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OMS diz que China não tem nova variante da Covid, mas contesta número de mortos anunciados por Pequim

A Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou nesta quarta-feira (4) a nova definição adotada pela China para a contagem de mortes atribuídas à Covid, afirmando que as estatísticas “não estão em sintonia com a retomada da epidemia no país”. Atualmente, as autoridades chinesas só contabilizam os doentes de Covid-19 que morreram por insuficiência respiratória.

Chineses acompanham seus parentes doentes ao pronto-socorro do hospital em Bahzou, norte da China, em 22 de dezembro de 2022.
Chineses acompanham seus parentes doentes ao pronto-socorro do hospital em Bahzou, norte da China, em 22 de dezembro de 2022. © Dake Kang / AP
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Com informações de Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim

“Acreditamos que os números atuais divulgados pela China são uma sub-representação do verdadeiro impacto da doença em termos de hospitalizações, internações em terapia intensiva e, principalmente, em termos de mortes”, disse Michael Ryan, chefe da OMS responsável pela gestão de emergências de saúde, durante uma conferência de imprensa.

A nova metodologia é conveniente para a China em termos estatísticos, já que exclui, por exemplo, a morte de idosos com comorbidades que tenham sofrido um ataque cardíaco após contaminados.

"Continuamos pedindo à China dados mais rápidos, regulares e confiáveis ​​sobre hospitalizações e mortes, bem como um sequenciamento mais completo e em tempo real do vírus", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus. Ele também destacou que a OMS está “preocupada” com a situação, e reiterou a importância da vacinação.

A saúde dos idosos ainda está ameaçada na China, em hospitais sob tensão, dos quais a mídia estatal não fala quase nada. Muitos estabelecimentos de saúde estão superlotados e também faltam medicamentos nas farmácias.

País quer virar a página do "Covid zero"

Porém, o país tem pressa de virar a página da estratégia “Covid zero”, que consistia em testar a população em massa e confinar bairros e até cidades inteiras aos constatar os novos casos de contaminação. Para mostrar que a China está em uma nova fase, imagens de moradores de Pequim praticando esportes, fazendo compras ou indo ao cinema se multiplicam.

Os engarrafamentos também voltaram à capital, depois de seis meses de calmaria no trânsito. Para facilitar a retomada do trabalho pós-infecção, o governo autoriza os carros com placas pares e ímpares a rodarem ao mesmo tempo e os pedágios, na entrada da capital, estão abertos.

Diante de anúncios de restrições direcionados a viajantes da China, as autoridades de saúde tentam tranquilizar e minimizar o escopo do surto de ômicron. “As formas graves e críticas da doença representam 3% a 4% dos doentes infectados admitidos nas urgências”, afirmou na terça-feira (3) o vice-presidente do hospital de Chaoyang.

A China enfrenta atualmente a onda mais forte de Covid-19 no mundo, após o levantamento de suas restrições, causando preocupação em muitos países.

Estados Unidos, Austrália, Canadá, entre outros, citam a falta de transparência dos dados chineses para justificarem a sua decisão de impor testes de PCR a viajantes provenientes da China. Muitos países ocidentais estão preocupados com possíveis novas variantes, ainda que nenhuma nova cepa de Covid-19 tenha sido detectada.

A partir de 8 de janeiro, será exigido apenas um teste negativo de menos de 48 horas para entrar no território chinês. Uma situação bem diferente da adotada no início da pandemia.

Na tentativa de conter a doença, Pequim impôs confinamentos sucessivos, testes em larga escala e quarentenas inclusive para pessoas não infectadas, um conjunto de ações que provocou um mal-estar na sociedade e as maiores manifestações no país desde o movimento pró-democracia de 1989.

Variantes

A médica Sylvie Briand, que chefia o Departamento de Preparação e Prevenção de Epidemias e Pandemias da OMS, sublinhou que “fazer testes não significa restringir as viagens”. Estes testes, explicou, visam “reduzir a incerteza, porque não temos muita informação sobre a situação na China”, mas também visam ter a possibilidade de detectar uma nova variante que possa surgir neste país altamente populoso.

Ela explicou que provavelmente há mais risco do surgimento de novas variantes por causa da "possibilidade de evolução do vírus em caso de transmissão forte", como é o caso da China atualmente. Segundo dados fornecidos pelas autoridades chinesas à OMS, a variante que circula atualmente na China é principalmente ômicron.

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