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Contra queda da natalidade, governo da Coreia do Sul cria subsídio para congelamento de óvulos

O governo sul-coreano decidiu criar um subsídio para o congelamento de óvulos, com o objetivo de enfrentar a queda do número de nascimentos no país – 0,7 por mulher no final de 2023.

Wasu 'yan mata da suka halarci bikin sabuwar shekara a birnin Seoul na Koriya ta Kudu.
Wasu 'yan mata da suka halarci bikin sabuwar shekara a birnin Seoul na Koriya ta Kudu. REUTERS - KIM HONG-JI
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O país registra uma das taxas de natalidade mais baixas do mundo, bem abaixo da chamada taxa de reposição, que é o índice necessário para equilibrar a quantidade de habitantes. Isso significa que sua população está envelhecendo e diminuindo rapidamente.

O governo sul-coreano já investiu bilhões de dólares para tentar incentivar a natalidade. As autoridades de Seul agora estão propondo subsidiar o congelamento de óvulos, embora especialistas digam que é improvável que a medida reverta o declínio demográfico do país.

A sul-coreana Jeong, que está chegando aos quarenta anos, decidiu aproveitar essa oportunidade. "Eu estava sob pressão para ter um filho por causa da minha idade, por isso tentei me casar rapidamente", disse a coreana, que pediu para não ser identificada.

"Quando eu tinha 30 e poucos anos, tentei achar um marido, mas não deu certo", explica. O congelamento de óvulos teoricamente permite que as mulheres preservem sua fertilidade. Mas as chances de sucesso são maiores antes dos 38 anos, quando teoricamente começa a "cair" a qualidade o óvulo.

Sem marido, Jeong conta que decidiu congelar seus óvulos. Desta forma, não se sente mais "tão ansiosa" com o fato de estar solteira ou correr o risco de não ter filhos. "Agora que tenho meus óvulos congelados como seguro, posso ir com calma" para encontrar a pessoa certa, disse à agência AFP.

Solução "mais prática"

Para o governo sul-coreano, ajudar as mulheres a congelar seus óvulos é "a solução mais prática" para "investir em potenciais nascimentos futuros". "À medida que a idade do casamento e da gravidez aumentam e a participação das mulheres na sociedade se torna mais importante, há um interesse crescente de mulheres solteiras que aspiram a poder conceber e dar à luz no futuro", diz um comunicado divulgado pelo gabinete do prefeito de Seul.

Em termos práticos, no entanto, esse programa só ajudará mulheres que vão se casar e ter um bebê por meio de inseminação intrauterina (IIU) ou fertilização in vitro (FIV), já que o acesso a esses procedimentos é praticamente impossível de se obter para casais solteiros ou do mesmo sexo - muitas clínicas exigem certidões de casamento.

A tecnologia de congelamento de óvulos está disponível na Coreia do Sul desde o final da década de 1990, mas o procedimento era pouco conhecido e procurado.

Até poucos anos atrás, apenas mulheres com câncer, que corriam o risco de perder a fertilidade, estavam interessadas no procedimento, disse Cha Kwang-yul, diretor do CHA Medical Center. Recentemente, "a cultura mudou e as pessoas começaram a pensar, 'se você não vai se casar, mantenha seus ovos'", diz.

Mudanças sociais

No entanto, essas medidas não levam em conta grandes mudanças sociais, segundo especialistas. Os jovens sul-coreanos se descrevem como a geração "n-Po", ou seja, aqueles que abandonaram muitos dos objetivos de seus mais velhos, como casamento, paternidade e casa própria, devido ao crescimento estagnado e a intensa competição por empregos.

Em 2022, houve 3,7 casamentos por 1.000 pessoas na Coreia do Sul, o menor índice da história. O número de pessoas que vivem sozinhas em uma casa representa agora 41% dos sul-coreanos. Mas a monoparentalidade continua sendo altamente estigmatizada no país e marginalizada, explica Hyeyoung Woo, professor de sociologia da Universidade Estadual de Portland, nos Estados Unidos.

Em 2020, apenas 2,5% dos bebês sul-coreanos nasceram fora do casamento, em comparação com a média da OCDE de 40%. Subsidiar o congelamento de óvulos "não resolverá efetivamente a baixa taxa de natalidade da Coreia", escreveu a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico em um comunicado.

Em vez disso, a organização defende o incentivo ao casamento, ou a um segundo filho, através de programas de apoio à moradia, impostos, cuidados infantis e licença maternidade e paternidade. O país também precisa "aceitar mais as diferentes formas de família", ajudando solteiros e casais do mesmo sexo se quiserem ter filhos, sugere.

Com informações da AFP

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