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Conferência em Paris aborda influência da Semana da Arte Moderna de 1922 na música brasileira

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“A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Modernismo na Música Brasileira” é tema de uma conferência, nesta terça-feira (6), na Maison du Portugal André de Gouveia, em Paris. O evento contará com a participação da pesquisadora musical Heloísa Feichas e da pianista Clélia Iruzun.

A percussionista, etnomusicóloga e pesquisadora Emilia Chamone.
A percussionista, etnomusicóloga e pesquisadora Emilia Chamone. © Daniella Franco/RFI
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A conferência é organizada pela associação Avante!, dirigida pela percussionista, etnomusicóloga e pesquisadora Emília Chamone. Segundo ela, o objetivo da conferência é tratar da dimensão cultural do Modernismo musical no Brasil através da Semana de Arte Moderna de 1922.

“Quando a gente fala de Modernismo na música brasileira, a gente pensa muito na Semana de 22 em dois aspectos: essa ideia de atualização, para integrar essas novas linguagens e vanguardas, que estão acontecendo no século 20. Mas também tem essa vontade de buscar o que for nacional, para se libertar das imposições das estéticas europeias e se inspirar em algo que fosse, digamos, considerado como algo mais específico”, explica.

Emília lembra que, embora alguns intelectuais do Modernismo sejam famosos na Europa – como Mário e Oswald de Andrade, Heitor Villa-Lobos, Tarsila do Amaral –  o movimento é desconhecido por parte do grande público. “Uma das coisas interessantes dessa conferência é chamar a atenção para isso”, principalmente no espectro musical, já que “a música brasileira é um caminho de sociabilidade e convivialidade importante na França”.

A pesquisadora lembra que os franceses ou conhecem repertórios de músicas tradicionais brasileiras ou de músicas de concerto, sem saber que esses dois universos dialogam. “Toda essa música, que é tão conhecida aqui, teve uma busca por sonoridades tradicionais. Enquanto brasileiros, conhecemos as separações dos estilos e dicotomias, mas tudo isso está em constante relação. Então, é interessante perceber como a música de concerto vai influenciar mais tarde a Tropicália, por exemplo, e vai ter outros ecos em práticas artísticas mais próximas da gente hoje, um século depois”, destaca.

Cartaz do evento “A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Modernismo na Música Brasileira”, que será realizado na Maison du Portugal André de Gouveia em Paris, nesta terça-feira (6).
Cartaz do evento “A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Modernismo na Música Brasileira”, que será realizado na Maison du Portugal André de Gouveia em Paris, nesta terça-feira (6). © Divulgação

Um movimento contestado

A Semana de Arte Moderna de 1922 foi alvo de diversas polêmicas na época em que foi realizada, e o movimento continua sendo contestado cem anos depois, considerado por uma parte da classe artística como elitista e excludente. Na música, essa visão não é diferente, já que, como observa Emília, “cada movimento cultural é múltiplo e contraditório”.

“Efetivamente, existiram dimensões elitistas e essa própria concepção de uma música erudita e de uma música popular em 1922 – na verdade pegou-se o popular para transformá-lo numa linguagem mais sofisticada e erudita – também é questionável”, salienta.

No entanto, para a pesquisadora, não é possível recusar a importância estética e política da Semana de Arte Moderna de 1922. “Estamos falando do início do século 20. Muitas coisas e visões que eram pertinentes faziam parte daquele momento. Mas, claro, hoje a gente tem todo o direito e a gente deve questionar”, conclui.

A conferência “A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Modernismo na Música Brasileira” será realizada nesta terça-feira (6) na Maison du Portugal André de Gouveia (Bd Jourdan, 75014, Paris), às 19h. A entrada é gratuita.

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