Acessar o conteúdo principal
Saúde em dia

Como as IAs poderão revolucionar a vida dos idosos do futuro?

Publicado em:

As ferramentas preditivas de Inteligência Artificial poderão antecipar o desenvolvimento de uma doença, o aparecimento de uma epidemia ou ajudar os médicos a optar por um tratamento. Mas não só: a expansão do mercado vai mudar a maneira como envelhecemos, diz o engenheiro francês Alain Monteux, especialista do setor de saúde conectada e assistência a domicílio.

O desenvolvimento de novas ferramentas de Inteligência Artificial permitirá manter os idosos em casa, sem hospitalização, por mais tempo.
O desenvolvimento de novas ferramentas de Inteligência Artificial permitirá manter os idosos em casa, sem hospitalização, por mais tempo. Maziani Sabudin / Flickr / Creative Commons
Publicidade

Taíssa Stivanin, da RFI

O conceito básico de Inteligência Artificial consiste no uso de máquinas para ajudar os seres humanos a executar determinadas tarefas, das menos às mais sofisticadas. O programa ChatGPT fomentou a discussão em torno do tema, mas ele não é novo.

Robôs que ajudam em cirurgias, por exemplo, já fazem parte do cotidiano de muitos hospitais. Mas, no futuro, eles poderão também atuar como assistentes de enfermagem e ajudar os idosos em casa, por exemplo.

O engenheiro Alain Monteux dirige a empresa Tunstall Vitaris, pioneira no atendimento de saúde à distância. Ele também integra a comissão de Saúde da ACSEL (Associação da Economia Digital), organismo francês que visa acompanhar e acelerar as transformações no setor.

Segundo ele, é impossível prever a evolução no setor da saúde conectada, que vem se aprimorando rapidamente. “A Inteligência Artificial, o digital, e as ferramentas associadas avançam muito rápido. É difícil antecipar o futuro. Por isso hoje devemos investir em como melhorar os serviços.”

A ideia é utilizar os algoritmos preditivos para passar da reação à prevenção. Em vez de socorrer uma pessoa idosa que caiu em casa, por exemplo, no futuro será possível saber qual o risco que ela tem de sofrer um acidente – antes mesmo que ele aconteça.

“Assim poderemos intervir e colocar ações em prática para evitar algo grave. Apostamos na transição de um mundo reativo para uma lógica preventiva”, reitera.

Gestão e triagem de dados: novo desafio para o setor

A gestão dos dados será um dos grandes desafios do setor daqui para a frente. Segundo o especialista francês, a empresa de saúde conectada que ele dirige, por exemplo, recebe cerca de três milhões de telefonemas por ano. Saber analisar e selecionar as informações geradas pelas chamadas será essencial para definir as necessidades dos usuários.

“Para manter pessoas de mais de 80 anos em casa, é preciso integrar todos os aspectos que envolvem sua saúde. A maioria tem mais de uma doença crônica. O acompanhamento dessas doenças permitirá que elas continuem morando em suas casas. Integrar dados sobre essas patologias fará com que os serviços de assistência sejam mais pertinentes”, conclui.

Hoje, explica Alain Monteux, a teleassistência conecta o paciente a uma central telefônica 24 horas, que pode ser acionada apertando em um simples botão. Nos próximos anos, o objetivo é que essa conexão à central seja feita através de sensores instalados nos cômodos das casas.

Os aparelhos poderão medir o gasto com água, eletricidade ou contabilizar, por exemplo, quantas vezes a pessoa abre a geladeira. Relógios inteligentes e outros objetos conectados também poderão ser utilizados na gestão do bem-estar no futuro.

Todas essas ferramentas permitirão o contato direto com o centro de assistência, mas também vão concentrar informações como o número de passos, a pressão arterial, a velocidade dos movimentos ou a frequência cardíaca.

O objetivo é que a necessidade de um atendimento de emergência seja detectada automaticamente, ou até mesmo antecipada. “A ideia é poder medir parâmetros importantes de maneira não-invasiva, integrando a coleta nos objetos do cotidiano. Citei um relógio, mas pode ser uma balança, por exemplo. O peso é um parâmetro muito importante. ”

Alain Monteux frisa que o ideal é utilizar o mínimo de dados possível e respeitar a privacidade dos usuários que questionam e estão conscientes dos riscos ligados à estocagem das informações.

Ela também lembra que as IAs também poderão ser usadas para auxiliar a teleassistência na análise de aspectos muitas vezes indetectáveis para os humanos. Um exemplo é uma modificação discreta no tom da voz, que pode indicar um início de desmaio ou até um AVC.

 

A Inteligência Artificial na prática: no instituto Roussy,  em Paris, robôs cirurgiões auxiliam os médicos na retirada de pólipos ou tumores
A Inteligência Artificial na prática: no instituto Roussy, em Paris, robôs cirurgiões auxiliam os médicos na retirada de pólipos ou tumores © Taíssa Stivanin/RFI

 

Alfabetizados digitais

A geração de idosos do futuro estará bem mais habituada às ferramentas digitais.  Hoje, elas não fazem parte da realidade de pelo menos metade dos idosos a partir dos 85 anos, que não sabem usar um smartphone ou navegar na internet. 

“Este não será mais o caso daqui para frente e poderemos implantar mais soluções digitais. Como prever essa evolução? Monitorando as ferramentas e o que está sendo proposto. Na França temos muitas startups com muitas ideias”. Essas parcerias serão fundamentais no desenvolvimento da saúde conectada nos próximos anos, conclui o engenheiro francês.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.