"Holandeses adoram ouvir choro", diz diretor artístico do Festival de Roterdã
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Ouvir - 11:06
As medidas sanitárias em vigor atualmente na HoIanda, como o toque de recolher e a obrigação do passaporte vacinal, dificultam mas não impedem a realização da 9ª edição do festival de choro de Roterdã, programado para este domingo (12). O evento acontece em formato híbrido, com shows na Faculdade de Música da cidade e transmitidos também por streaming.
Organizar um festival no atual contexto sanitário é um desafio a ser superado, diz Marijn Van der Linden, diretor artístico do evento. Uma sala na Faculdade de Música de Roterdã foi alugada para o festival, e pelas regras em vigor no país, será preciso estabelecer um distanciamento de 1,5 m entre as pessoas do público, além de respeitar o toque de recolher em vigor no país. “Este ano ficou mais difícil porque estamos em um semi lockdown e tudo deve estar fechado às 17h, e temos também que controlar os passaportes vacinais na entrada”, diz.
No entanto, um aspecto é positivo e ressaltado pelo diretor: “ A parte positiva da pandemia é o [advento do] online. Com o streaming você atinge um público mais internacional e fica gravado para quem quiser ver depois do streaming ao vivo. Tem também os patrocínios e as doações que ajudam”, afirma.
Na programação desta edição estão previstas apresentações dos mais de 60 alunos da Escola Portátil de Música Holanda, a primeira filial da Casa do Choro (RJ) aberta fora do Brasil. São desde crianças até alunos iniciantes e músicos profissionais.
Este ano o evento ainda terá participação especial do Wiener Choro Klub (Clube do Choro de Viena na Áustria) que ajudou na divulgação do evento e tem atuação ativa na promoção do chorinho na Europa.
Choro na Holanda
Marijn é um dos precursores do choro na Holanda. Músico formado em jazz, ele conheceu o estilo brasileiro em 2005 . Três anos depois, foi convidado e partiu com um grupo de músicos para conhecer o Festival de Choro da Escola Portátil de Música (EPM) no Rio de Janeiro. “Voltamos para Holanda com a intenção de divulgar esse ritmo brasileiro tão rico, que é uma mistura de música erudita, mas com improvisação e muito ritmo. É dançante e tem tantas possibilidades de tocar em grupo também”, ressalta Marijn, que disse ter se apaixonou por um instrumento em particular, o cavaquinho.
Na Volta à Holanda, fundou a escola em Roterdã diante de uma evidência: faltavam muitos músicos para tocar e o repertório era limitado. “Depois de duas músicas, Brasileiro e Noites cariocas, já terminava o repertório, e passávamos para Bossa Nova, Garota de Ipanema e Manhã de Carnaval”, recorda.
Com o festival, os músicos locais proporcionam um momento de prazer aos fãs cada vez mais numerosos desse estilo musical que, ele lembra, "surgiu na Europa, foi ao Brasil, se misturou com a música africana e voltou ao território europeu 150 anos depois".
“Os holandeses, e os europeus, adoram ouvir o choro porque alegra as pessoas e é bem acessível. Ao mesmo tempo que é dançante, dá só para ficar ouvindo. E você pode tocar choro com duas pessoas ou com 20. Sem muito arranjo, mas com ouvido bom e muita alegria. O povo de todas as idades, recebe muito bem esse ritmo”, conclui.
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