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Assad volta à cena diplomática árabe em grande estilo após guerra na Síria

O presidente sírio Bashar al-Assad participou de sua primeira cúpula da Liga Árabe em mais de uma década nesta sexta-feira (19), sinalizando seu retorno ao palco diplomático árabe, do qual foi afastado após a guerra em seu país. Após anos de isolamento, ele defendeu "uma nova fase" na cooperação árabe diante de seus pares reunidos na Arábia Saudita e na presença do presidente ucraniano Volodomyr Zelensky, convidado surpresa da reunião.

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, reúne-se com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman durante a cúpula da Liga Árabe, em Jeddah, Arábia Saudita, nesta imagem estática obtida de um vídeo de 19 de maio de 2023. Al Ekhbariya Tv via REUTERS
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, reúne-se com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman durante a cúpula da Liga Árabe, em Jeddah, Arábia Saudita, nesta imagem estática obtida de um vídeo de 19 de maio de 2023. Al Ekhbariya Tv via REUTERS AP
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"Estamos felizes em dar as boas-vindas ao presidente Bashar al-Assad", declarou o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salmane, na abertura da cúpula.

A organização pan-árabe expulsou o regime sírio no final de 2011 por sua repressão a uma revolta popular, que se transformou em uma guerra devastadora, antes de reintegrá-lo no último 7 de maio. O presidente sírio disse que seu país está ligado à "sua filiação árabe", pedindo uma "ação árabe conjunta para a solidariedade, paz na região, desenvolvimento e prosperidade em vez de guerra e destruição".

No final da cúpula, Bashar al-Assad se reuniu com o governante de fato e príncipe herdeiro do reino, Mohammed bin Salmane, saudando a retomada das relações entre os dois países após um intervalo de 11 anos, de acordo com a agência de notícias oficial da Síria, SANA.

No início do dia, ele se reuniu com o presidente da Tunísia, Kais Saied, e com o vice-presidente dos Emirados, Sheikh Mansour bin Zayed. Os Emirados Árabes Unidos, que voltaram a se relacionar com a Síria em 2018, têm sido muito ativos na reintegração de Damasco à Liga Árabe.

O regime de Assad também se beneficiou de uma manifestação de solidariedade depois que um terremoto devastou grande parte da Síria e da Turquia em 6 de fevereiro.

Promover a "reconciliação"

O comunicado emitido no final da cúpula enfatizou a "necessidade de tomar medidas eficazes e eficientes para alcançar um acordo na Síria". Os chefes de Estado árabes também concordaram em "fortalecer sua cooperação" em questões "relacionadas a refugiados, terrorismo e tráfico de drogas", acrescentou.

A guerra na Síria, onde os combates praticamente cessaram, deixou cerca de meio milhão de mortos, além de milhões de refugiados e pessoas deslocadas. Nas regiões do norte da Síria, que ainda estão fora do controle do regime sírio, centenas de pessoas se manifestaram na sexta-feira para denunciar a participação do presidente Assad na cúpula árabe, de acordo com um correspondente da agência AFP.

Damasco espera normalizar suas relações com as ricas monarquias do Golfo para financiar sua dispendiosa reconstrução. Mas países como o Qatar, que tem se oposto fortemente ao regime de Bashar al-Assad desde o início da guerra na Síria, ainda estão relutantes. De acordo com a agência SANA, o presidente sírio cumprimentou o emir do Qatar, xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, nesta sexta-feira (19).

A cúpula está sendo realizada em um cenário de distensão regional, marcado pela aproximação nos últimos meses entre o reino saudita e seu grande rival regional, o Irã. O país anfitrião também está fazendo esforços diplomáticos para encontrar uma solução para os conflitos no Iêmen e no Sudão.

"Honestidade" em relação à Ucrânia

Além dos conflitos no Oriente Médio, a guerra na Ucrânia também esteve na pauta da 32ª cúpula da Liga Árabe. O presidente ucraniano, Volodomyr Zelensky, pediu aos líderes regionais que "dessem uma olhada com honestidade" na guerra em seu país.

"Infelizmente, alguns países do mundo e aqui entre vocês estão fechando os olhos para essas prisões e anexações ilegais", disse ele. O presidente ucraniano foi convidado pela Arábia Saudita e não pela Liga Árabe, disse um funcionário da organização pan-árabe.

Zelensky disse nas redes sociais que também havia se reunido com o príncipe herdeiro saudita para discutir "os principais pontos do tratado de paz ucraniano". Ele também falou de outras reuniões bilaterais com os líderes de uma região que é muito menos unida em seu apoio à Ucrânia do que seus aliados europeus e norte-americanos.

Riad adotou uma postura relativamente neutra no conflito, mediando inesperadamente uma troca de prisioneiros entre Moscou e Kiev em setembro. A maior economia do mundo árabe e o maior exportador de petróleo do mundo coordena sua política de petróleo com a Rússia, ao mesmo tempo em que mantém laços estreitos com os Estados Unidos, seu parceiro de segurança de longa data.

Por outro lado, a Síria de Bashar al-Assad, um firme aliado de Moscou, foi um dos cinco países a votar contra as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que pedem que a Rússia cesse as hostilidades na Ucrânia.

(Com AFP)

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