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Em Paris, ativista Watatakalu busca ampliar luta de Raoni pelos povos indígenas

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A cacique Watatakalu Yawalapiti, de 42 anos, está em Paris para encontros promovidos pela Associação Forêt Vierge (Floresta Virgem, em português). Ela compõe a nova geração de indígenas que se junta ao líder Raoni Metuktire, conhecido internacionalmente desde a década de 1980 por difundir pelo mundo a mensagem de luta pelos direitos dos indígenas e de preservação da Amazônia. 

Watatakalu Yawalapiti compõe a nova geração de indígenas. Ela se junta ao líder Raoni em Paris para encontros promovidos pela Associação Floresta Virgem.
Watatakalu Yawalapiti compõe a nova geração de indígenas. Ela se junta ao líder Raoni em Paris para encontros promovidos pela Associação Floresta Virgem. © Luiza Ramos\RFI
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Por Luiza Ramos, da RFI

Watatakalu coordena a Associação Terra Indígena do Xingu Mulher (ATIX Mulher) e o Movimento das Mulheres do Território do Xingu (MMX). A ambientalista é considerada uma pioneira na emancipação dos direitos das mulheres na sua comunidade

A cacique falou à RFI sobre o senso de responsabilidade que desenvolveu desde cedo. "Eu senti que quando eu era jovem, muito jovem, eu tinha esse lugar por ser filha de lideranças do meu povo do alto Xingu e eu me vi numa situação em que eu precisava fazer alguma coisa pelas outras mulheres", explica.

"O meu trabalho é garantir que as representações das etnias do TIX estejam nos espaços de decisão, então a gente busca a capacitação das nossas jovens (...) Por muito tempo foi falado que nós não contribuíamos economicamente para o desenvolvimento do país. Nós sabemos desenvolver coisas da cultura não indígena, mas com a floresta em pé e as mulheres fazem isso muito bem", defende Watatakalu.

Ela é a líder dos Yawalapiti, uma das 16 tribos do povo Xingu, que vive no nordeste do estado do Mato Grosso, no sul da Amazônia

Agregar mulheres pela Amazônia

Na sua segunda vez em Paris, Watatakalu aponta a necessidade de trazer a voz das mulheres indígenas para o mundo. Para ela, a mulher indígena traz uma visão importante e única sobre as necessidades e o que precisa ser feito no que tange à preservação da Amazônia e à cultura dos povos originários.

Nesta quarta-feira (13), haverá um jantar intitulado Mulheres Pela Amazônia, realizado pela Associação Forêt Vierge, no qual a ambientalista deseja "trazer mais mulheres" e "não só brasileiras, não só indígenas, mas também do mundo todo" para serem aliadas na defesa da floresta.

Ela adicionou que os assuntos abordados no jantar serão os problemas enfrentados pelos povos do Xingu e quais são os trabalhos realizados nas comunidades e os planos para o futuro.

Na terça-feira (12), a cacique teria um encontro marcado com o presidente francês Emmanuel Macron, mas o Palácio do Eliseu não divulgou fotos da reunião e nem os temas abordados.

Empoderar mulheres indígenas 

A cacique explica que o papel dela no Xingu é fazer com que as mulheres das 16 tribos se sintam seguras de poder estar nos lugares de decisão regionais e reitera a importância da luta em parceria com os líderes indígenas homens, que por muito tempo não permitiam o acesso da ala feminina nas políticas locais.

"Por muito tempo nós fomos vistas como alguém que vai tomar o lugar deles. Mas estamos aqui para somar à luta pelos nossos direitos, pela garantia dos nossos territórios, para que a gente possa assegurar o futuro dos nossos filhos, mas estando junto com os homens", confirma a indígena.

Herdeira da luta de Raoni

Estima-se que ela assuma o lugar do líder indígena cacique Raoni Metuktire, hoje com 91 anos, e há mais de quatro décadas atuante na representação dos povos indígenas da Amazônia no cenário internacional. Watatakalu, entretanto, reluta em ser chamada de "sucessora".

"Isso é meio pesado, porque ele é um ser que não vai ter sucessor para ele. O que eu posso dizer é que eu sou uma das pessoas para continuar a luta que ele sempre fez".

"Ele é de uma geração que veio garantir a demarcação dos nossos territórios, de manter a nossa cultura naquela época. E eu sou de uma geração que já vem ampliar essa luta de uma forma diferente. Então, sou eu e mais pessoas, a luta não se faz sozinho e sim com uma rede de lideranças do Brasil inteiro", conclui a ativista.

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