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Saúde em dia

Como diferenciar os problemas de memória e de atenção no cotidiano?

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Quem nunca esqueceu a chave de casa, o celular no trabalho ou uma palavra que estava na ponta da língua? Esses esquecimentos fazem parte do cotidiano, mas em alguns casos eles podem ser o sintoma de patologias cerebrais, que resultam na degeneração ou morte dos neurônios.

Esquecimentos são comuns e não estão necessariamente associados a problemas de memória
Esquecimentos são comuns e não estão necessariamente associados a problemas de memória © Shutterstock - Burdun Iliya
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Como diferenciar um simples esquecimento de uma patologia, como o Mal de Alzheimer? Segundo o neurologista Julien Lagarde, que atua no setor de Neurologia da Memória e da Linguagem do Hospital Sainte Anne, em Paris, é necessário distinguir dificuldades de memória e de atenção, que podem gerar "panes" cognitivas similares no dia a dia.

“Há fatores que observamos no cotidiano de nossos pacientes e que devem ser levados em conta: a idade, claro, e o contexto psicológico, como a qualidade do sono, que devem ser investigados”, declarou o especialista em entrevista ao programa Priorité Santé, da RFI. O sono de má qualidade e o uso de soníferos também podem alterar as funções cognitivas, ressalta.

O neurologista explica que a anamnese —  a conversa do paciente com o especialista durante a consulta —, é um elemento precioso para compreender a frequência e natureza desses esquecimentos. Entrar em um outro cômodo da casa e não se lembrar mais o porquê de estar ali, ou se esquecer do nome de alguém, por exemplo, são reclamações comuns e recorrentes. Ambas as situações, diz o neurologista, estão mais relacionadas à atenção do que à memória ou doenças degenerativas.

Por que então algumas pessoas vivem perdendo tudo e se esquecendo de tudo, o tempo todo? “Não funcionamos todos da mesma maneira em termos cognitivos e isso inclui a memória”, frisa o neurologista. Há diferentes personalidades e múltiplas variações, inclusive cerebrais, que estão dentro da normalidade.  

“Alguns modos de funcionamento são mais propícios a reter informações e a esquecer menos”, explica o especialista francês. Outras pessoas, por razões individuais e não necessariamente patológicas, terão mais dificuldades de focalizar a atenção. De um modo geral, esquecer, aliás, é uma necessidade, para que o cérebro não fique saturado.

As redes neuronais que são inicialmente ativadas na formação das lembranças estão situadas na região do hipocampo, nos lobos temporais.

“A informação vai ser tratada e internalizada e os neurônios no hipocampo atuam nesse momento. Em seguida a recordação será tratada, internalizada e consolidada. Outras regiões cerebrais são então ativadas, de acordo com o tipo de estimulação, informação ou modalidade sensorial. É uma espécie de rede que integra as regiões corticais”, explica Julien Lagarde,

Essa região, em conjunto com a parte frontal do cérebro, também atuará para que o indivíduo possa se lembrar da informação e utilizá-la no momento oportuno.

Memória, linguagem, movimentos, percepção visual e auditiva , fazem parte da capacidade cognitiva.
Memória, linguagem, movimentos, percepção visual e auditiva , fazem parte da capacidade cognitiva. DR

Múltiplos fatores

Infecções, sobrecarga mental, sono, mas também lesões microvasculares, por exemplo, podem afetar a memória e só um especialista será capaz de identificar a causa do problema. As lesões vasculares, por exemplo, podem ser assintomáticas e visíveis apenas em exames, como a ressonância magnética, que permite observar em detalhes a irrigação cerebral.

Há também os bons hábitos que podem ser adotados no cotidiano. Além de serem úteis na prevenção de diversas doenças, eles ajudam a preservar a memória.

“É preciso manter uma higiene de vida satisfatória, com uma alimentação equilibrada e atividade física regular, como sabemos. Manter seus hobbies e evitar o isolamento”, ressalta o especialista francês. “Para mim a regra continua sendo a mesma: ter atividades suficientemente diversificadas. Isso é que vai ajudar a memória”, conclui.

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