Acessar o conteúdo principal
RFI Convida

Festival de cinema NICHO Novembro busca promover equidade racial no mercado audiovisual

Publicado em:

O Festival de cinema negro NICHO Novembro leva para São Paulo, durante 10 dias, a partir desta sexta-feira (4), 31 filmes brasileiros e estrangeiros focados em vidas negras “em toda sua potência e complexidade”. O evento, que está em sua quarta edição, é realizado pelo Instituto NICHO 54, uma das organizações mais ativas do Brasil para a promoção e valorização das pessoas negras na indústria audiovisual.

Imagem do filme de Flávia Gusmão "Mangifera", em exibição no festival NICHO Novembro na retrospectiva sobre o novo cinema de Cabo Verde.
Imagem do filme de Flávia Gusmão "Mangifera", em exibição no festival NICHO Novembro na retrospectiva sobre o novo cinema de Cabo Verde. © NICHO Novembro
Publicidade

O evento volta ao formato presencial após dois anos sendo realizado de maneira virtual devido à pandemia de Covid-19. “Essa volta para o presencial é crucial”, diz Heitor Augusto, cofundador da NICHO 54 e curador do festival.

“Por um lado, o mundo virtual nos permite chegar a uma audiência maior. Uma das nossas mostras, por exemplo, chegou a 21 países. Mas, por outro, a falta do presencial faz com que nós percamos algumas coisas, entre elas, o contato entre as pessoas e um certo tipo de troca entre o público, a curadoria e com os filmes”, explica.

Heitor Augusto é o curador do NICHO Novembro.
Heitor Augusto é o curador do NICHO Novembro. Divulgação

“Essa troca é um dos valores do festival. Um festival como o NICHO Novembro parte do pressuposto que o cinema transforma imaginários e constrói pertencimentos”, completa Heitor Augusto que acredita que o evento ser realizado em presencial é especialmente importante num momento em que o país está tão dividido.

O festival acontece no Centro Cultural São Paulo (CCSP) e no Instituto Moreira Salles, mas o público de outras cidades e países poderá assistir às reprises dos filmes da mostra pela plataforma de streaming Sala 54. A programação é gratuita e também inclui rodas de conversa sobre obras exibidas, workshops, painéis, exposição e uma sessão especial ao ar livre no Jardim Suspenso do CCSP.  

Diáspora africana

Para esta edição, o festival traz filmes premiados ou selecionados em mostras internacionais, como o curta “Manhã de Domingo”, do brasileiro Bruno Ribeiro, vencedor do prêmio Urso de Prata no Festival de Berlim, e “Esconderijo dos lagos gêmeos” (“Twin Lakes Haven”), do cineasta ruandês Philbert Aimé Mbabazi Sharangabo, exposto no Festival de Locarno.

Além disso, faz parte da programação uma retrospectiva do novo cinema cabo-verdiano.  “O Festival NICHO Novembro é um festival que está sempre em contato com a diáspora africana. Esse país (Cabo Verde) que é tão único no trânsito entre as pessoas, na questão da identidade, que nos dá muito orgulho”, diz.

Equidade racial

O trabalho da NICHO 54 é construir um ambiente rumo à equidade racial e mais justo nas relações de trabalho no audiovisual, de acordo com seu cofundador.

Heitor Augusto diz que, apesar da participação das pessoas negras no mercado audiovisual, ele não reflete nem a quantidade de pessoas negras, nem os aportes desta população ao longo da história do país. “Não existiria Brasil se não fossem as contribuições das pessoas negras e o audiovisual infelizmente não reflete isso”, afirma.

Entre as contribuições neste campo, ele destaca o filme "Marte um", de Gabriel Martins, escolhido pelo Brasil para representá-lo na corrida pelo Oscar de filme estrangeiro. “Esse exemplo mostra o tamanho das contribuições, mas também do potencial”, diz.

“O que eu espero é que o país e o campo do audiovisual olhem para isso e reconheçam a potência disso e invistam nas nossas criações e nos nossos trabalhos e respeitem as relações de trabalho de maneira mais saudável”, aspira o curador.

Para ele, é necessário “sair de um discurso que se coloca como pró-pessoas menorizadas e passar para uma prática, para a construção de marcadores palpáveis. Sair das intenções, de uma certa correção moral e ir para a prática”, insiste.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.