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França rejeita conclusões de investigação da ONU que confirma erro militar no Mali

Uma investigação das Nações Unidas concluiu que um ataque aéreo das Forças Armadas francesas no Mali, ocorrido em janeiro, matou 19 civis reunidos para um casamento – e não apenas jihadistas, como Paris tem afirmado até agora. O relatório da ONU, que analisou as circunstâncias da operação militar, foi consultado nesta terça-feira (30) pela agência de notícias AFP. A França rebate as conclusões.

Em vermelho, a região no centro do Mali onde teriam se enraizado os jihadistas próximos da rede terrorista Al Qaeda.
Em vermelho, a região no centro do Mali onde teriam se enraizado os jihadistas próximos da rede terrorista Al Qaeda. Google Maps
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A investigação foi conduzida pela Divisão de Direitos Humanos da Missão da ONU no Mali (Minusma), com o apoio da polícia forense da organização internacional.

Depois de analisar os eventos ocorridos em 3 de janeiro perto de Bounti, no centro do Mali, a Minusma "está em condições de confirmar a realização de uma festa de casamento que reuniu no local do ataque cem civis, entre eles cinco pessoas armadas que faziam parte do [campo de combatentes] Katiba Serma”, diz o resumo do relatório consultado pela AFP.

O termo "katiba" é usado para designar um campo ou uma unidade de combatentes no norte da África e na região do Sahel. 

O "Katiba Serma" é afiliado ao Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM na sigla em francês, ou JNIM em árabe), uma aliança jihadista ligada à rede terrorista Al-Qaeda. O bombardeio causou a morte de 22 pessoas, incluindo três membros suspeitos do "Katiba Serma".

O relatório da ONU informa que 19 vítimas morreram na hora e outras três durante a evacuação do local. O grupo atingido "era composto em sua maioria por civis, pessoas protegidas contra ataques pelo Direito Internacional Humanitário", diz a Minusma. 

A missão da ONU no Mali "recomenda" às autoridades malinesas e francesas o lançamento de "uma investigação independente, credível e transparente" para elucidar o caso.

A Minusma preconiza ainda uma análise e até mesmo a modificação dos processos antes da execução de bombardeios. Também recomenda que franceses e malineses procurem estabelecer responsabilidades e, se necessário, conceder reparação às vítimas e aos seus familiares. 

França rejeita erro militar

O Ministério das Forças Armadas da França refuta quaisquer "erros" cometidos no Mali e "expressa reservas" em relação às conclusões da ONU. Em comunicado à imprensa, o ministério afirma que a Minusma tem o direito de investigar o ocorrido em "completa independência", e lembra que até compartilhou informações com os autores do relatório, mas tem "muitas reservas quanto à metodologia [utilizada] e a coleta de depoimentos de testemunhas".

“Vários fatos do relatório corroboram o que o Estado-Maior do Exército observou e rapidamente afirmou: nenhuma mulher ou criança foi atingida nesse ataque aéreo francês, que neutralizou combatentes terroristas", diz a nota.

O ministério mantém a versão que tem sustentado e "reafirma com veemência" que "no dia 3 de janeiro, as Forças Armadas francesas realizaram um ataque aéreo contra um grupo terrorista armado identificado como tal", perto de Bounti (centro). Para Paris, "não é possível considerar que este relatório forneça qualquer evidência que contradiga os fatos descritos pelas Forças Armadas francesas".

(Com informações da AFP)

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