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Rapper carioca BK' realiza turnê pela Europa com álbum "Icarus" e se apresenta em Paris

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Grande nome do rap brasileiro, o carioca BK' tem sete datas na Europa a partir desta quinta-feira (31), passando por Paris em 7 de setembro, na sala de espetáculos New Morning. Preparando-se para a turnê, o músico conversou com a RFI sobre a nova empreitada que realiza desde o lançamento de seu quarto álbum "Icarus", apontado como uma das maiores produções artísticas do país em 2022.

O rapper carioca BK' lançou seu quarto álbum, "Icarus", em 2022.
O rapper carioca BK' lançou seu quarto álbum, "Icarus", em 2022. © Bruna Sussekind/Divulgação
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Daniella Franco, da RFI

"Nem voar tanto a ponto de se iludir com o brilho e nem voar baixo demais a ponto de se afogar. É o equilíbrio", diz BK' sobre o novo trabalho. 

O artista fala com conhecimento de causa. Originário da cena underground do rap brasileiro, Abebe Bikila Costa Santos vêm alçando altos voos e despontando como um dos principais representantes da cena hip-hop do Brasil. Sucessos como "Planos", do disco "Gigantes", de 2018, contabilizam mais de 65 milhões de acessos nas plataformas musicais. 

"Icarus", pelo selo Gigantes, segue o mesmo ritmo: aclamadíssimo pela crítica, o projeto transcende à música. O trabalho foi inicialmente lançado por meio de uma exposição do artista plástico Nikolas Demurtas no Museu de Arte do Rio de Janeiro, reinterpretando a tela "O Voo de Ícaro", do pintor holandês Jacob Peter Gowy (1636 - 1638). Recentemente, o disco conquistou um leão de bronze na 70ª edição do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, o maior evento do mundo da indústria criativa de mídia, realizado anualmente na França. 

Nos palcos, o sucesso de BK' é traduzido pelos ingressos esgotados, a exemplo das apresentações no Circo Voador, no Rio, no último mês de julho. Mas o artista prefere manter cautela em relação à fama, e a analogia com o personagem da mitologia grega não é à toa. Ícaro tinha uma chance de sair do labirinto onde estava confinado, mas voou acima do que deveria e suas asas derreteram ao se aproximar do sol. BK' toma a história como exemplo para não cometer a mesma falha. 

Abebe Bikila explica à RFI que o labirinto são suas experiências de "um homem preto, morando no Rio de Janeiro, que veio de um determinado lugar" e que hoje "acessa outros lugares". A questão é abordada na faixa "Luto e Lucro", em que BK' canta: “Eu prometi pro antigo eu não me contentar com pouco, você merece mais”.

Mas para transitar nesses universos de sucesso, fama e ambição, muito autocontrole é necessário. Segundo o artista, é necessário "não deixar o sol te encantar demais e, ao mesmo tempo, não se deixar oprimir, voar baixo demais". 

Turnê pela Europa: o rap brasileiro pelo mundo 

BK' não é um novato dos palcos europeus. Em 2019, o rapper fez uma turnê em Portugal, mas agora, com "Icarus", ele se apresentará em diversas cidades. No total, serão sete shows: Lisboa (31/08), Coimbra (01/09), Porto (02/09), Madri (06/09), Paris (07/09), Dublin (09/09) e Londres (10/09). 

"Fico muito feliz de estar, mais uma vez, podendo levar esse trabalho para outros lugares, outros países. A gente que vem desse rap totalmente underground, independente, vai crescendo, vai vendo as coisas acontecerem", diz. "A expectativa é sempre a melhor possível: poder fazer um bom show, entregar um espetáculo legal, levar e receber energia das pessoas", reitera. 

Segundo o artista, apresentar seu novo trabalho na Europa é coerente com o desejo de expandir os horizontes. "A gente vê a música urbana brasileira crescendo muito fora do país, então por que não participarmos desse momento? É a vontade de explorar o mundo pela música, de conhecer os lugares e viver o mundo através da música", diz. 

No que diz respeito ao rap, a tendência é crescer cada vez mais. Alicerce do movimento hip-hop, que completou 50 anos em 2023, esse é o estilo musical mais ouvido no mundo. O Brasil é o terceiro maior consumidor deste gênero, ficando atrás apenas somente dos Estados Unidos e México. 

"O rap cresceu de uma forma que a gente nunca imaginou", avalia BK'. O músico carioca lembra que, quando começou a produzir música, em 2012, esse estilo ainda era limitado a um certo grupo. Segundo ele, com a democratização da internet, o gênero deixou de "ser refém de gravadoras ou emissoras de TVs", permitindo que "quem tivesse interesse pudesse pesquisar e encontrar [artistas, grupos], o que ajudou muito a espalhar o rap no Brasil". 

BK' comemora essa expansão, mas acredita que o gênero precisa ser protegido "para não perder sua essência". "Esse crescimento tem que ter sempre um cuidado, uma manutenção", preconiza. "É bom a gente ter essa consciência, renovando o estilo através de trabalhos interessantes e que instiguem quem está ouvindo", conclui. 

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