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A Semana na Imprensa

Oriente Médio e antissemitismo permanecem no foco da imprensa francesa

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A guerra entre Israel e o Hamas continua no foco da imprensa semanal francesa. Desta vez, evidenciada pela data que marcou o primeiro mês do que a revista Le Point chama de “o massacre” ocorrido no último 7 de outubro, dia considerado pela publicação como “o pico de horror” das tensões anteriormente já existentes na região.

Ativistas sul-coreanos em Seul durante uma ação em apoio ao povo de Gaza, 9 de novembro de 2023.
Ativistas sul-coreanos em Seul durante uma ação em apoio ao povo de Gaza, 9 de novembro de 2023. REUTERS - KIM HONG-JI
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A edição traz a reconstituição hora a hora com relatos de testemunhas colhidos por correspondentes da revista. Os depoimentos são de horas antes, durante e imediatamente após o ataque na Faixa de Gaza, com detalhes para o pavor vivenciado no festival de música Supernova, que transcorria a 5 km de Gaza. A Le Point descreve que “terroristas do Hamas mergulharam Israel no terror, massacrando mulheres, crianças e idosos. Mil e 400 pessoas foram assassinadas e outras 240 foram feitas reféns por serem judias”, diz a revista.

Um dos relatos é de Omri Lendler, de 27 anos, que durante a festa contemplava o ataque do Hamas, o maior que ele já viu. "Centenas de foguetes estavam voando sobre nossas cabeças", diz ele aos jornalistas da Le Point, quando segurança deu a ordem de evacuação. “Alguns correram, outros caminharam. Outros ainda, confusos ou muito chapados [tratava-se uma festa com elevado uso de drogas sintéticas e bebidas, segundo testemunhas], deitaram-se na grama", descreveu.

"Senti em minhas entranhas que tínhamos de sair dali o mais rápido possível", lembra outro jovem, Millet Ben Haim, que deu seu depoimento. Em outro trecho do diário publicado na revista semanal, Yarin Amar, de 22 anos, conta que estava correndo quando os terroristas se aproximaram dela. A jovem se virou quando viu um agressor do Hamas pegando a mochila de seu amigo e, com o celular da vítima, o terrorista ameaçou os pais dele: "Vocês nunca mais verão seu filho, ele está conosco".

No total, são 28 páginas contendo muitos relatos emocionantes, fotos impactantes e até um memorial com o nome de 1128 vítimas identificadas.

Antissemitismo

Em outro aspecto do conflito israelense-palestino, a revista L'Obs alerta para o "perigo antissemita" que vem aumentando mundialmente desde 7 de outubro. A reportagem contabiliza que na França, mais de mil incidentes já foram registrados, apesar da proibição criminal e da penalidade de até um ano de prisão e uma multa de € 45 mil para atos antissemitas.

A edição destaca que em Paris e nos subúrbios, na noite de 30 para 31 de outubro, surgiram de forma "misteriosa" 250 estrelas de Davi pintadas em fachadas de edifícios usando tinta azul. Ainda não e sabe se "a intenção" das estrelas era de "insultar o povo judeu ou de afirmar que pertenciam a ele".

Dois suspeitos foram presos. Eles teriam declarado que agiram em nome de um terceiro de nacionalidade russa, mas o caso segue em investigação.

A edição da L'Obs informa que após o ataque do Hamas, uma linha telefônica de ajuda e apoio psicológico foi aberta por instituições comunitárias para atender franceses judeus. A linha conta com 90 psicólogos e psiquiatras e, segundo os responsáveis, muitas pessoas que ligam se perguntam se ainda poderão permanecer em segurança na França.

"A Ucrânia não deve ser esquecida"

Olena Zelenska, esposa do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, apela na capa da L'Express para que a Ucrânia não seja esquecida, apesar dos holofotes da imprensa estarem voltados ao aquecido confronto no Oriente Médio.

Ela esteve em Paris nos dias 8 e 9 de novembro de 2023 para inaugurar um instituto cultural ucraniano e arrecadar fundos para sua fundação humanitária. A primeira-dama ucraniana concedeu entrevista exclusiva à revista: "Não se esqueçam da Ucrânia! Pois Vladimir Putin não vai parar nas fronteiras da antiga República Soviética. A natureza de um império é se expandir. Ele só para se você o impedir".

A publicação diz que enquanto uma guerra persegue a outra, o erro seria considerar que a imprensa e a opinião pública não possa manter duas frentes ao mesmo tempo. 

A revista relembrou que em Washington, os republicanos mais radicais, não convencidos pela contraofensiva ucraniana, querem separar a ajuda dada a Israel e a Kiev. No entanto, como diz o presidente dos EUA, Joe Biden, o Hamas e o Kremlin compartilham o mesmo objetivo: "aniquilar uma democracia vizinha". A L'Express deixa o questionamento: "Então, quem devemos escolher? Na realidade, nossa única opção é não escolher", conclui a semanal.

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