França: Coalizão de Macron e união da esquerda saem do 1° turno da eleição legislativa praticamente empatadas
Os franceses foram às urnas neste domingo (12) para o primeiro turno da eleição legislativa. Segundo os resultados provisórios divulgados por cinco institutos de pesquisa às 20h pelo horário local (15h em Brasília), a coalizão formada em torno do partido do presidente Emmanuel Macron conseguiu cerca de 25% dos votos, praticamente empatada com a união da esquerda. Mas os primeiros dados também apontam uma vantagem do campo do governo no número de cadeiras conquistadas na Assembleia.
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Apesar de as últimas pesquisas de intenção de voto terem indicado um avanço da esquerda, os primeiros resultados do pleito foram menos explícitos. A coalizão Juntos!, que apoia o chefe de Estado, obteve entre 25% e 25,8% dos votos, enquanto o NUPES, grupo criado pela esquerda, conquistou entre 25% e 26,2% das urnas. Já o partido Reunião Nacional, da extrema direita, ficou entre 18,5% e 19,7%.
No entanto, em razão do sistema eleitoral francês, majoritário, a coalizão de Macron poderia obter entre 255 e 295 cadeiras na Assembleia Nacional, contra de 150 a 190 para a formação de esquerda. A aliança Juntos !, que apoia o chefe de Estado, precisa eleger 289 dos 577 deputados para que o presidente possa implementar sem obstáculos as reformas que prometeu durante a campanha. Caso contrário, ele ficará dependente de acordos com a oposição para aprovar projetos de lei e reformas do Executivo.
Exercício de equilibrista para Macron
Esse pleito, que acontece menos de dois meses após a reeleição de Emmanuel Macron para a presidência, visa definir se o chefe de Estado centrista terá uma nova maioria parlamentar para implementar seu programa de governo. Após o segundo turno, que acontece em 19 de junho, o país saberá se Macron recebeu a confiança total dos franceses com mais de 289 deputados (maioria absoluta), se será obrigado a negociar com uma maioria relativa ou se terá que governar em "coabitação", termo usado na França quando o chefe do governo e o presidente são de tendências políticas diferentes.
Segundo os primeiros resultados, essa possível "coabitação" pode acontecer entre os centristas de Macron e a esquerda que, pela primeira vez em 25 anos, conseguiu se reunir em uma coalizão. Ecologistas, comunistas, socialistas e a França Insubmissa (FI), partido da esquerda radical, concorreram em uma frente unida, liderada por Jean-Luc Mélenchon.
Batizada de Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES), a coalizão é encabeçada por Mélenchon, o chefe da França Insubmissa. O político de 70 anos, que por pouco não chegou ao segundo turno da eleição presidencial, ao receber quase 22% dos votos em abril, via nessa eleição legislativa uma revanche no que considera o "terceiro turno" da votação. Seu objetivo é impedir Macron de aplicar seu programa de linha liberal e, se possível, se tornar o próximo primeiro-ministro.
A França já conheceu mandatos com um governo e um presidente de tendências políticas diferentes. A última "coabitação" ocorreu entre 1997 e 2002, quando o presidente conservador Jacques Chirac teve que nomear o socialista Lionel Jospin como primeiro-ministro.
Como Jospin, que liderou a aliança Esquerda Plural nas legislativas de 1997, Mélenchon espera se tornar o chefe de governo. Mas a ideia de ver no poder o "Hugo Chávez francês", como é apelidado o chefe da esquerda radical, preocupa o partido governista.
Ao contrário da eleição presidencial, a extrema direita — dividida — não chegou para as legislativas em posição de força, além de seus redutos no norte e sudeste do país. Mas de acordo com os primeiros resultados, o partido de Marine Le Pen teria conquistado entre 10 e 45 cadeiras, atrás dos republicanos (entre 33 e 80 deputados), mas bem à frente do número de deputados eleitos em 2017 (+13%). O partido de extrema-direita Reconquista de Éric Zemmour pode entrar no parlamento com até 3 deputados.
Abstenção
A abstenção era uma das principais incógnitas desse pleito, em particular para a esquerda radical e a extrema-direita, cujos eleitores apresentam maior tendência de não comparecer às urnas. Em um país onde o voto não é obrigatório, o domingo de sol não ajudou os eleitores a irem às urnas, e a abstenção foi de mais de 52%, segundo as primeiras estimativas.
Às 17h00 (12h00 de Brasília) a participação era de 39,42%, índice inferior às legislativas de 2017 (40,75% no mesmo horário), que terminaram com o menor resultado histórico desde 1958, com 48,7%.
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