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"Foi uma farsa", diz candidato derrotado sobre resultado de eleição no Quênia

Raila Odinga, o segundo candidato mais votado na eleição presidencial realizada na semana passada no Quênia, rejeitou nesta terça-feira (16) o resultado que deu a vitória ao seu rival, o atual vice-presidente William Ruto. "O que vimos ontem foi uma farsa e um flagrante desrespeito à Constituição", afirmou Odinga.

Raila Odinga, candidato à presidência do Quênia derrotado, durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (16).
Raila Odinga, candidato à presidência do Quênia derrotado, durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (16). AP - Ben Curtis
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O candidato derrotado realizou uma entrevista coletiva nesta terça-feira, um dia após Ruto ser declarado vencedor por uma pequena margem de votos. Odinga também garantiu que usará "todas as opções legais" possíveis para contestar o resultado.

Na segunda-feira (15), o atual vice-presidente do Quênia foi declarado vencedor por 50,49% dos votos contra Odinga, figura histórica da oposição, o que provocou violentos protestos nos redutos de seu rival, denúncias de fraude e críticas à comissão de fiscalização dos votos.

Na campanha eleitoral, ambos os candidatos prometeram resolver qualquer disputa na Justiça, e não nas ruas.

Odinga perdeu por cerca de 230.000 votos, apesar do apoio do atual presidente, Uhuru Kenyatta, e de toda a máquina do partido no poder. Em 2007, 2013 e 2017 Odinga já havia acusado os seus adversários de terem roubado a eleição.

"Não precisamos de protestos"

Desde 2002, todas as eleições foram contestadas no Quênia. Em 2017, o Supremo Tribunal do país anulou a votação depois que Odinga recorreu, embora Kenyatta tenha vencido as eleições posteriormente remarcadas. A polícia então matou dezenas de pessoas nos protestos.

Os momentos mais sangrentos ocorreram após a disputada votação de 2007, quando mais de 1.100 pessoas foram mortas em confrontos tribais.

Enfrentando uma grave crise econômica, os quenianos dizem que só querem continuar com suas vidas.

"Acho que não precisamos de protestos. Os protestos são caros. Eles podem até custar sua vida", diz Bernard Isedia, um taxista de 32 anos com dois filhos que votou em Odinga.

Ruto, de 55 anos, vice-presidente de Kenyatta até agora, prometeu, na segunda-feira (15), após o anúncio do resultado, trabalhar "com todos" os líderes em um "governo aberto, transparente e democrático". "Não há espaço para vingança", disse Ruto em um discurso na televisão.

Mais de 100%

Ruto obteve 50,49% dos votos, contra 48,85% de Odinga, informou na segunda-feira o chefe da Comissão Eleitoral Independente (IEBC), Wafula Chebukati. Mas, minutos antes do anúncio, quatro dos sete comissários da IEBC, que segundo alguns analistas eram aliados de Kenyatta, rejeitaram os resultados devido à natureza "opaca" do processo.

Nesta terça-feira, os chamados quatro "rebeldes" denunciaram que o percentual total de votos chegou a 100,01%, número que consideram um "absurdo matemático". A IEBC foi alvo de muitas críticas em 2017.

Analistas como Nic Cheeseman, professor da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, esclareceram que esse percentual pode ser explicado pelo arredondamento dos números. Mas alertou que as consequências eleitorais serão longas: "Haverá muita polêmica, recursos judiciais. Isso vai durar", publicou no Twitter.

A lei estabelece um prazo de sete dias para contestar os resultados perante o Supremo Tribunal Federal, que tem 14 dias para proferir sua decisão. Se novas eleições forem realizadas, deveriam ocorrer em um período de 60 dias.

Na ausência de contestação judicial, Ruto assumirá o cargo em duas semanas, tornando-se o quinto presidente do Quênia desde a independência, em 1963.

(Com informações da AFP)

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