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“Combate ao racismo no Brasil ainda está muito lento”, diz diretora da Agência Alma Preta

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“Muita gente ainda acha que não tem racismo, mas o preconceito está em todos os lugares, em todas as formas e em todo o agir. Para gente é uma luta constante. Mas não é só preconceito racial, é preconceito de tudo: meio ambiente, racismo estrutural”, afirma Elaine Silva, sócia diretora da Agência de notícias Alma Preta, que tem foco de trabalho voltado para a comunidade negra do país.

Elaine Silva diretora Alma Preta Jornalismo.
Elaine Silva diretora Alma Preta Jornalismo. © RFI
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“O Combate ao racismo no Brasil ainda está muito lento e muito longe de ser combatido. Mas é algo que temos que falar todos os dias”, diz a comunicadora em entrevista à RFI durante sua passagem por Paris, onde veio fazer contatos para tentar expandir e internacionalizar o trabalho da Agência.

Elaine comentou que este período eleitoral no Brasil exacerbou os ataques contra minorias e mídias alternativas. “Todos os dias recebemos vários ataques de pessoas querendo derrubar a empresa, hackers querendo derrubar nosso conteúdo, não só nas redes sociais, mas também o site. Temos que tomar muito cuidado, orientamos todos os colaboradores quando saírem de casa, ou do trabalho porque sofremos ataques a todo momento”, afirma.

Fundada em 2015, a agência Alma Preta entrou no mercado para ampliar o espaço de produção de conteúdos com recorte racial e impulsionar o mercado de trabalho para a comunidade normalmente excluída das mídias tradicionais.

“Nosso foco principal é dar visibilidade para a comunidade negra, mas para além disso, somos reconhecidos por fazer reportagens investigativas, culturais, da ancestralidade africana, e tudo a que remete a políticas públicas. É praticamente nossa missão, de levar política públicas para as comunidades de mídia das periferias e também para a comunidade negra”, explica Elaine.

Com uma estrutura de 39 pessoas, a Agência atua também na formação de muitos profissionais para atuar em diferentes setores da área de comunicação. “Boa parte não têm uma profissão. E uma das nossas filosofias é formar esses jovens. Temos muitos desses jovens colaboradores que hoje estão dentro das mídias convencionais. Passamos a ser um modelo de mídia que forma jovens da periferia. E 100% são pessoas negras”, conta.

No entanto, a atuação da Agência pretende ser mais ampla e atingir um público diversificado. “Claro que fazemos nossos conteúdos para pessoas pretas, mas nosso conteúdo é aberto para pessoas brancas antirracistas consumirem esse também. Para entender, conhecer e aprender”, defende Elaine. “Quando a gente fala que nosso conteúdo é muito de recorte racial, as pessoas entendem que falamos só de preconceito. Mas não. A gente fala e devemos falar de todos os assuntos. O que a gente faz com nossos conteúdos é fazer em uma linguagem para que as pessoas da periferia entendam muito mais”, afirma.

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