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Reportagem

Votação de franceses no exterior reflete polarização das eleições legislativas na França

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A votação dos franceses que moram no estrangeiro reflete a polarização da eleição legislativa na França. No primeiro turno, os candidatos aliados ao presidente Emmanuel Macron venceram na maioria das circunscrições, seguidos de perto pelos adversários da aliança dos partidos de esquerda, liderada por Jean-Luc Mélénchon.

Christian Rodriguez, da aliança de esquerda Nupes, e Eléonore Caroit, da aliança de centro-direita Ensemble, concorrem à vaga de deputado pela segunda circunscrição de franceses no exterior
Christian Rodriguez, da aliança de esquerda Nupes, e Eléonore Caroit, da aliança de centro-direita Ensemble, concorrem à vaga de deputado pela segunda circunscrição de franceses no exterior © Montagem RFI
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No primeiro turno, os candidatos do partido de Macron e seus aliados de centro-direita, reunidos na coligação “Ensemble” (Juntos), ficaram em primeiro lugar em oito das 11 circunscrições eleitorais do estrangeiro. A aliança de esquerda Nova União Popular, Ecológica e Social (Nupes), que se impôs como grande força de oposição a Macron, se classificou para o segundo turno em dez das 11 circunscrições.

O Brasil integra a segunda circunscrição, que engloba todos os países da América Latina e do Caribe.

A candidata do partido presidencial, a franco-dominicana Eléonore Caroit, liderou o primeiro turno na região com 34,57% dos votos e espera confirmar a vitória no segundo turno. “Espero conquistar o voto da esquerda e da direita moderada porque tenho um programa, com a maioria presidencial Ensemble, que não tem uma etiqueta política forte. É um programa de proximidade com os franceses que moram no estrangeiro; um programa para defendê-los na Assembleia Nacional”, indica a candidata em entrevista pelo telefone do México.

O opositor de esquerda, o franco-chileno Christian Rodriguez, ficou em segundo lugar com 28,20%, e conta com a dinâmica favorável da aliança Nupes nas urnas para vencer. “Espero evidentemente ganhar e faço uma campanha de corpo a corpo para isto. Com a mobilização, o impacto do resultado da Nupes na França, tenho a esperança que isso vai nos ajudar a criar uma boa dinâmica”, afirmou Christian Rodriguez que também conversou com a RFI pelo telefone do México.

Forte taxa de abstenção

O fator marcante do primeiro turno das eleições legislativas no exterior foi a taxa de abstenção. Em todas as zonas eleitorais no estrangeiro, pouco mais de 22% dos eleitores votaram. Na circunscrição da América Latina e Caribe, a taxa de participação foi de apenas 14,93%, e mobilizar os eleitores é o grande desafio dos dois candidatos que se elegeram para o segundo turno e estão atualmente fazendo uma campanha intensa em vários países da região.

Eléonore Caroit lembra que esta é apenas a terceira vez que os franceses que moram no exterior têm a possibilidade de eleger deputados que os representem e acha que eles ainda desconhecem esse direito. “Para mim, o desafio vai ser explicar aos eleitores franceses as atribuições dos deputados, que devem estar próximos e sempre atentos às preocupações cotidianas deles, para eles terem vontade de votar”, salienta a candidata.

Ela observa que um deputado do estrangeiro tem a mesma função de votar as leis como os outros integrantes do Parlamento, mas que ele deve também ser o “advogado” dos franceses junto à Agência de Ensino Francês no Exterior (AEFE) e “coordenar as ações dos postos diplomáticos, das câmaras do comércio, das Alianças e das escolas francesas”.

Para Christian Rodriguez, os franceses do exterior se sentem abandonados. “A América Latina é uma das regiões que menos vota, não somente na eleição legislativa, mas também na presidencial. Essa taxa de 15% [de participação] reflete a ideia de que os franceses da região se sentem abandonados. Eles veem cada vez menos a presença consular e do serviço público francês”, ressalta o opositor da esquerda radical

O candidato da aliança Nupes critica a política de Macron para a América Latina e aproveita para alfinetar a adversária Eléonore Caroit. “Macron veio só uma vez à América Latina para participar do G7 em Buenos Aires. Ele nunca fez uma visita. Isso mostra que para ele a América Latina é igual a um centro de negócios, nada mais. Isso explica por que escolheram como candidata para a região uma advogada empresarial. Toda a dimensão cultural, educativa, da língua francesa, da francofonia, estão fora da campanha, não vejo nenhuma proposta da candidata do Macron sobre isso”, afirma Christian Rodriguez, que ainda indica como tema de preocupação dos franceses que moram na região a questão da aposentadoria.

Eléonore Caroit não deixa por menos e também faz críticas ao adversário. “O problema com o candidato da Nupes nesta circunscrição é que ele não é um francês do exterior. Ele é um latino-americano que foi para a França. Ele é um militante da extrema esquerda. A aliança Nupes é um sonho, a esquerda junta e reunida. É muito bom em tese. Mas aqui na América Latina você está falando de um militante que apoia Maduro, que tem ideias muito de extrema esquerda e que não conhece os franceses do estrangeiro”, alfineta a representante do Ensemble.

Os dois candidatos, no entanto, concordam com o balanço negativo da atual deputada pela região, Paula Forteza, eleita em 2017 pelo partido macronista A República em Marcha, mas que abandonou a sigla em 2020 para integrar o grupo dissidente Ecologia, Democracia e Solidariedade.

Os franceses que moram no continente americano votam no segundo turno da eleição legislativa francesa no próximo sábado, 18, um dia antes da votação na França. A eleição irá renovar os 577 deputados que compõem a Assembleia Nacional francesa.

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