Acessar o conteúdo principal
França/ Política

Carta de Le Pen à filha expõe “racha” em partido de extrema-direita

Nesta sexta-feira (13), Jean-Marie Le Pen, fundador e presidente de honra do partido Frente Nacional, publicou em seu novo site uma carta aberta que enviou à “presidente do FN”, sua filha Marine Le Pen. Na carta, ele pede que seu blog volte a ser hospedado pelo site do partido, do qual foi retirado após declarações polêmicas do fundador da legenda. Le Pen lembrou que, como ele, a filha também já foi acusada de antissemitismo.

A presidente da Frente Nacional, Marine Le Pen, abraça o pai, Jean-Marie Le Pen, durante a campanha para as eleições europeias, em maio.
A presidente da Frente Nacional, Marine Le Pen, abraça o pai, Jean-Marie Le Pen, durante a campanha para as eleições europeias, em maio. REUTERS/Jean-Paul Pelissier
Publicidade

Com a colaboração de Henrique Valadares

No texto, Jean-Marie Le Pen se refere a dois momentos nos quais a filha fora acusada de pertencer à ala mais radical da extrema-direita. “Você mesma não foi criticada pela sua declaração sobre as 'ocupações' de ruas por fiéis muçulmanos ou ainda pela sua presença em Viena, em um baile considerado ‘nazista’ por nossos inimigos?”, escreve Jean-Marie Le Pen. Em 2010, Marine Le Pen, havia denunciado as “orações muçulmanas na rua”, dizendo que eram uma forma de “ocupação” do país pelos fiéis ao islã. E em 2012, ela participou de um baile de jovens da extrema-direita na capital da Áustria.

A carta é publicada após um grande deslize de Jean-Marie Le Pen no domingo (8), em um vídeo no qual faz um comentário antissemita sobre Patrick Bruel, cantor judeu que teria se recusado a se apresentar nas cidades governadas pela Frente Nacional. O vídeo, publicado em seu blog Diário de Bordo, e o próprio blog foram então retirados do site do partido, que os hospedava. O político, que não foi consultado sobre a mudança, criou um novo site: jeanmarielepen.com, no qual colocou imediatamente o vídeo polêmico.

“Apelando à sua autoridade, eu só peço justiça, uma simples reparação de um dano injustificado. A partir de agora, considero, pelo bem de todos, que o incidente acabou”, anuncia Le Pen, na carta à filha. Ele afirma que “após ter me acusado (...) de ter cometido um ‘erro político’, você mandou tirar do site da Frente Nacional, sem me avisar, o ‘Diário de Bordo’, onde publico há 366 semanas sem um único acidente importante”.

Le Pen ainda ataca o vice-presidente do FN e companheiro de sua filha, Louis Alliot, e o deputado do FN Gilbert Collard. Louis Alliot havia declarado que o vídeo de Jean-Marie Le Pen era “estúpido politicamente e constrangedor”. Já o advogado Gilbert Collard havia aconselhado o presidente de honra do partido a se aposentar, considerando as declarações inaceitáveis e intoleráveis.

Escorregada em momento inoportuno

O fundador do partido e deputado europeu há 30 anos publicou seu vídeo poucas semanas após a vitória do partido nas eleições européias. No dia 25 de maio, o FN ficou à frente de todos os partidos franceses, com 25,41% dos votos. Essa vitória acontece depois de anos de tentativas de Merine Le Pen de dissociar a imagem do partido ao antissemitismo.

Jean-Marie Le Pen, de 85 anos, parece tentar lembrar de onde realmente vem o partido. O suposto antissemitismo da Frente Nacional chegou até a impedir uma aliança com outros partidos eurocéticos. O UKIP (Partido pela Independência do Reino Unido), de Nigel Farage, obteve um grande sucesso nas eleições europeias e se recusou a se unir ao FN, por causa de sua posição antissemita. As alianças permitiriam ao FN ganhar uma maior subvenção do parlamento europeu, aumentando também o poder dos partidos contrários à União Europeia.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.