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Em último dia na COP28, Lula diz que é possível preservar florestas aumentado produção agrícola

"O Brasil pode preservar suas florestas e aumentar sua produção agrícola", afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo (3), em Dubai, antes de deixar a COP28, a conferência climática da ONU. O chefe de Estado foi criticado por movimentos ecologistas por aceitar o convite de adesão da OPEP+. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pronuncia seu discurso na tribuna da COP 28, na sexta-feira, 1º de dezembro de 2023.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pronuncia seu discurso na tribuna da COP 28, na sexta-feira, 1º de dezembro de 2023. © Géraud Bosman-Delzons/RFI
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"Queria demonstrar que é perfeitamente possível manter a floresta intacta. E que podemos plantar o que quisermos", declarou Lula à imprensa antes de partir para Berlim, onde continuará sua viagem internacional.

Este plano de expansão de terras aráveis ​​“sem desmatamento” deve envolver a conversão de pastagens. “Queremos convencer, não queremos discutir”, acrescentou.

O governo brasileiro chegou à COP28 com duas propostas, uma para seu país, para reabilitação de terras, e outra internacional, para a criação de um fundo internacional para a preservação das florestas tropicais em 80 países. 

“Hoje temos um programa muito sério, que consiste em recuperar quase 40 milhões de hectares de terras degradadas”, explicou o presidente brasileiro. "Poderemos dobrar a produção [e] manteremos tudo, tudo", afirmou. “Graças aos avanços da genética e da engenharia, poderemos produzir muito mais”, continuou.

A proposta brasileira de Fundo para Países Tropicais é fixar uma remuneração anual paga aos Estados por cada hectare de floresta ou madeira preservada, que pode ser revista regularmente. Para cada hectare desmatado será exigida multa equivalente ao valor pago por 100 hectares preservados.

Este mecanismo deve ser supervisionado de forma transparente e aceito pelos investidores e beneficiários.

O desmatamento da Amazônia, que durante o mandato do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (2019-2022) aumentou 75% em relação à média da década anterior, diminuiu 22% no primeiro semestre de 2023, de acordo com dados oficiais.

Para os cientistas, desacelerar a destruição da Amazônia é fundamental para tentar não ultrapassar o ponto de não-retorno, a partir do qual a floresta emitirá mais carbono do que armazena.

Críticas de ecologistas

O presidente Lula se apresentou na COP28 como um defensor da luta contra o aquecimento global, mostrando uma redução significativa do desmatamento na Amazônia desde seu retorno ao poder, em janeiro deste ano. Mas também foi alvo de críticas por causa do projeto da Petrobras de exploração de petróleo na foz do Amazonas.

A decisão do Brasil, confirmada no sábado (2), de se unir à OPEP+, com o objetivo de “convencer os principais países produtores de petróleo” a se preparar para a transição energética “sem combustíveis fósseis”, gerou críticas do Greenpeace. 

“O Brasil diz uma coisa, mas faz outra na COP28. É inaceitável que o país que diz defender o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C, anuncie agora seu alinhamento com o grupo dos maiores produtores de petróleo do mundo”, reagiu Leandro Ramos, da filial brasileira do Greenpeace, citado em um comunicado de imprensa.

O convite ao Brasil tinha sido anunciado na quinta-feira (30) durante reunião da OPEP+, aliança formada pelos 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e dez países parceiros, incluindo a Rússia. A adesão deve ocorrer em janeiro.

COP com cara do Brasil

Lula também falou com os jornalistas sobre a COP30, que será realizada em Belém, em 2025. O presidente brasileiro disse que não seria possível fazer um evento luxuoso como o realizado em Dubai, mas que a conferência de Belém "teria a cara do Brasil". 

"Se a gente não tiver o palácio que a gente tem aqui para fazer a reunião, a gente pode fazer embaixo de uma copa de uma árvore, discutir os assuntos do mesmo jeito em uma canoa em um igarapé. Essa vai ser a nossa COP no Brasil em 2025", garantiu. 

Este domingo foi o último dia de participação de Lula na COP28, mas o evento continua até dia 12 de dezembro.

(Com informações da AFP)

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