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Brasileira que venceu etapa da Volta da França destaca importância do retorno da prova feminina

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Uma brasileira foi a grande campeã da 30ª edição de L'Étape du Tour 2022, no dia 10 de julho, uma etapa aberta para amadores que fazem o mesmo trajeto dos profissionais na Volta da França, a prova de ciclismo de rua mais importante do mundo. Flávia Oliveira venceu a competição de 167 km em seis horas e 31 minutos.

Uma brasileira - Flávia Oliveira - foi a grande campeã da 30ª edição da Volta da França de 2022, no dia 10 de julho, uma etapa aberta para amadores que fazem o mesmo trajeto dos profissionais na competição.
Uma brasileira - Flávia Oliveira - foi a grande campeã da 30ª edição da Volta da França de 2022, no dia 10 de julho, uma etapa aberta para amadores que fazem o mesmo trajeto dos profissionais na competição. © Sportograf
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Flávia Oliveira já foi campeã do Giro da Itália, campeã brasileira de Estrada, campeã Geral e de Montanha do Tour Internacional de Ardèche e ficou em sétimo lugar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. “Quando eu tive a possibilidade de correr o L’Ètape, que são montanhas místicas, algo que no pelotão feminino nunca tivemos a oportunidade de competir, foi algo surreal, que eu não tenho nem como explicar. Subir o Galibier, o Télégraphe, o Col de la Croix de Fer e terminar com o monstruoso Alpe d’Huez foi sensacional”, explica.

Além da tradicional prova masculina, a Volta da França desse ano teve como novidade a competição voltada para as mulheres, que acontece 33 anos após a última edição. A prova chegou a ser substituída durante um tempo, mas acabou não tendo continuidade. Agora, amadores, atletas e o público interessado acompanham com entusiasmo a volta da competição. Para Flávia Oliveira, essa retomada tem a ver com a profissionalização do ciclismo feminino, mas que ainda falta muito para se chegar à igualdade no esporte.

“Tivemos outras competições que tentaram ser como a Volta da França, mas que não conseguiram. Nós não tínhamos essa visibilidade na televisão. Finalmente a UCI (União Ciclista Internacional) está vendo que temos problemas estruturais, equipes que não pagam atletas, tiram proveito da necessidade do atleta de ter que competir para poder se qualificar para os Jogos Mundiais ou para as Olimpíadas. Mas para mim, que venho de dentro do pelotão, sei que muitas vezes nós mulheres não nos valorizamos o suficiente para pedir igualdade. Essa é uma mentalidade difícil de mudar porque o esporte ainda é um boy’s club e não só no ciclismo", afirma.

"Contra a maré"

"As mulheres têm sempre que lutar contra a maré. Quando eu conquistei a camisa de Montanha do Giro de Itália, em 2015, depois de dez dias de competição eu ganhei € 350. É um insulto. E como dividir € 350 com a equipe?", denuncia. "Como manter uma equipe viva? Mesmo correndo em equipes europeias, eu nunca ganhei um salário que me desse a oportunidade de comprar uma casa, como os homens fazem. Ainda estamos muito distantes de chegar ao mesmo patamar, mas somos exigidas no mesmo nível de sacrifício”, desabafa.

A atleta explica que hoje possui bons patrocínios, que a possibilitaram de correr a etapa da Volta da França e escolher as melhores competições. Para ela, isso só acontece porque ela compete na modalidade conhecida como Gravel, que vem crescendo, e que mistura Montain Bike e Estrada, com bicicletas desenvolvidas para trilhas e asfalto, além de contar com provas mais longas.

“O Gravel nasceu aqui nos Estados Unidos. Como a pandemia afetou o nosso pequeno ciclismo de estrada e, como país, também não tem tradição nessa modalidade, o Gravel cresceu. É o ciclismo nas estradas desterradas, de campo, como estradas de fazenda. E os organizadores estão conseguindo ter quase cinco mil atletas em cada competição, o que melhora o nível de premiação. Fiz uma prova de Gravel recentemente, em que cheguei em primeiro lugar, e ganhei US$ 1.200", lembra.

Na estrada, eu não conseguia US$ 55 se ganhasse uma corrida. São provas mais longas e mais difíceis, porque não tem trabalho de equipe e o atleta precisa fazer tudo sozinho. São provas de praticamente a mesma distância do L’Ètape, o que para mim também foi um bom treino”, conta ela, que chegou aos Estados Unidos aos 16 anos para jogar futebol na universidade e correr atletismo, e só começou no ciclismo aos 28 anos.

Quando perguntada se ela teria vontade de correr a Volta da França, a atleta, que já competiu por equipes europeias, diz que sim, mas que no momento está focada na modalidade que escolheu. “Não sei o que o futuro me reserva e nunca vou dizer não para uma oportunidade de correr a Volta da França. Acho até que essa preparação no Gravel pode ser até um caminho, porque é um percurso sempre duro, com bastante subidas. Quem sabe? Mas por enquanto esse tem sido meu foco maior e eu estou muito feliz. ”, finaliza.

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