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“Brasil está fora do foco das políticas de Trump”, diz analista Robert Wood

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Apesar dos esforços do Brasil em melhorar as condições de acesso ao mercado americano, a chegada de Donald Trump à Casa Branca não cria muitas expectativas de ampliação do comércio bilateral, de acordo com o analista-chefe para a América Latina da Economist Intelligence Unit (EIU), baseado em Nova York, Robert Wood.

Robert Wood, analista-chefe para a América Latina da Economist Intelligence Unit.
Robert Wood, analista-chefe para a América Latina da Economist Intelligence Unit. Foto: Divulgação
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“O Brasil não estará no foco das políticas econômicas e comercias da administração Trump”, afirma em entrevista à RFI Brasil. “Os Estados Unidos estarão focados nas relações com o México, o parceiro no âmbito de um tratado de livre comércio da América do Norte, e talvez com a China. Se olharmos durante a administração de Obama, o Brasil também não esteve no centro das políticas externas do governo americano. Não vai haver mudanças”, sentencia.

Por outro lado, ao analisar os discursos do presidente eleito republicano, Robert Wood estima que nem o Brasil nem as empresas brasileiras seriam muito afetados por algumas iniciativas de Trump, como a maior taxação de produtos de empresas americanas que se instalaram em outros países e exportam para o mercado americano.

“São poucas as empresas americanas com parceiros brasileiros que seriam afetadas. O risco seria para a indústria aeronáutica, como a Embraer, mas não sabemos ainda”, diz, prudente. Segundo ele, a empresa brasileira produz em vários países, incluindo nos Estados Unidos, onde importa alguns componentes para vender no mercado local.

Fora do radar

Para Wood, não se pode esperar a criação de novos espaços para ampliar o comércio, como o Brasil vinha fazendo nos últimos anos com resultados positivos, como no caso da carne. Para Wood, a ofensiva brasileira de melhorar as condições de acesso ao mercado americano deverá esbarrar em outras prioridades do futuro governo. “Como o enfoque de Trump será a renegociação do acordo com o México e a China, não haverá tempo para agilizar o comércio com o Brasil”, prevê.

Apesar das poucas oportunidades de melhorar as relações comerciais, pelo menos no início da era Trump, Robert Wood destaca que o déficit comercial com os Estados Unidos não coloca o Brasil em uma rota de colisão com a nova administração americana. “Como os Estados Unidos mais exportam do que importam para o Brasil, pode significar que para a equipe de Trump o Brasil não seja visto como adversário no âmbito do comércio, o que pode dar certa tranquilidade ao país”, avalia.

No entanto, o futuro das relações vai depender das nomeações de Trump para postos importantes do governo, como o chefe para os assuntos relacionados com as Américas. Caso seja confirmada a permanência de Thomas Shannon na Secretaria de Estado, isso pode representar uma tranquilidade na continuidade das políticas para a região latino-americana, mas sem mudanças importantes de rumo. “A América do Sul não vai estar no radar do Trump”, insiste.

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