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Promovida por Macron, ‘conferência humanitária’ em Paris busca desbloquear ajuda a Gaza

Paris realiza uma conferência internacional nesta quinta-feira (9) para tentar desbloquear a ajuda humanitária a Gaza, quase impossível em meio aos incessantes bombardeios de Israel desde o ataque do Hamas de 7 de outubro. Tel Aviv não estará representada no evento, promovido pelo presidente Emmanuel Macron, e a maioria dos países árabes não enviará representantes de alto escalão.

Presidente francês, Emmanuel Macron, fala na abertura de conferência humanitária internacional para ajudar os civis em Gaza, no palácio do Eliseu, em Paris. (9/11/2023)
Presidente francês, Emmanuel Macron, fala na abertura de conferência humanitária internacional para ajudar os civis em Gaza, no palácio do Eliseu, em Paris. (9/11/2023) via REUTERS - POOL
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O chefe de Estado francês conversou na terça-feira (7) com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e voltará a falar com ele em breve, segundo informou a presidência francesa. Também na terça, Macron conversou por telefone com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, e com o emir do Catar, o xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, cujos países desempenham um papel fundamental na entrega de ajuda na Faixa de Gaza, onde 2,4 milhões de palestinos estão isolados.

Na conferência, a Autoridade Palestiniana será representada pelo seu primeiro-ministro e o Egito, que fiscaliza o único ponto de passagem para Gaza não controlado por Israel, em Rafah, enviará uma delegação ministerial.

O evento pretende, por um lado, chegar a um diagnóstico comum da situação e “mobilizar todos os parceiros e doadores para responder a estas necessidades”, segundo um conselheiro do presidente francês. Conforme o Ministério das Relações Exteriores francês, as discussões incluirão uma sessão sobre ajuda em termos de alimentos, equipamento médico e energia, "uma questão complicada porque Israel não quer que a gasolina entre na Faixa de Gaza".

“É muito claro para o presidente que Israel tem o direito de se defender”, afirmou à AFP uma fonte próxima de Emmanuel Macron, mas “hoje, há vítimas demais em Gaza”.

Uma segunda parte do encontro terá como foco as doações e um diálogo sobre o acesso humanitário ao território, que permanece extremamente complicado. “A França contribuirá” com “um aumento das suas contribuições”, afirmou o assessor de Macron.

ONGs pressionam

Outro objetivo, ainda vago, é “operacional”, insiste Paris. O presidente, que abrirá a conferência com um discurso, “espera resultados tangíveis” para “tornar eficazes” as iniciativas bloqueadas pelo cerco israelense e os combates constantes.

Estarão presentes os primeiros-ministros da Grécia, da Irlanda e do Luxemburgo, os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão, Charles Michel e Ursula von der Leyen, e a subsecretária de Estado de Segurança Civil americana, Uzra Zeya.

A reunião será acompanhada de perto pelas organizações humanitárias, que denunciam a falta de acesso e a impossibilidade de prestar ajuda enquanto continuam os bombardeios em Gaza. Treze ONG pediram na quarta-feira um “cessar-fogo imediato”, exigindo “garantia da entrada de ajuda em Gaza e o respeito pelo direito humanitário internacional”.

“O pesadelo em Gaza é mais do que uma crise humanitária, é uma crise da humanidade”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Estimativas da ONU apontam que as necessidades de ajuda para a população de Gaza e da Cisjordânia chegam a 1,2 mil milhões de dólares até ao final de 2023.

Sem declaração conjunta

O pequeno território palestino está sob bloqueio israelense desde o ataque sem precedentes lançado em 7 de outubro pelo Hamas, o movimento extremista islâmico que o controla. O exército israelense vem realizando bombardeios incessantes à região há um mês e, mais recentemente, realizou operações militares terrestres.

Os apelos por “pausas”, “tréguas” ou “cessar-fogo” aumentaram nas últimas semanas, para facilitar o acesso à ajuda e a libertação de mais de 240 reféns capturados pelo Hamas em solo israelense. Mas Benjamin Netanyahu descartou novamente, na quarta-feira, qualquer cessar-fogo sem a libertação dos reféns.

A cúpula do governo francês avalia que “o Hamas provavelmente vai permanecer com os reféns enquanto a operação continuar nas condições atuais. Portanto, a pausa humanitária, parece-nos, também é importante para obter a libertação dos reféns”. No final da conferência, não haverá uma declaração conjunta para não “cairmos” num debate interminável “sobre uma palavra ou outra”, indica a mesma fonte.

“Paris insiste num carácter estritamente pragmático, operacional e humanitário. Não queremos que esta conferência do Eliseu se transforme numa plataforma de condenação de Israel”, aponta uma fonte diplomática europeia.

Com AFP

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