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Controverso presidente da COP28 em Dubai quer redução de CO2 sem cortar uso do petróleo

Nomeado presidente da Conferência do Clima da ONU em Dubai (COP28), Sultan al-Jaber, CEO de uma gigante do petróleo do Golfo, pediu neste sábado (14) para que o debate sobre a redução das emissões de CO2 não ataque o "progresso", referindo-se à indústria do petróleo. A designação dele para coordenar os trabalhos da principal conferência climática do ano gera críticas mundo afora e ameaças de boicote ao evento.

Nomeação de Sultan al-Jaber ao posto de presidência da COP28 gerou revolta de ambientalistas. (Arquivo AP, outubro de 2022)
Nomeação de Sultan al-Jaber ao posto de presidência da COP28 gerou revolta de ambientalistas. (Arquivo AP, outubro de 2022) AP - Kamran Jebreili
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A escolha de al-Jaber, presidente da ADNOC (Abu Dhabi National Oil Company), companhia petrolífera nacional dos Emirados Árabes Unidos, foi anunciada na quinta-feira (12). "Estamos em um ponto de inflexão histórico. Crescimento com menores emissões de CO2 é o futuro", disse Sultan al-Jaber, que também é ministro da Indústria de seu país. “Estamos trabalhando com a indústria de energia para acelerar a descarbonização, reduzindo o metano e desenvolvendo o hidrogênio”, acrescentou, em um fórum de energia em Abu Dhabi, capital dos Emirados. "Vamos continuar focando na redução das emissões, não no progresso."

O empresário defendeu que “enquanto o mundo usar hidrocarbonetos, devemos garantir que eles tenham a menor intensidade de carbono possível”. Responsáveis pela segunda maior parcela de emissões de CO2 no planeta, atrás apenas do carvão, as empresas petrolíferas são capazes de reduzir a sua pegada de carbono sem comprometer a produção do óleo. Mas o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, advertiu que "não há como evitar a catástrofe climática sem acabar" com o uso de combustíveis fósseis.

Sultan al-Jaber, que ocupa o cargo de enviado especial de seu país sobre mudanças climáticas, procurou tranquilizar as preocupações e o ceticismo despertados pela sua nomeação como presidente da COP28, que será realizada em novembro e dezembro em Dubai, o emirado mais influente do mundo. Ele também é o chefe da Masdar, a empresa de energia renovável do país.

"Os Emirados Árabes Unidos encaram esta tarefa com humildade, um forte sentido de responsabilidade e um grande sentido de urgência", assegurou, descrevendo a luta contra as alterações climáticas como "central" para o seu país. Os Emirados Árabes Unidos, como toda a região quente do Golfo, poderão ser duramente afetados pelo aquecimento global.

Lobby começou no Egito

Dubai enviou o maior número de lobistas da indústria petrolífera para a COP27, ocorrida em novembro passado, no Egito. A conferência chegou a uma resolução sobre a compensação dos países mais pobres pelos danos causados ​​pelas mudanças climáticas, mas ficou estagnada em outros aspectos cruciais como a redução das emissões de gases de efeito estufa e do uso de combustíveis fósseis, em especial o carvão.

Falando no mesmo fórum neste sábado, o ministro da Energia do Catar, Saad Sherida al-Kaabi, defendeu o setor de hidrocarbonetos, dizendo que falta "realismo" aos defensores da energia verde. Segundo Al-Kaabi, eles vivem “um sonho" que “não se pode alcançar".

O ministro catari argumentou que "temos que ser realistas sobre o que podemos alcançar", num contexto em que o país tem sido cobiçado pelos países europeus nos últimos meses, em busca de alternativas para o gás russo, em meio à guerra na Ucrânia.

Segundo Al-Kaabi, que também é CEO da QatarEnergy, empresa nacional de gás do rico emirado, o gás russo também pode "voltar à Europa" ainda que "os europeus digam hoje que isso está fora de questão". Os países europeus restringiram amplamente o fornecimento de gás russo depois que Moscou invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. As exportações da Gazprom para a União Europeia e a Suíça caíram 55% no ano passado, segundo a companhia energética russa, que tem na Europa seu principal mercado.

Com informações da AFP

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