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No Haiti, edifícios culturais e patrimônio histórico são alvo de ataques de gangues

A Unesco condenou nesta semana os ataques a escolas e instituições educacionais e culturais no Haiti, à medida que os ataques de gangues se intensificam em Porto Príncipe. Vários bairros da capital haitiana estão sob o controle dos criminosos.

Um carro blindado da polícia patrulha a área do Hospital Geral, em Porto Príncipe, capital do Haiti.
Um carro blindado da polícia patrulha a área do Hospital Geral, em Porto Príncipe, capital do Haiti. AP - Odelyn Joseph
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Na última quarta-feira (3), gangues armadas invadiram a Biblioteca Nacional do Haiti em Porto Príncipe, em mais uma ilustração da espiral de violência que assola o país caribenho. Após alguns dias de relativa calma, os criminosos retomaram seus ataques em vários distritos, depois de terem saqueado duas universidades na semana passada. Essas ações violentas foram condenadas pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

"Praticamente todas as escolas estão fechadas e as mais simbólicas, como a Escola Nacional de Artes e a École Normale Supérieure (ENS), que forma professores, foram atacadas, acho que deliberadamente, para chamar a atenção do público, mas acima de tudo dos atores internacionais", adverte Khadim Sylla, coordenador de educação da Unesco para o Haiti.

O mesmo vale para o ataque aos arquivos nacionais – o patrimônio documental do Haiti é de importância quase universal, principalmente por causa da chamada "Revolução de 1804" [grande rebelião liderada por pessoas escravizadas e ex-escravos que pôs fim à escravidão no país, nesta que é reconhecida como a única revolução na qual escravos e ex-escravos foram os líderes e se saíram vitoriosos em toda a história da humanidade].

A Unesco pede o fim dos ataques. "Estamos nos dirigindo primeiro à população para expressar nossa solidariedade. E depois aos atores internacionais, para dar o alarme sobre a urgência da situação no Haiti. E também às autoridades atuais, porque a transição ainda não está completa", diz o representante da Unesco. "É também uma forma de conscientizar os próximos líderes que serão responsáveis por gerenciar a transição", concuiu.

Conselho de Transição longe de ser concluído

Três estabelecimentos de saúde também foram saqueados por gangues armadas em 26 e 27 de março, de acordo com o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários (Ocha) em um comunicado à imprensa.

No final de fevereiro, os poderosos líderes de gangues haitianas, que agora controlam grande parte de Porto Príncipe, uniram forças para atacar delegacias de polícia, prisões, o aeroporto e o porto marítimo, a fim de forçar o primeiro-ministro Ariel Henry a deixar o cargo.

Henry anunciou em 11 de março que renunciaria para dar espaço a um Conselho de Transição. Mas a formação desse conselho ainda não foi finalizada, devido a divergências entre os partidos políticos e outras partes interessadas que indicarão o próximo primeiro-ministro, além de haver dúvidas sobre a própria legalidade de tal órgão.

A ONU descreveu a situação como "cataclísmica", com 1.554 pessoas mortas nos primeiros três meses de 2024. A população também está enfrentando uma grave crise humanitária, com escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos.

(RFI e AFP)

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