Médica brasileira participa de livro francês que populariza dúvidas sobre a saúde

A editora HumenSciences publica na França “Ces questions que vous n'osez pas poser à votre médecin” (“Essas questões que você não ousa perguntar para seu médico”, em tradução livre), um livro que aborda temas ligados à saúde de maneira acessível, respondendo dúvidas sobre doenças e condições físicas que geralmente constrangem os seres humanos. O projeto conta com a participação da dermatologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo Patrícia Deps.

A professora e dermatologista Patrícia Deps é a única brasileira a participar de livro francês sobre questões constrangedoras que muitos pacientes não ousam falar com seus médicos. © Arquivo pessoal

Transpirar demais, ter muitos pelos no corpo, sofrer de incontinência urinária, mau hálito ou sentir dor durante o sexo são situações que costumam deixar as pessoas desconfortáveis. Ao ponto de não ousarem questionar os profissionais da saúde para entender o que está acontecendo com o próprio organismo. Foi partindo dessa problemática que o médico Philippe Charlier decidiu reunir os colegas Nadia Benmoussa, Patrick Rainsard, Natalie Rajaonarivelo, Jean-David Zeitoun, Vincent de Parades e Pierre Desvaux para fazer um livro que quebra alguns desses tabus do corpo humano.

Patrícia Deps, a única estrangeira nesse grupo de franceses, foi convidada incialmente para escrever um único capítulo sobre doenças dermatológicas que poderiam causar desconforto físico ou psicológico. Mas logo foi chamada para abordar outros temas, e acabou assinando três capítulos: o primeiro sobre situações da pele, o segundo sobre alterações dos pelos e o terceiro sobre glândulas sudoríparas e sebáceas, que produzem suor e odores.

“São questões que estão envolvidas em situações que nem sempre são doenças. Como; por exemplo; uma pele muito oleosa ou a produção excessiva de cheiro no corpo”, explica a médica. “A intenção é tentar atenuar o constrangimento. Mas o livro não traz só o problema, mas também tratamentos médicos ou, quando é possível, dicas do que pode ser feito em casa”, comenta a dermatologista.

Para abordar essas questões, os médicos usam muita pedagogia, inclusive com referências históricas ou da cultura popular para mostrar que algumas dessas condições sempre existiram e fazem parte da vida de muita gente – inclusive de celebridades. E Deps, que é especialista em questões ligadas à hanseníase e participa atualmente de um projeto de parceria sobre o assunto entre a Universidade Federal do Espírito Santo e a CentraleSupélec, um dos principais polos de engenharia da França, teve que adaptar seu discurso para o livro.

“É preciso sair do jargão profissional e do tecnicismo médico e falar em palavras simples para uma pessoa comum. Para quem tem aquela situação e se vê naquele quadro. Foram capítulos nos quais a gente teve que fazer uma popularização da ciência, voltada para a desestigmatização de algumas situações”.

Assista a entrevista completa clicando na foto acima.