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Faltam remédios em farmácias e hospitais do Haiti devido à violência e Porto Príncipe vive apagões

O Haiti se afunda cada vez mais no caos e na violência das gangues. Os ataques de grupos armados continuam, especialmente em bairros nobres da cidade de Pétion-Ville, ao sul de Porto Príncipe. Além disso, ataques a instalações elétricas causam grandes apagões na capital. O número de mortes e feridos continua a aumentar, os centros médicos estão sobrecarregados e os produtos farmacêuticos começam a se esgotar. 

Uma pessoa compra remédios em uma famácia de Porto Príncipe, no Haiti, em 23 de janeiro de 2023.
Uma pessoa compra remédios em uma famácia de Porto Príncipe, no Haiti, em 23 de janeiro de 2023. © Odelyn Joseph / AP
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"Quanto ao ciclo de distribuição de medicamentos no Haiti, ou seja, os laboratórios, depois as agências farmacêuticas, os depósitos de distribuição e finalmente as farmácias antes de chegar ao paciente, devido à situação de guerra que assola o país, todos esses canais são afetados", diz à RFI Pierre-Hugues Saint-Jean, presidente da Associação de Farmacêuticos do Haiti.

"Os três laboratórios farmacêuticos que temos no Haiti não podem funcionar normalmente. Há um que já está fechado, aguardando a normalização da situação, e os outros dois estão operando lentamente", completa, relatando que farmácias foram vandalizadas e saqueadas. "Nesta situação, o abastecimento ou reabastecimento das farmácias é extremamente difícil", diz.

Segundo ele, normalmente 70% das necessidades de insumos farmacêuticos e médicos do país são provenientes do exterior. Mas o porto de Porto Príncipe está bloqueado, o aeroporto internacional Toussaint-Louverture fechado, "por isso já não conseguimos encontrar medicamentos para abastecer nossos depósitos e farmácias", diz. 

"Mesmo que tivéssemos um estoque aduaneiro, seria impossível ter acesso a ele, porque o porto é controlado por civis armados que nos impedem de nos aproximarmos", diz. No aeroporto, a situação não é diferente. 

Antes da crise, Saint-Jean conta que era possível cobrir 30% das necessidades farmacêuticas localmente. Mas com o fechamento dos laboratórios por questões de segurança, a produção local de medicamentos diminui.

"Imagine a situação: neste momento há tiroteios por toda a cidade. Então, há ferimentos de bala. Problemas com a disponibilidade de insumos médicos e farmacêuticos dificultam o manejo dessas situações emergenciais", explica Saint-Jean. 

"Depois há pacientes com patologias crônicas. Eles normalmente precisam receber medicação todos os dias. Mas na situação atual, as farmácias comunitárias e as farmácias hospitalares têm dificuldade em reabastecer. Assim, as pessoas que têm patologias crônicas terão dificuldade em continuar a seguir seu tratamento", lamenta.

Falta de sangue e ataque a Banco Central

Além da falta de medicamentos, o país convive com a falta de sangue. "Hoje, esse problema está piorando, porque o centro de doação de sangue não consegue mais funcionar todos os dias devido à violência", diz.

Porto Príncipe amanheceu sem eletricidade nesta terça-feira. Várias subestações e uma central elétrica foram destruídas ou gravemente danificadas. Os grupos armados também continuaram sua ofensiva contra instituições estatais.

Segunda-feira (18), o Banco Central do Haiti foi alvo de um ataque repelido pela polícia. 

Várias residências em bairros nobres da cidade de Pétion-Ville, nas proximidades de Porto Príncipe, foram atacadas e pelo menos catorze pessoas morreram. As gangues mantêm a pressão sobre a capital, da qual controlam cerca de 80% do território.

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