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Esporte em foco

Brasileiros ganham espaço ensinando canoa havaiana em Portugal

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A canoa havaiana, conhecida também como canoa polinésia, é uma modalidade que conquista cada vez mais adeptos em Portugal. A disciplina vem ganhando espaço no país graças a alguns brasileiros, que importaram e implementaram o esporte no país.

Max & Mariana -
Max & Mariana - © Luciana Quaresma
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Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Portugal

Os brasileiros Max Interaminense e Mariana Carvalho desembarcaram em Lisboa, em março deste ano, com um sonho na mala: criar na capital portuguesa uma escola de canoa havaiana. O projeto, no entanto, teve que ser adiado por conta da pandemia do Covid-19. Dois dias depois da chegada em Portugal, o país entrou em confinamento e o casal teve que esperar até agosto para conseguir iniciar as aulas.

A baiana Mariana relembra como foi a experiência da chegada no país, em meio a pandemia. “O começo foi difícil, óbvio. Tudo fechado. Bateu aquele medo. Pensamos: e agora? Mas a gente veio com recurso, fizemos um planejamento, não só logístico mas também financeiro, o que nos deu um conforto. Mas aí foi passando, um mês, dois meses, três meses…Na verdade, em um mês e meio abriu tudo e começamos a buscar as liberações que não saíam. Não conseguíamos pois tudo ainda estava saindo da inércia. De repente veio esta porta que se abriu aqui na Marina de Oieras e agarramos. Fomos trabalhar para que acontecesse mesmo”, conta Mariana.

O pernambucano Max sempre esteve ligado ao mar. Há vinte anos abriu uma escola de esportes aquáticos na Bahia, mas a paixão pela canoa havaiana só surgiu há seis anos. “Eu gosto muito desta coisa do coletivo, sempre me fascinou. Mesmo envolvido com esportes individuais como o surfe e o kite, o coletivo sempre me encantou, assim como a cultura polinésia, a relação com o Havaí. Então foi amor à primeira vista, foi tudo muito rápido!”, comenta.

Considerada uma modalidade esportiva, a canoa surgiu na região do triângulo polinésio mas era usada originalmente como meio de transporte entre as ilhas e uma forma de explorar novas terras. Foi assim que os polinésios chegaram ao que hoje é o Havaí. Por essa razão a escola de Max e Mariana foi batizada Kahuna Va´a, em homenagem aos “kahunas”, os sacerdotes havaianos. 

Segundo Max, na cultura polinésia as canoas são tidas como um filho e devem ser batizadas. “Elas eram feitas de madeira, uma relação forte com a natureza. Tem todo um processo de retirada da árvore. Mesmo com a modernização das canoas, pois hoje são feitas de fibra e tem cor, a essência continua existindo. E nós também fizemos uma cerimônia de batismo", conta.

"Quando as canoas chegaram em Portugal, as batizamos e quisemos apresentar para os portugueses um pouco da essência da cultura polinésia", explica Max, que deu às canoas os nomes de "Yemanjá, que é um símbolo forte, pois é a rainha do mar no Brasil, Maikekai, que significa guerreiro do mares, e Mahina, uma deusa de luz, o sol, que tem tudo a ver com a gente também”, detalha o pernambucano.

Norte de Portugal também tem sua escola criada por brasileiros

No Brasil, a chegada da canoa havaiana ocorreu no ano 2000, em Santos, lugar que se tornou um grande polo de bases da disciplina. Em Portugal, só chegaria 17 anos mais tarde através de outros dois brasileiros que trouxeram a modalidade para o norte do país. Os cariocas Thalita Rocha e Marco Ferraz de Barros, que conheceram o esporte em Cabo Frio, decidiram sair do Rio de Janeiro e atravessar o oceano, mas sem deixar para trás a canoa.

“Trazer a canoa para Portugal foi a solução que a gente encontrou para continuar com o esporte na nossa vida, porque quando a gente decidiu vir para Portugal nós começamos a pesquisar e vimos que não existia a modalidade no país", conta Thalita. "Nós já não conseguimos viver sem a canoa havaiana, é uma paixão mesmo, um amor que a gente tem por este esporte muito grande”

Thalita, que já conquistou diversos títulos de canoa havaiana como atleta federada no Brasil, diz que o esporte foi muito bem recebido pelos portugueses desde que criaram a escola DouroVaa, na Foz do Douro. “Portugal recebeu a canoa havaiana de braços abertos e com remo na mão. Os portugueses estão cada vez mais curiosos em relação ao esporte. As pessoas têm curiosidade em saber o que é e cada vez mais nos procuram pra conhecer, para começar a remar e quem rema na canoa havaiana se apaixona!”, diz a carioca. 

Magia da canoa havaiana conquista brasileiros e estrangeiros em Portugal

Jose Pedro Simões é um dos portugueses que se encantou pela magia da canoa havaiana. “A minha experiência com a canoa havaiana é recente, mas bastante saborosa. Sempre fui uma pessoa que adora o mar. Adoro barco e embarcações e já tinha experimentado várias soluções de usufruir do mar. E a minha mulher experimentou no Brasil, gostou e passamos a fazer. É uma experiência que gosto sobretudo por estar no mar, mas também nos dá potência, velocidade, força. É um trabalho de equipe, em conjunto, e acaba por ser uma rotina, duas ou três vezes por semana, muito interessante. A pessoa está ali uma hora sem pensar em mais nada, usufruindo do dia, sempre com positividade e faz muito bem ao corpo e ao espírito", explica.

Grupo Kahuna
Grupo Kahuna © Divulgação

Mas a canoa havaiana não tem atraído só os portugueses. Os brasileiros que moram em Portugal também se renderam ao esporte. Assim que soube da escola em Lisboa, a carioca Raquel Lopes não perdeu tempo. “A primeira vez que eu fiz foi quando fui ao Rio e experimentei a canoa havaiana lá. Quando eu voltei pra Portugal, procurei um clube e achei o Kahuna Va´a e estou adorando! Tem trabalho de equipe, todo mundo junto. Trabalha muito a concentração. Se sua mente sai da canoa você erra a remada. Ninguém pode fazer a canoa sozinho, tem sempre que ser na sincronia para poder fluir bem. Estou muito feliz fazendo a canoa havaiana, estou adorando e acho que é um esporte pra qualquer idade, todo mundo pode fazer.”

Através das escolas criadas pelos brasileiros, tanto na capital portuguesa quanto no norte do país, a canoa havaiana vai sendo difundida e ganhando adeptos de outras nacionalidades também. O Inglês Ian Mollard foi desafiado à experimentar o esporte pela namorada brasileira e não hesitou. “Eu nunca tive uma ligação muito forte como mar. Foi aqui em Portugal e por influência da minha namorada carioca que comecei a estar em contato com o oceano. E quando ela sugeriu que eu fosse experimentar a canoa havaiana, esporte que nunca tinha ouvido falar, resolvi aceitar o desafio e ainda bem que o fiz pois estou muito feliz. É um esporte incrível, não só pelo lado físico mas também por toda a cultura milenar envolvida, a importância do trabalho em equipe, da sincronia e harmonia e pelo lado mental também. Virei fã da canoa.”, afirma Ian.

escola de canoa havaiana Kahuna Va´a tem aulas todas as semanas em diversos horários e no norte de Portugal, em Vila Nova de Gaia, a Douro Va'a tem turmas mensais.

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