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Líbano quer “evitar entrar na guerra” Israel-Hamas apesar de caos com Hezbollah na fronteira, diz Mikati

O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, disse na segunda-feira (30) que estava trabalhando para garantir que seu país não entre na guerra Hamas-Israel, mesmo com o Hezbollah e Israel trocando tiros transfronteiriços.

O primeiro-ministro libanês Najib Mikati.
O primeiro-ministro libanês Najib Mikati. AP - Hussein Malla
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Em entrevista à AFP, Najib Mikati sublinhou que não pode “descartar uma escalada”. “Estou cumprindo o meu dever de evitar que o Líbano entre em guerra”, assegurou.

“O Líbano está no centro da tempestade”, disse referindo-se aos conflitos menores na fronteira sul do país, alimentando preocupações de que o movimento Hezbollah do Líbano, apoiado pelo Irã e um aliado do Hamas, possa abrir uma nova frente com Israel.

Desde o início da guerra, desencadeada pelo ataque sangrento sem precedentes do Hamas em Israel, em 7 de outubro, o Hezbollah pró-iraniano e seus aliados reivindicaram disparos contra Israel a partir do sul do Líbano, alegando querer apoiar o movimento islâmico palestino.

Mikati, que de fato lidera o país sem presidente há um ano, disse que não era capaz de dizer se o Hezbollah, com o qual mantém contatos, quer uma nova guerra com Israel.

“Tudo está ligado aos desenvolvimentos na região”, disse, estimando que, na ausência de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, os riscos de uma “escalada regional” eram grandes.

Os analistas acreditam que uma intensificação da ofensiva israelita na Faixa de Gaza poderia levar o Hezbollah a intervir mais abertamente. Seu líder, Hassan Nasrallah, deverá fazer um discurso pela tevê pela primeira vez desde 7 de outubro na sexta-feira (3).

“Até hoje, vejo que o Hezbollah está agindo com sabedoria e razão”, mas, ao mesmo tempo, “não posso tranquilizar os libaneses”, sublinhou Najib Mikati. Em 2006, Israel e o Hezbollah travaram um conflito sangrento que deixou mais de 1.200 mortos no Líbano, a maioria civis, e 160 em Israel, a maioria soldados.

Caos fronteiriço

O Hezbollah, que possui um arsenal mais poderoso do que o próprio exército do Líbano, até agora limitou-se a atingir a região da fronteira norte com Israel, que contra-atacou.

Os conflitos na fronteira Líbano-Israel mataram pelo menos 62 pessoas no lado libanês, de acordo com uma contagem da AFP, a maioria combatentes do Hezbollah, mas também quatro civis, incluindo o jornalista da Reuters Issam Abdallah. Já autoridades israelenses relataram quatro mortes, incluindo um civil.

Mikati disse que qualquer escalada poderia estender-se para além do Líbano. “Não posso descartar uma escalada porque há uma corrida para chegar a um cessar-fogo antes que a escalada se espalhe por toda a região”, disse Mikati. "Temo que o caos possa engolir todo o Oriente Médio", disse também.

O Hezbollah e facções palestinas aliadas no Líbano trocaram tiros com Israel quase diariamente nas últimas três semanas. Grupos apoiados ou afiliados ao Irã também lançaram ataques contra Israel a partir da Síria e tiveram como alvo as forças dos EUA estacionadas no Iraque e na Síria.

O Líbano testemunhou uma onda de atividade diplomática no início da escalada, com altos funcionários visitando o país. Mikati também fez uma viagem oficial no domingo ao Qatar - que está mediando os esforços de paz na guerra Hamas-Israel.

O Catar desempenha “um importante papel de mediação”, disse Mikati à AFP. “A mediação quase teve sucesso na sexta-feira passada, mas foi interrompida quando os israelitas iniciaram operações terrestres em Gaza”, disse ele.

Libaneses cansados de guerras 

O Líbano, sem dinheiro, enfrenta a possibilidade de uma guerra sem ter liderança, uma vez que as divisões políticas deixaram o país sem presidente durante um ano. Enquanto Mikati chefia um gabinete interino durante cerca de um ano e meio com poderes limitados, instou os legisladores libaneses a “elegerem um presidente o mais rápido possível”. Membros do parlamento divididos falharam 12 vezes na eleição de um presidente durante o ano passado.

"Os libaneses estão cansados do conflito, não querem entrar em nenhuma guerra e querem estabilidade", disse Mikati, num país que teve uma guerra civil de 1975-1990, viveu 22 anos de ocupação israelita e novamente uma guerra em 2006 com Israel.

Apesar da relativa calma nos últimos anos, no final de 2019 o país mergulhou numa crise econômica sem precedentes, empurrando a maior parte da população para a pobreza.

(Com informações da AFP)

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