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Em Angola, resultados parciais apontam para continuidade do MPLA, há 47 anos no poder

O atual presidente angolano, João Lourenço, se dirige nesta quinta-feira (25) para uma provável vitória sobre seu carismático rival da oposição, apontam resultados ainda parciais, mas já contabilizando a grande maioria dos votos nas eleições mais disputadas da história do país. Não há previsão para a divulgação oficial do resltado final. 

João Lourenço, presidente angolano, em foto de março de 2022.
João Lourenço, presidente angolano, em foto de março de 2022. © LUSA - ELTON MONTEIRO
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Com mais de 86% dos votos apurados, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), antigo partido único todo-poderoso à frente do país desde 1975, lidera com 52,08% dos votos, de acordo com a comissão eleitoral.

Mas a oposição caminha para um resultado histórico: a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita) conquistou até agora 42,98% dos votos. O antigo movimento rebelde, que reúne uma juventude desencantada e esquecida pelo crescimento, já tem maioria na capital Luanda, com mais de 77% dos votos.

Não há eleições presidenciais em Angola. De acordo com a Constituição, o chefe da lista do partido que vence as eleições legislativas é investido como chefe de Estado.

Os observadores anunciaram uma votação apertada, mesmo que o atual presidente, João Lourenço, de 68 anos, seja o favorito. O MPLA está cada vez mais impopular, em um país rico em recursos naturais, mas mergulhado em graves dificuldades econômicas.

Revigorada nos últimos anos por um líder, Adalberto Costa Júnior, de 60 anos, a oposição ampliou sua base unindo forças com outros partidos. Na quarta-feira (24) à noite, os representantes da oposição se declararam "confiantes" e "calmos".

"Eu acho que o início da contagem e da divulgação dos votos começou muito mal. Foi irresponsabilidade da Comissão Nacional Eleitoral. Primeiro, a CNE disse que não ia divulgar os resultados parciais, depois mudou de opinião e começou a publicar resultados considerados exagerados, digamos assim, para o MPLA já de madrugada e isso provocou uma revolta contra a comissão e a apuração", declarou o economista Carlos Rosário à RFI

"Estes resultados divulgados agora, com 86% dos votos escrutinados, são mais críveis", acrescenta, comparando com os primeiros resultados, divulgados na madrugada desta quinta-feira (25). 

"Tenho esperança"

"Estamos à espera dos resultados reais, ainda tenho esperança", disse à AFP José Vieira Manuel, engenheiro de 28 anos na capital Luanda e partidário da Unita.

Com promessas de reforma, o adversário Costa Júnior, com fama de bom orador, seduz uma juventude urbana menos ligada ao MPLA do que os mais velhos e que herda um país minado por décadas de corrupção sob a presidência de José Eduardo dos Santos (1979-2017).

Morto no mês passado na Espanha, dos Santos é acusado de ter desviado bilhões de dólares em benefício de seus parentes. Sua filha, Isabel, é a mulher mais rica do continente africano. O ex-presidente deve ser enterrado no próximo domingo (28).

Com um partido no poder que controla o processo eleitoral e a mídia pública, a oposição e parte da opinião pública temem pela possibilidade de fraude. "A comissão eleitoral é cúmplice do MPLA. O país não vai mudar, é sempre a mesma história", desabafa Jorge, um mecânico de 40 anos.

Não houve incidentes na votação

Cerca de 14,4 milhões de eleitores foram convocados para votar nesta quarta-feira, sem incidentes relatados. Os números de comparecimento às urnas ainda não foram divulgados. Mas algumas seções de voto, completamente vazias, fecharam antes do final do horário de votação. A contagem começou na noite da própria quarta-feira.

Em 2017, o MPLA obteve uma vitória confortável com 61% dos votos. O partido conquistou 150 dos 220 assentos do Parlamento, mais do que os dois terços necessários para aprovar seus projetos sem o apoio de outro partido.

João Lourenço, quando eleito presidente, surpreendeu ao se libertar do sistema, com uma vasta campanha anticorrupção e por implementar reformas saudadas no exterior por apontar saídas a uma economia dependente do petróleo.

Mas, para muitos dos 33 milhões de angolanos, nem todas as promessas foram cumpridas. Inflação galopante, seca severa, desemprego e alto custo de vida estão alimentando o descontentamento na ex-colônia portuguesa, que continua sendo um dos países mais pobres do continente.

(Com informações da AFP)

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