Faltam remédios em farmácias e hospitais do Haiti devido à violência e Porto Príncipe vive apagões
O Haiti se afunda cada vez mais no caos e na violência das gangues. Os ataques de grupos armados continuam, especialmente em bairros nobres da cidade de Pétion-Ville, ao sul de Porto Príncipe. Além disso, ataques a instalações elétricas causam grandes apagões na capital. O número de mortes e feridos continua a aumentar, os centros médicos estão sobrecarregados e os produtos farmacêuticos começam a se esgotar.
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"Quanto ao ciclo de distribuição de medicamentos no Haiti, ou seja, os laboratórios, depois as agências farmacêuticas, os depósitos de distribuição e finalmente as farmácias antes de chegar ao paciente, devido à situação de guerra que assola o país, todos esses canais são afetados", diz à RFI Pierre-Hugues Saint-Jean, presidente da Associação de Farmacêuticos do Haiti.
"Os três laboratórios farmacêuticos que temos no Haiti não podem funcionar normalmente. Há um que já está fechado, aguardando a normalização da situação, e os outros dois estão operando lentamente", completa, relatando que farmácias foram vandalizadas e saqueadas. "Nesta situação, o abastecimento ou reabastecimento das farmácias é extremamente difícil", diz.
Segundo ele, normalmente 70% das necessidades de insumos farmacêuticos e médicos do país são provenientes do exterior. Mas o porto de Porto Príncipe está bloqueado, o aeroporto internacional Toussaint-Louverture fechado, "por isso já não conseguimos encontrar medicamentos para abastecer nossos depósitos e farmácias", diz.
"Mesmo que tivéssemos um estoque aduaneiro, seria impossível ter acesso a ele, porque o porto é controlado por civis armados que nos impedem de nos aproximarmos", diz. No aeroporto, a situação não é diferente.
Antes da crise, Saint-Jean conta que era possível cobrir 30% das necessidades farmacêuticas localmente. Mas com o fechamento dos laboratórios por questões de segurança, a produção local de medicamentos diminui.
"Imagine a situação: neste momento há tiroteios por toda a cidade. Então, há ferimentos de bala. Problemas com a disponibilidade de insumos médicos e farmacêuticos dificultam o manejo dessas situações emergenciais", explica Saint-Jean.
"Depois há pacientes com patologias crônicas. Eles normalmente precisam receber medicação todos os dias. Mas na situação atual, as farmácias comunitárias e as farmácias hospitalares têm dificuldade em reabastecer. Assim, as pessoas que têm patologias crônicas terão dificuldade em continuar a seguir seu tratamento", lamenta.
Falta de sangue e ataque a Banco Central
Além da falta de medicamentos, o país convive com a falta de sangue. "Hoje, esse problema está piorando, porque o centro de doação de sangue não consegue mais funcionar todos os dias devido à violência", diz.
Porto Príncipe amanheceu sem eletricidade nesta terça-feira. Várias subestações e uma central elétrica foram destruídas ou gravemente danificadas. Os grupos armados também continuaram sua ofensiva contra instituições estatais.
Segunda-feira (18), o Banco Central do Haiti foi alvo de um ataque repelido pela polícia.
Várias residências em bairros nobres da cidade de Pétion-Ville, nas proximidades de Porto Príncipe, foram atacadas e pelo menos catorze pessoas morreram. As gangues mantêm a pressão sobre a capital, da qual controlam cerca de 80% do território.
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