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Esporte em foco

Foi dada a largada para o Tour de France 2023; conheça a etapa brasileira da prova de ciclismo

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O Tour de France 2023 saiu de Bilbao, na Espanha, no sábado (1º). A largada teve participação de 176 ciclistas, que vão participar de um percurso de 3.405,6 km até a chegada, prevista para 23 de julho, na famosa avenida Champs-Élysées, em Paris. Neste domingo (2), os ciclistas percorrem um trajeto de 208,9 km entre Vitoria-Gasteiz e Saint-Sébastien, no país Basco, sendo 2.949 metros de subida.

O ciclista francês David Gaudu, um dos favoritos do Tour de France, no trecho da costa de Pike, último grande desafio da 1ª etapa do Tour de France, em 1º de julho de 2023
O ciclista francês David Gaudu, um dos favoritos do Tour de France, no trecho da costa de Pike, último grande desafio da 1ª etapa do Tour de France, em 1º de julho de 2023 © Anne-Christine POUJOULAT / AFP/Archives
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Maria Paula Carvalho, da RFI

A maior prova de ciclismo de rua do mundo é composta de 21 etapas, durante três semanas de competição, com diversos trechos montanhosos. Um dos mais difíceis será entre Saint-Gervais Mont-Blanc e Courchevel, nos Alpes, em 19 de julho, quando os corredores irão pedalar 5.405 metros em subida.

As etapas contam pontos para o ranking mundial e servirão para classificação nos Jogos Olímpicos Paris-2024. Entre os favoritos, estão nomes como o dinamarquês Jonas Vingegaard, o esloveno Tadej Pogacar e o francês David Gaudu. Mas foi o britânico Adam Yates que levou a melhor no sábado, chegando na frente no primeiro dia da competição.

 

 

L’Étape Brasil

Todos os anos, o Tour de France é seguido por fãs do mundo inteiro. O Brasil está longe de ser uma potência no ciclismo, e o único atleta brasileiro a vencer uma etapa da prova até hoje foi o paranaense Mauro Ribeiro, em 14 de julho de 1991.

Isso não significa que o país não tenha uma legião de apaixonados pelo esporte. Desde 2015, o Brasil sedia um dos maiores eventos de ciclismo amador da América Latina, com o objetivo de aproximar os participantes da experiência do Tour de France.

A L'Étape Brasil foi realizada pela primeira vez em Cunha, no interior de São Paulo, e hoje também tem provas no Rio de Janeiro e em Campos de Jordão. “Há muito tempo existe o L’Étape de France, em que cerca de 15 mil atletas têm essa experiência de percorrer uma etapa do Tour de France de forma amadora, e eles expandiram isso para outras localidades do mundo, para que mais atletas tivessem a oportunidade de fazer uma prova com os padrões de qualidade do Tour de France, nos mesmos moldes de distância e quilometragem, explica Fernando Cheles, diretor técnico da prova brasileira, que replica o padrão de qualidade do maior torneio de ciclismo de rua do mundo.

"Para além de expandir a marca, também tem a experiência do atleta com relação a um ciclismo mais competitivo e seguro, porém de forma amadora”, ele completa.

L'Étape Rio de Janeiro - Tour de France
L'Étape Rio de Janeiro - Tour de France © Captura de tela

Em 25 de junho, aconteceu a L’Étape Rio by Tour de France, que reuniu 1,8 mil ciclistas de diversos estados e de outros países, com largada na Marina da Glória, na zona sul da cidade. A etapa carioca da prova foi vencida pelo paulista Raphael Serpa, com tempo de 2h55.

"É uma emoção muito grande. Primeiro, eu fui profissional muito tempo, e de uns quatro anos para cá, comecei a competir nessas provas amadoras e é a principal competição do mundo, né?", observa o atleta em entrevista à RFI Brasil. "Eu estou fazendo todas as L'Étapes do Tour no Brasil e agora estou classificado para fazer a da França, em 2023 e 2024. A etapa que eu vou fazer são 150 km com 4,1 mil de altimetria. E aqui a gente não têm os Alpes, essas montanhas que existem na França e na Europa. Então dá aquele frio na barriga", afirma o ciclista que participará do percurso entre Annemasse e Morzine les Portes du Soleil. 

 

Rapahel Serpa foi o vencedor da L'Étape Rio de Janeiro do Tour de France. Em 25 de junho de 2023.
Rapahel Serpa foi o vencedor da L'Étape Rio de Janeiro do Tour de France. Em 25 de junho de 2023. © arquivo pessoal

No Brasil, o percurso de 110 km passou por cartões postais da Cidade Maravilhosa, como contou à RFI Helena Ribeiro de Lacerda, carioca praticante de triatlon e que aderiu ainda mais ao ciclismo após a pandemia de Covid-19. “A prova é maravilhosa. Para os cariocas que já estão acostumados a pedalar no Rio, [é maravilhoso] encontrar todas as vias fechadas, os buracos consertados. É uma prova muito bem organizada no sentido de segurança, e o percurso é muito bonito. É um grande prazer você pedalar pela orla toda, o Aterro [do Flamengo], Copacabana, Ipanema, Leblon e depois seguir para a montanha, numa área fechada que é o Parque Nacional da Tijuca, preservado. São lugares lindos. A parte da montanha é dura, tem muita inclinação, curvas e descidas, mas é lindíssimo”, descreve a atleta. 

Helena Ribeiro de Lacerda, ciclista
Helena Ribeiro de Lacerda, ciclista © arquivo pessoal

 

A rota é planejada por especialistas do Tour de France. Além do Brasil, outros países como China, Tailândia, México e Austrália organizam competições semelhantes. O objetivo é envolver cada vez mais a população, estimulando a prática do ciclismo e a formação de público.

“Nos últimos anos, acho que por conta da pandemia, o número de ciclistas no Brasil, de maneira geral, em especial no Rio, onde eu moro, cresceu demais”, avalia Helena. “Tem muita gente que é ciclista. Você sai no Rio às 5h ou 6h da manhã, a orla está lotada de ciclistas, também nas montanhas. Então, a gente já conhecia a prova, mas talvez não acompanhasse, e hoje em dia todo mundo acompanha", completa.

Realidade brasileira

De acordo com os organizadores do Tour de France no Brasil, o evento cresce todos os anos, com entre 1 mil e 1,5 mil novos participantes a cada etapa. Porém, apesar do aumento do interesse pelo ciclismo, o país não se destaca na modalidade por diversas razões. “Para um atleta conseguir chegar ao Tour de France aos 20 anos, ele tem de praticar competitivamente e ter estímulos desde os 8, 10 anos. Então, você precisa de quase uma década de uma estrutura esportiva para conseguir um atleta de alto rendimento aos 20 anos”, explica Fernando Cheles.

“Isso faz com que o Brasil não consiga desenvolver atletas para correr essas provas. Isso está mais ligado ao nosso contexto social”, ele observa. “No Brasil, é muito mais difícil você ter equipamentos de alto rendimento, equipes profissionais, é muito mais inseguro em relação ao trânsito”, ele continua. “Não termos ciclistas de alto rendimento é reflexo do nosso contexto social, em que a bicicleta paga altíssimos impostos como cigarro e bebidas”, compara o diretor técnico da prova brasileira

A próxima etapa do Tour de France no Brasil será realizada entre os dias 22 e 24 de setembro em Campos de Jordão, em São Paulo.

Fernando Cheles, diretor técnico da L'Étape Rio de Janeiro do Tour de France.
Fernando Cheles, diretor técnico da L'Étape Rio de Janeiro do Tour de France. © arquivo pessoal

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