Acessar o conteúdo principal

Argélia: mais de 40 mortos em incêndios que devastam o norte do país

Pelo menos 42 pessoas morreram, incluindo 17 civis e 25 militares, nos incêndios que devastaram o norte da Argélia, especialmente em Kabylia, informaram as autoridades nesta terça-feira (10), citando que o fogo seria "de origem criminosa", alimentado por um episódio de onda de calor.

Homens removem os restos mortais de uma vítima de um incêndio em Tizi Ouzou, uma das principais cidades de Kabylia, em 10 de agosto de 2021.
Homens removem os restos mortais de uma vítima de um incêndio em Tizi Ouzou, uma das principais cidades de Kabylia, em 10 de agosto de 2021. AFP - RYAD KRAMDI
Publicidade

Os incêndios, que começaram na noite de segunda-feira (9), mataram 17 civis em Tizi-Ouzou e Sétif, de acordo com uma nova avaliação anunciada pela primeira-ministra, Aïmène Benabderahmane.

O presidente Abdelmadjid Tebboune lamentou no Twitter a morte de 25 militares que tentavam apagar os incêndios, oferecendo suas condolências aos familiares das vítimas. “É com grande tristeza que soube do martírio de 25 soldados, depois de terem conseguido resgatar das chamas mais de uma centena de cidadãos nas montanhas de Bejaïa e Tizi-Ouzou”, escreve o presidente.

O Ministério da Defesa Nacional disse que outros 14 militares sofreram queimaduras em diferentes níveis de gravidade. A intervenção "permitiu salvar das chamas 110 cidadãos: homens, mulheres e crianças", acrescentou o ministério em um comunicado de imprensa.

Imagens impressionantes dos incêndios estão circulando nas redes sociais, com árvores carbonizados, animais agonizando asfixiados e vilas cercadas por fumaça, enquanto as montanhas ao redor ardem avermelhadas. Perto de Tizi-Ouzou, um homem ferido, envolto em bandagens, caminha na rua com a cabeça coberta de cinzas, outros são carregados em macas, observou um fotógrafo da AFP.

Faltam de aviões a curativos

Pedidos de ajuda circulam nas redes sociais para fornecimento de curativos e medicamentos para queimaduras a hospitais e centros de atendimentos que sofrem com a falta de materiais para realizar o socorro às vítimas. Outros apelos foram feitos nas redes sociais pedindo às autoridades que busquem ajuda internacional para pôr fim aos incêndios.

Em um comunicado recebido pela AFP, um grupo de “militantes democráticos na Argélia e no exterior” pedem às autoridades “assumir todas as suas responsabilidades e a apelar à ajuda internacional, o mais rapidamente possível, para evitar uma catástrofe humana e ecológica”. “Apenas as vias aéreas com equipamentos pesados, como Canadairs, entre outros, conseguem conter o fogo e os incêndios”, argumentam os argelinos.

O primeiro-ministro afirmou na televisão que Argel se encontra "em uma fase avançada das discussões com os parceiros europeus para a contratação de aviões de combate a incêndios", sem citar os países contactados. Os ventos espalham o fogo e complicam o trabalho das equipes de resgate, declarou Youcef Ould Mohamed, um guarda florestal local, citado pela agência APS.

“Origem criminosa” 

Cerca de 50 incêndios "de origem criminosa" e alimentados por um episódio de onda de calor começaram segunda-feira à noite no norte da Argélia, especialmente em Cabília, de acordo com o ministro do Interior, Kamel Beldjoud, que está acompanhado a situação a partir de uma delegação ministerial a Tizi-Ouzou, uma das cidades mais populosas da região. “Cinquenta focos de incêndio ao mesmo tempo, isso é impossível. Esses incêndios são de origem criminosa”, denunciou Beldjoud.

De acordo com o primeiro-ministro, mais de 70 incêndios ocorreram em 18 wilayas (prefeituras) no norte do país. A proteção civil registrou uma centena de incêndios em 16 wilayas. As cidades de Bouira, Sétif, Khenchela, Guelma, Bejaïa, Bordj Bou Arreridj, Boumerdès, Tiaret, Médéa, Tébessa, Blida e Skikda são afetadas, informou a direção geral de proteção civil no Twitter.

A rádio pública argelina anunciou a prisão de três "incendiários" em Médéa (norte), onde também eclodiu um incêndio. Um quarto suspeito foi preso em Annaba, de acordo com a APS. A Argélia vive um verão escaldante marcado pela escassez de água no país. Os serviços meteorológicos preveem temperaturas de até 47 graus.

Durante um Conselho de Ministros realizado em 25 de julho, o presidente Tebboune ordenou a elaboração de um projeto de lei que puna severamente os responsáveis ​​por incêndios criminosos em florestas, com penas de até 30 anos de prisão, ou mesmo prisão perpétua, se o incêndio causar a morte de pessoas. No início de julho, três pessoas suspeitas de envolvimento em incêndios que devastaram 1,5 mil hectares de florestas no maciço de Aurès (nordeste da Argélia) foram presas.

Fogo e futebol

O desastre não impediu que o JSK (Juventude Esportiva de Kabylie), principal clube de futebol da região, jogasse e vencesse a Copa da Argélia na noite desta terça-feira em Argel, na presença de dirigentes de alto escalão, provocando algumas reações indignadas nas redes sociais.

Maior país da África, a Argélia tem apenas 4,1 milhões de hectares de florestas, com um índice de reflorestamento de 1,76%. Todos os anos o país é afetado por incêndios florestais. Em 2020, quase 44 mil hectares de áreas verdes viraram fumaça. As autoridades anunciaram terem prendido diversos autores de incêndios criminosos.

Os incêndios que estão aumentando em todo o globo estão associados a diversos fenômenos previstos pelos cientistas devido ao aquecimento global. O aumento da temperatura, das ondas de calor e a redução da precipitação em alguns lugares é uma combinação ideal para o desenvolvimento de incêndios.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.