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ONG humanitária acusa exército e grupo Wagner de executar pessoas no Mali desde dezembro de 2022

As forças armadas do Mali e combatentes estrangeiros que podem ser integrantes do Grupo Wagner, ligado à Rússia, executaram dezenas de pessoas e também são responsáveis por vários desaparecimentos na região central do Mali, desde dezembro de 2022, informou a ONG Human Rights Watch (HRW) nesta segunda-feira (24).

Imagem de ilustração mostra veículo do exército malinês em Tombouctou, em 9/9/21.
Imagem de ilustração mostra veículo do exército malinês em Tombouctou, em 9/9/21. AFP - MAIMOUNA MORO
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Os combatentes destruíram e saquearam propriedades de civis e supostamente torturaram detidos em um acampamento militar, denunciou a HRW.

O ministro das Relações Exteriores do Mali, Abdoulaye Diop, pediu, em 16 de junho de 2023, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a retirada "sem demora" da Missão Multidimensional Integrada de Estabilização no Mali (MINUSMA). Ele citou uma "crise de confiança" entre as autoridades do Mali e a força de manutenção da paz da ONU, que é de aproximadamente 15.000 homens.

Em 28 de junho, o Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu "encerrar o mandato da MINUSMA", mas decidiu manter seu pessoal até 31 de dezembro para planejar e implementar a cessação das operações e a transferência de tarefas. Com a saída da ONU do país, a HRW pede à União Africana e à Comunidade Econômica dos Estados da África do Oeste (Cedeao) que exerçam pressão contra os abusos. 

A HRW relata ter efeituado cerca de 40 entrevistas telefônicas entre 1.º e 30 de maio sobre o ocorrido no centro do Mali. A ONG falou com 20 testemunhas de abuso, 3 parentes de vítimas, 2 líderes comunitários, 5 ativistas civis no Mali, 8 representantes de organizações internacionais e dois analistas políticos especializados na região do Sahel, uma faixa que corta horizontalmente o continente africano, marcando a transição entre a região de desertos ao norte e de savanas ao sul.

Os entrevistados citaram a presença – em três dos quatro locais onde ocorreram as violências – de estrangeiros “brancos” armados, de “russos” ou “integrantes do grupo Wagner”.

A ONG também estudou um vídeo mostrando abusos cometidos por soldados malineses e forças estrangeiras, mas não conseguiu determinar data e local onde ocorreram os fatos.

Em junho, a HRW escreveu aos ministros da Justiça e da Defesa do Mali, a para informá-los das conclusões sobre as alegações de abuso, além de pedir explicações. Em julho, o governo respondeu que não estava ciente de nenhuma violação de direitos humanos, mas que iria investigar.

Testemunho

“Eu estava no mercado quando os tiros começaram e vi três helicópteros militares voando em baixa altitude, um deles estava atirando”, declarou um morador de 28 anos do vilarejo de Ouenkoro. “As pessoas fugiam em todas as direções. Peguei minha moto e tentei fugir o mais rápido possível. Vi duas pessoas caindo atrás de mim, atingidas pelos helicópteros”, acrescentou.

No dia 3 de fevereiro, o vilarejo de Seguela foi tomado por numerosos combatentes estrangeiros “brancos” em uniforme. Eles agrediram e pilharam a área, além de prender 17 homens. Oito corpos foram encontrados, relata a Human Rights Watch.

No dia 1.º de maio, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, reconheceu, em entrevista a uma cadeia de noticiais italiana, que o grupo Wagner “fornecia serviços de segurança” ao governo maliano.

O Mali vive desde 2012 uma profunda crise de segurança, alimentada por grupos jihadistas e separatistas ou mercenários. 

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