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Macron diz que “países do G7 devem dar o exemplo” ao defender fim de usinas de carvão até 2030 na COP28

Na sexta-feira (1°), o segundo dia da Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 28, que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi marcado por dezenas de discursos inflamados dos líderes presentes. Já no sábado (2), as divergências começaram a surgir.

Emmanuel Macron discursando na sessão plenária da COP28 em Dubai, em 1º de dezembro de 2023.
Emmanuel Macron discursando na sessão plenária da COP28 em Dubai, em 1º de dezembro de 2023. AP - Peter Dejong
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O presidente francês Emmanuel Macron criticou fortemente o uso e o fornecimento de subsídios para criação de usinas de carvão para geração de energia, afirmando que os países ricos do G7 precisam ser exemplares neste quesito. "Se há um absurdo neste momento, este absurdo é o carvão. Precisamos dar uma completa reviravolta nesta questão e os países do G7 devem dar o exemplo e se comprometer a acabar com o uso do carvão em seus países antes dos outros, ou seja, antes de 2030", discursou.

Para Macron, os países mais ricos também devem ajudar os países emergentes a abandonar o uso do minério para geração de energia e criticou o fornecimento de subsídios para construção de usinas poluentes.

"Durante a COP26, em Glasgow, o G7 se comprometeu com quase US$ 50 bilhões para parcerias de transição energética. Temos que parar de subsidiar novas usinas elétricas movidas a carvão, temos que mudar nossas regras de financiamento privado. O setor privado atualmente não tem nenhum desestímulo para financiar uma usina elétrica a carvão em comparação a energia renovável ou qualquer outra, isso é totalmente absurdo e chocante", bradou ele, na plenária.

Medidas a serem tomadas

Já neste sábado (2), terceiro dia da COP 28, em uma declaração conjunta, cerca de vinte países, incluindo os Estados Unidos, a França e os Emirados Árabes Unidos, pediram para triplicar a capacidade de energia nuclear do mundo até 2050, em comparação com 2020, a fim de reduzir a dependência do carvão e do gás, que é a principal questão em jogo nesta Conferência climática da ONU.

O anúncio foi feito por John Kerry, enviado dos EUA para o clima, em Dubai, na companhia de vários líderes, incluindo Emmanuel Macron e o primeiro-ministro belga Alexander de Croo. No entanto, a China e a Rússia, os principais construtores de usinas nucleares do mundo, não estavam entre os signatários.

O diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, pediu que o financiamento público internacional para a energia nuclear seja desbloqueado. Em uma entrevista à AFP na COP28, ele também acredita que seria "um erro" desqualificar essa forma de energia por causa dos erros cometidos em certos projetos.

Apesar de seus defensores defendem que este tipo de energia praticamente não emite gases de efeito estufa, seu uso continua sendo contestado por ecologistas devido a seu impacto ambiental e o risco envolvido. 

Mas como projetos enormes e arriscados, como as centrais nucleares, que têm uma vida útil de décadas, podem ser financiados, especialmente em um momento em que o custo das energias renováveis está caindo constantemente?

"Há muito trabalho a ser feito", admite Rafael Grossi. Ele cita a necessidade de financiamento dos países em desenvolvimento que gostariam de continuar com a energia atômica (Brasil, Argentina, África do Sul...) ou daqueles que estão interessados, do Marrocos ao Senegal, do Quênia às Filipinas.

Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). AFP - ALEX HALADA

 

Falas marcantes do segundo dia

O presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva disse na sexta-feira que "O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos" e que "precisamos de atitudes e práticas concretas”. Lula e Emmanuel Macron devem almoçar juntos em Dubai neste sábado. O Brasil será o país sede da COP30 daqui a dois anos. 

O papa Francisco, que não pôde estar presente à COP28, enviou uma mensagem no sábado aos participantes pedindo "uma aceleração decisiva da transição ecológica". O discurso do papa, que teve que cancelar sua viagem a Dubai por causa de uma bronquite, foi lido pelo Cardeal Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.

(Com informações da AFP e agências)

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