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"Material humano a gente tem, mas precisa estrutura para o ciclismo", diz brasileiro que corre prova amadora do Tour de France

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Você já pensou em participar da maior prova de ciclismo de rua do mundo? O Tour de France 2023 saiu de Bilbao, na Espanha, no sábado (1º). Quase 200 ciclistas participam de um percurso de 3.405,6 km até a chegada, prevista para 23 de julho, na famosa avenida Champs-Élysées, em Paris. Desde 1993, acontece paralelamente ao evento uma etapa para corredores amadores, que poderão sentir a emoção de pedalar no circuito oficial. A RFI Brasil conversou com o paulista Raphael Serpa, que vai estrear nas rodovias dos Alpes, neste domingo (9).

O ciclista Raphael Serpa vai participar da L'Étape do Tour de France.
O ciclista Raphael Serpa vai participar da L'Étape do Tour de France. © arquivo pessoal
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Em 30 edições, um total de 16.000 ciclistas amadores puderam experimentar a sensação de participar de uma etapa do Tour de France, nas mesmas condições de pista e segurança dos profissionais. Entre eles estará, em 2023 e 2024, o paulista Raphael Serpa, ganhador da L’Étape Rio by Tour de France, que reuniu 1,8 mil ciclistas de diversos estados e de outros países no dia 25 de junho, na Cidade Maravilhosa. Em uma entrevista por telefone, ele falou sobre a satisfação de ter sido classificado para a L’Étape da França.

“É a principal competição do mundo. Então, aqui no Brasil eu estou fazendo todos as etapas do tour e agora estou classificado para fazer o da França, que é um desafio muito diferente”, afirma o atleta.  

A L'Étape du Tour é, obviamente, um imenso desafio esportivo. Mas é também uma aventura turística que permite aos participantes descobrirem algumas das paisagens mais bonitas da França, nos vales e montanhas do coração dos Alpes, onde ficam os picos mais altos da Europa.

A 31ª edição do L'Étape du Tour de France percorrerá 152 quilômetros entre Annemasse e Morzine, com mais de 4.100 metros de subida.

É uma das etapas dos profissionais”, explica Serpa. “Então, dá aquele frio na barriga. Afinal, os adversários estão acostumados com esse tipo de terreno”, observa.

Raphael conta que o treinamento começou há bastante tempo. “Geralmente começamos a treinar quatro meses antes. É preciso atenção à alimentação, ao descanso, dormir cedo. Acordar cedo. Está chovendo? Vai treinar. Está frio? Vai treinar”, ele conta sobre a rotina de preparação. “Aqui no Brasil, a gente busca as montanhas, aqui em São Paulo, Campos do Jordão, Cunha para poder chegar o mais perto do cenário que vamos  enfrentar na França”, resume.

O atleta destaca que o mais difícil da prova são os aclives. “Em termos de esforço, o pior é a subida, sem dúvida, pois a quilometragem, nós estamos acostumados a fazer provas de 200, 220 quilômetros”, diz.  

Interesse no ciclismo

O ciclista de São Paulo comenta sobre o interesse dos brasileiros pelo Tour de France. “A cada ano vem aumentando. Acho que no mundo inteiro só aumenta, né? Eu comecei a acompanhar em 1999, 2000 e de lá para cá, tanto aqui quanto em São Paulo o número de ciclistas, o número de pessoas que acompanham o Tour de France, sem dúvida, aumenta muito”, avalia. O boom, a transformação foi de uns oito, dez anos para cá. Está se tornando bem popular e com a ajuda de ciclovias mais ainda. Mas se tivesse ajuda do governo ou políticas públicas, aumentaria muito mais ainda”, afirma.

Por que, então, o Brasil não tem atletas de nível profissional disputando o circuito profissional do Tour de France? “Falta investimento no atleta”, explica Serpa. “Material humano a gente tem, mas você precisa de uma estrutura para o ciclismo, precisa pagar bons salários, precisa de bicicleta e equipamento em condições, alem de mais respeito ao ciclista”, destaca. “A Europa e Estados Unidos estão anos na nossa frente”, lamenta.   

Além disso, “é um esporte caro no mundo todo, mas no Brasil se torna ainda mais caro porque os produtos chegam com muito imposto. Se torna um esporte muito seleto para poucas pessoas, de um nível de poder aquisitivo maior”, completa.

Raphael diz torcer para o esloveno Tadej Pogacar, um dos favoritos no circuito profissional. Ele também se diz admirador de Bimian Girmay, da Eritreia. “São ciclistas com características diferentes”, comenta. “O Pogacar pode vencer no geral e o Bimian Girmay é o ciclista que briga por etapas”, diz.

Rapahel Serpa começou a competir como profissional em 2000, tendo corrido no exterior e no Circuito Nacional. Em 2007, ele disputou o Mundial pela Seleção Brasileira em Stuttgart, na Alemanha. Em 2008, correu por uma equipe italiana, na Toscana, até decidir parar e voltar para o Brasil. “Há uns quatro anos eu parei, me formei em Educação Física e há dois anos e meio, quase três anos, eu voltei a pedalar forte”, conta o brasileiro que já subiu ao pódio inúmeras vezes.

Na França, vai ser a primeira vez. E aí, eles são apaixonados pelo ciclismo, assim como na Holanda e na Bélgica, onde o ciclismo é uma paixão comparada ao futebol”, conclui.  

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