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Reportagem

Uma viagem a Santos Dumont, cidade natal do “pai da aviação” que completaria 150 anos

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O aniversário de 150 anos do “pai da aviação” é lembrado por uma série de eventos no Brasil, organizados pela FAB, Congresso Nacional, Petrópolis, onde o aviador morou, ou na cidade natal de um dos maiores inventores brasileiros de todos os tempos. Alberto Santos Dumont nasceu em 20 de julho de 1873 no município que hoje leva seu nome no interior de Minas Gerais.  

Sítio onde nasceu Santos Dumont, em 20 de jullho de 1873, hoje o Museu Casa de Cabangu.
Sítio onde nasceu Santos Dumont, em 20 de jullho de 1873, hoje o Museu Casa de Cabangu. © RFI/Adriana Brandão
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São inúmeras as referências a Santos Dumont (1873-1932) na cidade mineira: estátuas, bustos, painéis de street art e réplicas que lembram as façanhas do pioneiro da aviação, como a da Torre Eiffel, contornada pelo aviador em 1901 com o dirigível n° 6, ou do 14 bis.

Uma cópia do avião inventado pelo brasileiro, que realizou o primeiro voo homologado da história em 1906, marca a entrada da cidade e está sendo revitalizada. Vander Montesse, diretor do Senai de Juiz de Fora e autor do projeto em 1999, está à frente da restauração. 

Ele, que também projetou a réplica da Torre Eiffel, diz que os monumentos visam “contribuir com o desenvolvimento turístico da cidade e com o resgate da memória dos feitos de Alberto Santos Dumont”. O 14 bis está sendo restaurado pela primeira vez em 20 anos e será novamente instalado na entrada da cidade “no próximo dia 20 de julho, totalmente remodelado, restaurado dentro das comemorações dos 150 anos de nascimento de Alberto Santos Dumont”, anuncia Vander Montesse.

Vander Montesse, diretor do Senai de Juiz de Fora, projetou as réplicas do 14 Bis e da Torre Eiffel de Santos Dumont quando era diretor da Escola Profissionalizante da cidade.
Vander Montesse, diretor do Senai de Juiz de Fora, projetou as réplicas do 14 Bis e da Torre Eiffel de Santos Dumont quando era diretor da Escola Profissionalizante da cidade. © RFI/Adriana Brandão

No entanto, a referência a Santos Dumont mais importante da cidade é o sítio de Cabangu, onde ele nasceu. “O que nós temos de mais importante é justamente a casa de Santos Dumont devido a toda a história, todo o trajeto, essa revolução que ele fez no mundo através dos seus sonhos de voar”, salienta o secretário municipal de Turismo, Fabricio Corrêa de Andrade.

Museu de Cabangu 

A casa de aspecto colonial é situada em uma paisagem típica de Minas Gerais, em uma região montanhosa da Serra da Mantiqueira e às margens de uma estrada de ferro, construída em parte sob a supervisão do engenheiro Henrique Dumont, pai de Alberto, de descendência francesa. O sítio, que pertence a Aeronáutica Brasileira e é gerido pela Fundação Casa de Cabangu, abriga hoje um museu com um acervo importante sobre os inventos de Santos Dumont, cartas, matérias de jornais e fotografias de época.

O Museu Cabangu, atualmente fechado para visitações, também está sendo revitalizado. Fabricio de Andrade afirma que muita gente nem sabe que Santos Dumont nasceu na cidade e diz que o turismo de Petrópolis, onde o inventor construiu uma casa, ganha mais com a fama do pioneiro da aviação do que a cidade mineira. Ele espera poder implementar no museu uma série de projetos e atrair um número maior de turistas. 

“Como somos uma cidade menor, não temos condição de fazer um grande investimento para que as pessoas possam vir, mas estamos trabalhando justamente em prol disso”, afirma. A expectativa é que o aniversário de 150 anos de Santos Dumont “sensibilize os Governos Estadual e Federal para as dificuldades vividas hoje no Museu Casa Natal de Santos Dumont” e consiga angariar recursos para implementar “uma gestão responsável e sustentável”.

O secretário de Turismo de Santos Dumont, Fabricio de Andrade.
O secretário de Turismo de Santos Dumont, Fabricio de Andrade. © RFI/Adriana Brandão

O ponto alto das comemorações acontece na semana de 20 de julho, data do aniversário do aviador, com entrega de medalhas, banda de música, concertos, mas as atividades irão se estender até o fim do ano. A homenagem vai além de um simples marco no calendário, dizem as autoridades locais. Ela é antes de mais nada uma oportunidade de lembrar e valorizar as contribuições do inventor brasileiro para a ciência, a tecnologia, ressalta Deoclides S. Neto, presidente da Comissão Organizadora dos Eventos Comemorativos do sesquicentenário de Santos Dumont.

Esse não é um patrimônio só brasileiro, é um patrimônio da humanidade. Isso tem que ser levado em conta, tem que ser mais divulgado e trabalhado para que as pessoas possam dar o verdadeiro valor”, afirma Deoclides Neto. Ele lembra que “Santos Dumont não inventou somente o avião, encurtando distâncias, salvando vidas, inventou diversos outros objetos que hoje estão nos nossos lares”. 

Deoclides Neto é presidente da Comissão Comemorativa do Sesquicentenário de Santos Dumont.
Deoclides Neto é presidente da Comissão Comemorativa do Sesquicentenário de Santos Dumont. © RFI/Adriana Brandão

O presidente da comissão do sesquicentenário cita, por exemplo, o relógio de pulso. “Ele precisava cronometrar os seus voos e naquela época só existia o relógio de bolso. Ele desenhou para o Cartier, que era seu amigo, um relógio de pulso que virou moda. Então, a importância de Alberto Santos Dumont é muito grande, não somente para o Brasil, mas para o mundo inteiro”, conta Deoclides Neto, garantindo que o aviador “nunca abandonou sua Terra Natal”, apesar de ter vivido e ficado famoso na França. 

De Minas para o mundo 

Alberto Santos Dumont passou apenas os primeiros anos de sua vida em Cabangu. Ainda criança, se mudou com a família para uma fazenda de café em Ribeirão Preto. Seu pai chegou a ser um dos maiores cafeicultores da época. Aos 17 anos fez a primeira viagem a Paris e em 1897 se estabeleceu na capital francesa para desenvolver suas máquinas voadoras. Na virada do século, era o brasileiro mais famoso do mundo. Hoje, seu nome não é lembrado como devia, salienta Rosa Machado Pinheiro, presidente do Conselho do Patrimônio municipal.

Sinceramente, eu acho que ele deveria ser mais lembrado porque ele é muito maior do que toda a lembrança que temos dele. Ele está presente na nossa vida o tempo inteiro: no transporte, na comunicação, no turismo. Então, acho que a gente tem que valorizar, mais, todos nós”, diz Rosa. 

Rosa Machado Pinheiro, presidente do Conselho do Patrimônio de Santos Dumont.
Rosa Machado Pinheiro, presidente do Conselho do Patrimônio de Santos Dumont. © RFI

O aviador brasileiro retornou ao Brasil em 1915. Com a saúde debilitada, provavelmente devido a uma esclerose múltipla, e deprimido, ele se suicidou no dia 23 de julho de 1932, três dias após completar 49 anos. Poucos dias depois, a cidade de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont em homenagem “ao seu filho mais ilustre”. 

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