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Mais de 70 mil protestam em Paris contra a reprodução assistida a todas as mulheres

Milhares de pessoas participaram neste domingo (6) de um protesto em Paris contra a extensão do direito da reprodução medicamente assistida a todas as mulheres. A Assembleia Nacional francesa debate atualmente um projeto de lei de bioética, que poderá permitir que casais de lésbicas e mulheres solteiras recorram a esse tipo de tratamento para terem filhos.

Manifestante exibe cartaz com a mensagem: "Quem é o meu pai?", durante protesto neste domingo (6), em Paris, contra a extensão da reprodução medicamente assistida a casais de lésbicas e mulheres solteiras.
Manifestante exibe cartaz com a mensagem: "Quem é o meu pai?", durante protesto neste domingo (6), em Paris, contra a extensão da reprodução medicamente assistida a casais de lésbicas e mulheres solteiras. REUTERS/Christian Hartmann
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Sete anos depois das grandes manifestações contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, quase 75 mil pessoas se reuniram para protestar contra a possibilidade de que mulheres possam fundar famílias "sem pais". A mobilização foi convocada por 21 associações conservadoras e católicas, que reivindicam a participação de cerca de 600 mil pessoas na manifestação.

Militantes exibiram cartazes com mensagens como "Não à reprodução medicamente assistida sem pai", "Respeitemos a biologia" ou "Liberdade, Igualdade, Paternidade", fazendo referência ao célebre lema da pátria francesa. Famílias vieram de diversas regiões do país participar do protesto no Jardim de Luxemburgo, no centro de Paris.

Entre os participantes, o sentimento unânime de que não são ouvidos pelo governo. Outros consideram que sobre questões tão importantes como essas, um referendo deveria ser organizado. O discurso geral, no entanto, é baseado na importância da família heteronormativa.

"Uma criança precisa de uma mãe e de um pai. Um pai não pode ser reduzido a espermatozóides. Não podemos tirar os homens das famílias sem pensar no risco disso para os filhos", afirmou uma manifestante à RFI.

Vários estudos mostram que crianças nascidas através deste método e criadas por famílias homoparentais crescem em boas condições. Mas conservadores se recusam a aceitar a ideia.

"Acho que é importante para as crianças terem um pai. A lei não deve permitir o nascimento de órfãos", afirma Véronique, de 25 anos, que participou da manifestação com o marido e o filho.

Promessa de campanha

A extensão da reprodução medicamente assistida a todas as mulheres era uma promessa de campanha do presidente francês, Emmanuel Macron. O projeto de lei será votado pela Assembleia Nacional da França no próximo 15 de outubro. A previsão é de que o Senado examine o texto a partir de janeiro de 2020.

Segundo uma pesquisa recente do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop), 68% da população apoia a extensão da reprodução medicamente assistida a mulheres solteiras e 65% é a favor que o método possa ser empregado por casais de lésbicas. Esse consenso nunca foi tão alto na França.

Já as associações LGBT+ temem que a mobilização conservadora resulte no aumento de atos homofóbicos na França, como ocorreu durante o debate para a legalização do casamento entre casais do mesmo sexo, em 2013.

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