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Após forte repressão, mulheres passam a ter carteira de motorista na Arábia Saudita

A Arábia Saudita começou nesta segunda-feira (4) a fornecer a carteira de motorista às mulheres do país, três semanas antes da entrada em vigor do decreto real que as autoriza a dirigir. O país muçulmano, extremamente conservador, é o único no mundo que mantém essa proibição.

Teste de condução com um simulador na Arábia Saudita em 2018
Teste de condução com um simulador na Arábia Saudita em 2018 REUTERS/Faisal Al Nasser
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A proibição era vista como um símbolo da repressão vigente no país, onde as sauditas ainda dependem da tutela de um homem da família para estudar ou viajar. Há anos movimentos de resistência tentavam, sem sucesso, driblar essa regra.

Em setembro de 2017, o rei Salmane anunciou que a proibição seria anulada em junho deste ano, dentro do programa de reformas impulsionadas por seu filho, o príncipe e herdeiro do trono Mohammed ben Salmane.

A decisão, entretanto, foi tomada levando em conta os interesses do governo saudita, que lançou um grande plano de reformas sociais e econômicas, apesar da oposição de setores ultraconservadores. Isso porque, com a queda do preço do petróleo, e a diminuição dos recursos, a inserção das mulheres no mercado profissional tornou-se uma prioridade, mas era dificultada pela proibição de dirigir.

Príncipe reformista não é capaz de conter a repressão no país

O fim da proibição foi levantada em 2016 pelo príncipe saudita Al-Walid ben Talal, que lançou um apelo para que as mulheres obtivessem esse direito. Na época, ele se justificou destacando o custo econômico dessa proibição.

Em média, cada família saudita gasta € 950 em táxis ou na contratação de motoristas particulares para suas mulheres. Nesse contexto, a autorização, disse, “era uma demanda social urgente que a conjuntura econômica justificava”.

As reformas do príncipe Mohammed ben Salmane, que permitiram a abertura de salas de cinema e a organização de shows, foram acompanhadas de uma onda de prisões no mês passado, sobretudo de mulheres que militavam pelo direito de dirigir e pelo fim do sistema de tutela masculina.

No total, 17 pessoas foram detidas por “representar um risco” à segurança do reino. As organizações de direitos humanos denunciaram o abuso de poder. “O príncipe é apresentado como um revolucionário, mas a repressão contra a oposição em seu país não para de aumentar”, declarou Samah Hadid, diretora de campanhas da Anistia Internacional no Oriente Médio. 

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