Acessar o conteúdo principal

"Contra antissemitismo", França homenageia vítimas do ataque de 7 de outubro em Israel

O presidente Emmanuel Macron prestará uma homenagem nacional nesta quarta-feira (7) às vítimas francesas do ataque de 7 de outubro realizado pelo Hamas em Israel.

Representantes das famílias de reféns franco-israelenses sequestrados em Gaza durante coletiva em Paris
Representantes das famílias de reféns franco-israelenses sequestrados em Gaza durante coletiva em Paris AFP - EMMANUEL DUNAND
Publicidade

A França tem a maior comunidade judaica da Europa, com cerca de 500.000 pessoas e quase 100.000 cidadãos vivem em Israel, muitas vezes com dupla cidadania. A homenagem começará às 11h45 no horário local (10h45 no horário de Brasília). Os retratos das vítimas entrarão no pátio principal carregados pela Guarda Republicana.

Em seguida, haverá a interpretação do Kaddish (canção de luto) de Maurice Ravel e o chefe de Estado francês fará um discurso. Centenas de convidados assistirão à cerimônia, entre eles, o ex-presidente François Hollande, além de representantes de diversas religiões. 

A homenagem, a primeira fora de Israel, acontecerá quatro meses após o ataque do movimento islâmico palestino, que deixou mais de 1.160 mortos, a maioria civis, de acordo com um balanço da agência da AFP com base em dados oficiais israelenses. A ofensiva desencadeou a guerra na Faixa de Gaza. 

Pelo menos 42 concidadãos ou franco-israelenses morreram no ataque do Hamas, três ainda estão desaparecidos e continuam detidos como reféns, quatro reféns foram libertados e seis ficaram feridos. Este é o maior número de vítimas francesas desde o ataque em Nice, em 14 de julho de 2016, que deixou 86 mortos e mais de 400 feridos.

Deputados governistas e da direita protestaram contra a ida de representantes do partido de extrema esquerda, A França Insubmissa, ao evento. Cinco famílias franco-israelenses escreveram ao presidente Macron pedindo também que Jean-Luc Mélenchon, líder da esquerda radical, fosse proibido de participar da homenagem. 

"Não acho que eles deveriam estar lá", disse Ishay Dan, cujo irmão, Ofer Kalderon, de 53 anos, está detido pelo Hamas e matou dois sobrinhos no ataque de 7 de outubro, mas disse estar "orgulhoso" da homenagem.

O Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, alega que a homenagem é "republicana" e que todos os parlamentares estão convidados. O presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas na França, Yonathan Arfi, parabenizou o governo pela iniciativa que, segundo ele, "visa inserir na consciência coletiva os nomes, os rostos e o destino das 42 vítimas francesas".

No final da cerimônia, o presidente francês se reunirá com as famílias. Muitas delas vieram de Israel em um voo especial.  Ayala Yahalomi Luzon, que não tem notícias de seu irmão Ohad, de 49 anos, há "123 dias", e pediu "ações concretas para trazer (os reféns) para casa".

Mães de reféns israelenses em Gaza se reúnem na praça do Trocadero, em Paris, todas as sextas-feiras, para pedir ua libertação
Mães de reféns israelenses em Gaza se reúnem na praça do Trocadero, em Paris, todas as sextas-feiras, para pedir ua libertação © AP/Christophe Éna

Perseguição antissemita

De acordo com as autoridades israelenses, 132 reféns permanecem na prisão de Gaza e 29 teriam morrido. As negociações estão em andamento para garantir a libertação deles em troca de uma pausa nos combates. Cerca de 100 reféns foram libertados no final de novembro durante uma trégua.

A cerimônia, no pátio dos Inválidos, a poucos passos do monumento às vítimas do terrorismo, simboliza a "luta contra o antissemitismo”, segundo o Eliseu. "É óbvio, que há uma dimensão antissemita nos atos terroristas perpetrados em 7 de outubro”, comentou um assessor da presidência francesa.

"Basta olhar os detalhes e a crueldade envolvida. Tudo isso é uma forma de renascimento de expressão ultraviolentas e antissemitas, que infelizmente já foram enfrentadas pela humanidade", acrescentou, exemplificando como o ataque traz à tona a memória do Holocausto.

'Dois pesos e duas medidas'

 O líder do partido A França Insubmissa, Manuel Bompard, denunciou nesta quarta-feira os "dois pesos e duas medidas em Gaza", onde mais de 27.500 pessoas foram mortas desde o início da ofensiva israelense, segundo o ministério da Saúde do Hamas, e pediu ao governo que seja organizada a mesma homenagem aos cidadãos franceses que morreram no enclave.

O Palácio do Eliseu confirmou que haverá “um momento dedicado à memória” das vítimas em Gaza, onde pelo menos duas crianças francesas foram mortas em Gaza, segundo as autoridades francesas.

Em Israel, a homenagem francesa será transmitida em um telão na "Praça dos Reféns", local em frente ao Ministério da Defesa em Tel Aviv, onde as famílias dos reféns se reúnem regularmente para pressionar o governo a garantir a libertação de todos os reféns.

Com informações da AFP

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.