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Brasil-Mundo

Mulheres brasileiras são grupo que mais se destaca no empreendedorismo em Portugal

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Cerca de 65% dos projetos para criação de negócios acompanhados pelo Alto Comissariado para as Migrações (ACM), de janeiro a dezembro do ano passado, foram feitos por brasileiros, sendo a grande maioria deles (em torno de 75%) por mulheres.

A brasileira Carol Palombini conhece bem esse modelo de negócio.
A brasileira Carol Palombini conhece bem esse modelo de negócio. © Arquivo pessoal
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Fábia Belém, de Lisboa

Além de revelar que as mulheres passaram a ser o público que mais concretiza os seus planos de negócio em Portugal, o Alto Comissariado para as Migrações também chama atenção para a tendência de crescente digitalização dos projetos de empreendedorismo.

A brasileira Carol Palombini conhece bem esse modelo de empreendimento.

Para lidar com as diferenças culturais, Carol Palombini reconheceu que muitos dos conhecimentos que tinha não poderiam ser aplicados fora do Brasil, e entendeu que era preciso adequar a consultoria aos novos clientes.
Para lidar com as diferenças culturais, Carol Palombini reconheceu que muitos dos conhecimentos que tinha não poderiam ser aplicados fora do Brasil, e entendeu que era preciso adequar a consultoria aos novos clientes. © Arquivo pessoal

“Eu faço coisas presenciais também, mas a base toda [do meu trabalho] é virtual”, explica a carioca. Segundo ela, “quem quer mobilidade, investir num negócio digital é interessante”.

Quando morava no Rio de Janeiro, Carol tinha uma consultoria estratégica em gestão de pessoas e coaching de executivos e líderes. Em agosto de 2018, ela se mudou para Portugal e chegou com a ideia de continuar com o trabalho que fazia no Brasil.

“Nesse sentido, Portugal se torna estratégico porque eu consigo ter um custo de vida mais baixo. Então, consigo ter preços bem competitivos, e atender a Europa como um todo porque a minha consultoria eu posso fazer online; já faço online desde 2017”, explica.

Diferenças culturais

No começo, fazendo o trabalho remoto, Palombini continuou a atender os clientes que já tinha no Brasil. Em julho do ano passado, ela formalizou a empresa em Portugal e expandiu o que fazia, dando consultoria a pessoas de outras nacionalidades, como portugueses, cabo-verdianos, suíços, ingleses e irlandeses. “Estou conseguindo fazer uma consultoria bem internacional. É uma coisa muito interessante, inclusive, trabalhar com essas diferenças culturais”, ressalta.

Carol Palombini reconheceu que muitos dos conhecimentos que tinha não poderiam ser aplicados fora do Brasil e entendeu que era preciso adequar a consultoria aos novos clientes.

“E as adaptações são, obviamente, culturais. Então, você querer entender a cultura do outro e se colocar nessa posição de questionar ‘como isso é na sua cultura? Faz sentido isso pra você assim?’”, sublinha a consultora e coach brasileira.

Aprender a empreender

Ex-estudante de Direito, Franciane Amoedo chegou a Portugal em dezembro de 2016. Veio sem planos para empreender, mas não demorou muito para mudar de ideia. 

Quando as clientes começaram a buscar peças personalizadas, Franciane aprendeu a costurar, e mais tarde passou a vender só enxovais sob medida que ela mesma produzia
Quando as clientes começaram a buscar peças personalizadas, Franciane aprendeu a costurar, e mais tarde passou a vender só enxovais sob medida que ela mesma produzia © Arquivo pessoal/Helena Rocha

“Eu não vim pra Portugal para empreender, mas Portugal me fez empreender e aprender a empreender também. Eu tinha que fazer qualquer coisa, tendo acabado de ter um filho”, lembra.

Franciane começou revendendo enxovais para berço que ela importava da Polônia. Quando as clientes começaram a buscar peças personalizadas, a carioca aprendeu a costurar e, mais tarde, passou a vender só enxovais sob medida que ela mesma produzia: kit berço, almofada de amamentação, trocadores, rede de bebê, “toda essa parte têxtil para o quarto de criança, eu produzo”.

Ser grande

Aberta em 2019, a loja virtual passou a dar lucro, e a máquina de costura doméstica foi substituída por uma industrial. Nos melhores meses, como janeiro, por exemplo, Amoedo faz até dez vendas. O valor de um enxoval pode variar entre 89 euros (R$ 580 reais) e 250 euros (cerca de R$ 1.650). Quem compra são brasileiras e portuguesas residentes em terras lusas, mas a empreendedora já se prepara para ampliar o negócio para outros países da União Europeia.

Para fazer crescer o empreendimento, Franciane já se inscreveu em programas para “ter investimentos”. Nos planos, estão montar um ateliê ou uma fábrica e contratar mães que perderam seus empregos, a fim de que os produtos mantenham a ideia original  “de mãe pra mãe”, explica.

“A meta agora é expandir, é ser grande”, avisa Amoedo.   

Alto Comissariado para as Migrações

O Alto Comissariado para as Migrações (ACM) é um instituto público português, que atua na execução das políticas públicas relacionadas às migrações. Por meio do seu Gabinete de Apoio ao Empreendedor Migrante (GAEM), conseguiu acompanhar mais de 1 mil projetos entre 2015 e 2020.

Atrás dos brasileiros, que formam a maioria (65%) no que diz respeito ao número de projetos acompanhados pelo ACM ao longo do ano passado, estão colombianos (12%), luso-venezuelanos (9%), portugueses (9%), e imigrantes da Argentina (3%), de Bangladesh (3%), do Chile (3%) e do Nepal (3%).

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