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Militar assume presidência de transição no Mali após dois golpes de Estado

O coronel Assimi Goita foi empossado, nesta segunda-feira (7), como presidente do Mali. Ele assume o cargo durante um período de transição, após dois golpes de Estado condenados pela comunidade internacional. A estabilidade do país africano é essencial na luta contra o extremismo islâmico.

Posse do presidente interino do Mali, Assimi Goita (no centro) ao lado dos juízes do Supremo Tribunal, em Bamako.
Posse do presidente interino do Mali, Assimi Goita (no centro) ao lado dos juízes do Supremo Tribunal, em Bamako. AFP - ANNIE RISEMBERG
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Com informações da AFP e de Serge Daniel, correspondente da RFI em Bamako

Emocionado, Goita prestou juramento trajando um uniforme militar de gala perante o Supremo Tribunal. Durante a cerimônia, ele anunciou sua ambição de organizar eleições justas, e no prazo previsto. “O Mali cumprirá os seus compromissos no melhor interesse da nação", disse o novo presidente.

Goita também anunciou, durante seu discurso, que pretende cortar dois terços do orçamento previsto para os gastos da presidência. Segundo ele, esses fundos “serão usados para o fornecimento de água e a criação de centros de saúde para os mais pobres”.

O novo chefe de Estado assume a presidência até o início de 2022, quando novas eleições estão previstas. O objetivo é devolver o poder aos civis nessa data.

A situação do Mali é acompanhada com atenção pela comunidade internacional. Os dois golpes foram duramente condenados pelos principais parceiros deste país, fundamental para a estabilidade nesta região africana. A comunidade internacional pede garantias de que os militares entregarão o poder aos civis após as eleições.

Para tranquilizar seus parceiros e a comunidade internacional, Goita imediatamente nomeou um novo primeiro-ministro, Choguel Kokalla Maiga, um político veterano que tentou tranquilizar a todos, prometendo que seu país manterá seus compromissos internacionais. Mas este ex-ministro de 63 anos também alertou contra "injúrias, sanções, ameaças, que só complicariam a situação".

As embaixadas ocidentais decidiram enviar "colaboradores" e não embaixadores a esta posse. O que, em linguagem diplomática, pode ser visto como um sinal político, mas não como uma forma de boicote ou sanção.

Luta contra extremistas islâmicos

O Mali, que tem servido de base para o extremismo islâmico no Sahel, sofreu dois golpes em apenas nove meses. O primeiro derrubou o presidente Ibrahim Bubacar Keita em 18 de agosto de 2020, fragilizado por um movimento de protesto liderado pelo Movimento de 5 de junho/Agrupamento de forças patrióticas (M5/RFP), um coletivo de opositores, religiosos e membros da sociedade civil.

A junta prometeu, sob pressão internacional, estabelecer um período de transição de 18 meses liderado por civis. Mas, em 24 de maio, Goita atropelou o acordo ao prender o presidente e o primeiro-ministro de transição, ambos civis.

Em seguida, o militar foi declarado presidente de transição pelo Tribunal Constitucional. Para o Mali, sem meios militares, cumprir os seus compromissos internacionais é uma questão crucial.

Após o último golpe, a França anunciou a suspensão das operações conjuntas com os militares do Mali, depois de oito anos de luta antijihadista. Até nova ordem, a força Barkhane, que intervém no Sahel, não deixará suas bases para operações no Mali. Uma postura que torna a situação regional instável e preocupante.

Na quinta-feira (3), onze membros de uma comunidade tuaregue foram mortos por desconhecidos perto de Menaka, no nordeste do país. Na vizinha Burkina Faso, suspeitos de serem jihadistas mataram pelo menos 160 pessoas na madrugada de sábado (5), no pior massacre desde 2015 no país.

Os militares terão pela frente o desafio de tranquilizar os ex-rebeldes da independência do norte, com os quais um acordo de paz foi assinado em 2015. Depois de expressar relutância, eles decidiram apoiar este novo capítulo de transição.

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