron, discursa na COP27, a Cúpula das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, nesta segunda-feira, 7 de novembro de 2022, em Sharm el-Sheikh, Egito.
O presidente francês, Emmanuel Macron, discursa na COP27, a Cúpula das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, nesta segunda-feira, 7 de novembro de 2022, em Sharm el-Sheikh, Egito. AP - Nariman El-Mofty
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Após se reunir com ativistas cada vez mais decepcionados, o presidente francês defendeu na tribuna a solidariedade financeira com os países mais pobres expostos aos efeitos devastadores do aquecimento global. Porém, pediu mais estudos de alto nível para chegar a propostas, até a primavera, para reformar o sistema financeiro internacional.

"Não podemos nos dar o luxo de perder tempo", reagiu Clément Sénéchal, do Greenpeace França. O ativista acredita que Emmanuel Macron "paralisa" a COP27 ao favorecer este "enésimo diálogo paralelo" em vez de um acordo imediato em Sharm el-Sheikh. Acima de tudo, "nenhuma medida precisa foi pronunciada neste discurso no Egito sobre as emissões de CO2 francesas ou europeias, que são muito altas", lamentou Sénéchal.

“Europeus são os únicos a pagar”

Ao chegar à cúpula climática da ONU em Sharm el-Sheikh, o presidente francês garantiu que a Europa e a França estão na "trajetória" certa para cumprir seus "objetivos" de redução das emissões de gases de efeito estufa. O chefe de Estado apontou o dedo para outros países ricos. "Devemos ter os Estados Unidos e a China dispostos a se comprometer" nesta "batalha", estimou.

"Os europeus pagam", mas "nós somos os únicos a pagar". Portanto, é necessário "pressionar os países ricos não europeus, dizer-lhes que eles devem pagar a sua parte", insistiu o presidente francês.

"A emergência climática está aí", martelou Macron na tribuna da COP27, defendendo a fórmula "sobriedade energética", "energias renováveis" e renascimento da energia nuclear, além de pedir que os países emergentes parem "o mais rápido possível" de utilizar carvão.

Na terça-feira (8), um encontro em Paris vai reunir os industriais franceses que mais emitem gases de efeito de estufa, para encorajá-los a acelerar a sua "descarbonização". Ao mesmo tempo, Emmanuel Macron se comprometeu, em um vídeo no Twitter, a responder esta semana a perguntas dos franceses sobre "o desafio ecológico".

Promessas de campanha

Em abril, Emmanuel Macron prometeu que seu segundo mandato de cinco anos "seria ecológico ou não seria", estabelecendo o objetivo de ir "duas vezes mais rápido" para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Apresentamos os primeiros resultados para mostrar que as ações estão à altura das promessas, como o plano de sobriedade que já permite "economizar 10% da nossa energia", a votação no Senado de um projeto de lei sobre turbinas eólicas e fotovoltaicas, ou a apresentação de um texto para acelerar a energia nuclear, destacou o Palácio do Eliseu.

Já adversários da esquerda e defensores do meio ambiente cobram mais ações do governo. Durante um encontro com jovens africanos e franceses comprometidos com o clima em Sharm el-Sheikh, o presidente francês foi questionado sobre a falta de tributação real dos "lucros recordes" dos grupos energéticos. "Esses lucros são criminosos, são crimes contra a humanidade", disse Nathan Méténier, um dos jovens conselheiros do secretário-geral da ONU sobre mudanças climáticas.

"Compartilho totalmente a descrição que você deu", respondeu Emmanuel Macron, antes de explicar que a tributação só faria sentido em escala global”, disse o presidente.

Anne Bringault, da Climate Action Network, observa que as emissões de gases de efeito estufa da França, apesar da condenação do país por “inação climática”, ainda estão “longe” da trajetória correta.

(Com informações da AFP)

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