Acessar o conteúdo principal
RFI Convida

Vida sentimental de Anita Malfatti é tema de novo romance de Lucia Bettencourt

Publicado em:

A escritora carioca Lucia Bettencourt está em Paris em busca de dados para o seu novo romance sobre a pintora Anita Malfatti. Como vários outros modernistas brasileiros, Malfatti fez uma residência artística na capital francesa nos anos 1920 e Lucia Bettencourt espera encontrar nos arquivos parisienses dados ainda desconhecidos, principalmente sobre a vida sentimental da pintora. “Eu tento entender a solidão de Anita”, diz a escritora.

O próximo romance da escritora carioca Lucia Bettencourt será sobre a pintora Anita Malfatti, que viveu em Paris nos anos 1920.
O próximo romance da escritora carioca Lucia Bettencourt será sobre a pintora Anita Malfatti, que viveu em Paris nos anos 1920. © RFI/Adriana Brandão
Publicidade

Lucia Bettencourt é formada em Letras e autora de ensaios, romances, contos e histórias infanto-juvenis. Seu primeiro livro, “A secretária de Borges”, publicado em 2005 pela Record, venceu o prêmio Sesc de Literatura. No último romance, “O regresso, a última viagem de Rimbaud” (Rocco), de 2015, ela também visita Paris. Alguns de seus contos já foram traduzidos em diversas línguas. Em francês, “Sonhos de Carnaval” e “Bibliofilia” foram publicados na coletânea “Je suis Rio” (Eu sou Rio), de 2016, pela Editora Anacaona.

O novo romance da escritora, que teve sua pesquisa e escrita atrasadas pela pandemia, também será ambientado, em parte, na capital francesa. Anita Malfatti (1889-1964), que nasceu em uma família modesta de imigrantes em São Paulo, é uma das pioneiras do movimento modernista brasileiro. Ela aperfeiçoou sua arte em Berlim e Nova York, nos anos 1910, e chocou a sociedade paulistana conservadora da época com seus quadros ao voltar para o Brasil.

Malfatti, participou da Semana de Arte Moderna de São Paulo e logo depois integrou o famoso grupo dos cinco, ao lado da também pintora Tarsila do Amaral, e dos escritores Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade. “Foi ela (Anita) quem convidou a Tarsila para o grupo dos 5. A Tarsila só vai conhecer a Arte Moderna através de Anita Malfatti”, lembra Lucia Bettancourt. E, no entanto, “ela ficou meio que eclipsada pelo brilho, a beleza e a riqueza de Tarsila do Amaral”, diz a escritora. 

Anos parisienses

Anita Malfatti veio a Paris, em 1923, aos 33 anos, para um pensionato artístico que durou cinco anos. Na capital francesa, encontra Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, que já haviam se instalado na cidade, e outros modernistas como Di Cavalcanti e Victor Brecheret.

A passagem por Paris foi fundamental para a vida e obra da pintora, mas ao voltar ao Brasil, ela foi “muito mal compreendida”, acredita a autora. “Ela se juntou a um grupo diferente do grupo mais extremista, que eram os cubistas e surrealistas. Ela foi por esse caminho da École de Paris, que estava seguindo a arte decorativa”, detalha Bettencourt. Essa escolha mostra que a pintora “foi capaz de sempre trazer o diferente. Isso é um mérito dela”, afirma.

Anita Malfatti, que tinha uma atrofia no braço direito, nunca se casou e morreu sozinha em 1964, quase aos 75 anos. Sua vida e obra artísticas são bem conhecidas e existem várias biografias sobre ela. O mesmo não acontece com a sua história sentimental, cuja documentação é esparsa. Mas segundo a escritora, sobram indícios de que a pioneira do modernismo brasileiro renunciou a muitas coisas devido a suas condições físicas e sociais.

Depois da morte do pai, quando ela tinha 13 anos, a mãe teve de voltar com os filhos para a casa dos pais e a família passou a ter uma vida bastante difícil.  “Trabalhar naquela época era dando aula. A única habilidade dela seria a pintura até mais do que vender quadros. Ela vendia alguns quadros, mas ela se sustentou dando aulas”, informa.

"Entender a solidão de Anita"

O novo livro da escritora carioca ainda não tem data de lançamento, mas já tem nome, “Conversas com Anita”, e será uma ficção baseada em fatos. Lucia Bettencourt espera encontrar nos arquivos parisienses dados novos sobre a pintora. “Eu procuro entender essa solidão de Anita”.

Para preencher as lacunas dessa história, Lucia Bettencourt se baseia nos quadros da pintora “que nos contam histórias com a sua ousadia, com os seus recursos, com a sua preferência por temas, com a sua sensualidade também, e isso eu acho que a gente pode explorar bastante para fazer uma narrativa”, garante.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.