Acessar o conteúdo principal

Israel aceita "pausas diárias de quatro horas" em Gaza para retirada de civis

O Exército israelense concordou em realizar, a partir desta quinta-feira (9), "pausas diárias de quatro horas" no norte da Faixa de Gaza para permitir a retirada de civis presos. As interrupções nos combates serão anunciadas com três horas de antecedência, segundo o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos, John Kirby. 

Habitantes fogem para o sul da Faixa de Gaza, em 9 de novembro de 2023
Habitantes fogem para o sul da Faixa de Gaza, em 9 de novembro de 2023 REUTERS - MOHAMMED SALEM
Publicidade

De acordo com um porta-voz do Exército israelense, Richard Hecht, o acordo não representa uma "mudança" de estratégia. "São pausas táticas locais para ajuda humanitária, limitadas em tempo e área", assegurou à imprensa.

Nos últimos dias, milhares de palestinos estão fugindo a pé para o sul do território, em meio aos bombardeios e combates no norte, onde os membros do Hamas, com rifles de assalto e lançadores de granadas, enfrentam os soldados israelenses apoiados por veículos blindados.

O Exército israelense anunciou que havia tomado um centro de treinamento do Hamas no campo de refugiados de Jabaliya e que estava dirigindo suas operações na Cidade de Gaza contra os "quartéis centrais de inteligência" do movimento.

Em uma entrevista à emissora americana Fox News, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, assegurou  que suas tropas estavam avançando "excepcionalmente bem" em sua ofensiva terrestre.

Israel prometeu "destruir o Hamas" em retaliação ao ataque de 7 de outubro. No ataque, 1.400 pessoas morreram, a maioria civis, e cerca de 240 foram sequestradas.

Na Faixa de Gaza, os bombardeios israelenses mataram 10.812 pessoas, principalmente civis, sendo 4.412 crianças, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas. Além dos ataques aéreos, as tropas israelenses iniciaram em 27 de outubro uma ofensiva terrestre, que já deixou 34 soldados mortos.

"Não há água"

A ONU estima que um milhão e meio de pessoas deixaram a Faixa de Gaza, onde vivem 2,4 milhões de pessoas, desde o início da guerra. Segundo o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), centenas de milhares de pessoas ainda estão no norte do território palestino em "uma situação humanitária desesperadora".

Israel negou, no entanto, que haja uma "crise humanitária" em Gaza, embora tenha reconhecido a "situação difícil" da população local. Há um mês, o território palestino está cercado, sem acesso a água, comida, medicamentos ou eletricidade, e depende dos comboios de ajuda que entram com uma peridiocidade aleatória pelo ponto de fronteira de Rafah, vindo do Egito.

O enviado especial de ajuda humanitária dos Estados Unidos, David Satterfield, disse que "cerca de 100 caminhões por dia" estão entrando no território, mas "é preciso muito mais". No hospital Al-Awda de Jabaliya, "os médicos usam lanternas de cabeça", e os cirurgiões operam "com anestesia local", afirmou o médico Ahmad Mhanna.

Cessar-fogo é inviável, diz EUA

Nesta quinta-feira, durante uma conferência humanitária organizada pelo presidente Emmanuel Macron, em Paris, foram prometidos mais de um bilhão de dólares em contribuições para o território palestino.

Durante o evento, a agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) alertou novamente sobre "o pesadelo que Gaza está enfrentando hoje", que "mais do que uma crise humanitária, é uma crise da humanidade".

Em um relatório, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento previu que cerca de 285 mil habitantes de Gaza se juntarão ao milhão e meio de pessoas que viviam na pobreza neste território antes da guerra. Mas, apesar pedidos por um cessar-fogo, o primeiro-ministro Netanyahu enfatizou que não o concederá sem a libertação dos reféns.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou nesta quinta-feira que "não há possibilidade" de um cessar-fogo. O diretor da CIA, Bill Burns, e o do Mossad israelense, David Barnea, estão em Doha para negociar uma possível "pausa humanitária" que incluiria a libertação de reféns e mais ajuda para Gaza.

Em sua entrevista à Fox News, Netanyahu também disse que seu objetivo não é "governar" nem "ocupar" a Faixa de Gaza, da qual se retiraram em 2005 após 38 anos de ocupação. Há alguns dias, o presidente defendeu que Israel assumisse "por um período indeterminado a responsabilidade global pela segurança" em Gaza para evitar um ressurgimento do Hamas.

O conflito está tendo repercussões além de Gaza, a exemplo da fronteira entre Israel e o Líbano, onde 83 pessoas, a maioria combatentes do movimento Hezbollah, morreram.

Na Cisjordânia. ocupada por Israel desde 1967, pelo menos 170 palestinos foram mortos pelas mãos de soldados ou colonos judaicos desde 7 de outubro. Nesta quinta-feira, 14 palestinos morreram em Jenin na incursão mais mortal do exército no território desde 2005.

Israel intercepta míssil vindo da Síria

Um drone atingiu na quinta-feira (9) uma escola na cidade israelense de Eilat, às margens do mar Vermelho, sem deixar vítimas, informou o Exército israelense na rede social X (antigo Twitter). "A identidade do drone e as circunstâncias do incidente estão sendo investigadas", acrescentou.

Em resposta, o exército israelense "atacou a organização que realizou o ataque" a partir da Síria, segundo uma mensagem publicada na rede X (antigo Twitter), sem especificar o nome da organização. 

O prédio de uma escola, onde se encontrava um grupo de pessoas no momento da explosão, ficou danificado pelo impacto, segundo um porta-voz do Exército. 

O drone atingiu uma escola de ensino fundamental de Eilat. Atualmente, a cidade litorânea acolhe dezenas de milhares de pessoas deslocadas do norte de Israel e da região fronteiriça com Gaza, onde os combates entre o Exército israelense e o movimento islamista Hamas se agravam.

Rebeldes do Iêmen atacam alvos israelenses

O Exército israelense anunciou ter interceptado um míssil sobre o mar Vermelho com o sistema de defesa antimíssil Arrow. Pouco depois, interceptou também um "projétil suspeito" no sul de Israel, graças às baterias antiaéreas Patriot. A instituição também revelou que o projétil "não havia entrado em território israelense".

Os rebeldes huthis, do Iêmen, afirmaram ter lançado na quinta-feira "uma salva de mísseis balísticos em direção a vários alvos sensíveis" na região de Eilat, segundo um comunicado do porta-voz das forças armadas huthis, Yahya Sari. 

Nas últimas semanas, esse grupo iemenita próximo ao Irã reivindicou vários ataques com drones contra Israel, em resposta aos bombardeios na Faixa de Gaza. O porta-voz do Exército israelense, afirmou na quinta-feira que a ameaça não vinha "apenas do Iêmen". "Vigiamos as ameaças na região, incluindo contra Eilat. Elas podem vir de vários lados", acrescentou.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.