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Medidas contra inflação tendem a encarecer produção do petróleo na Europa, diz analista francês

Os países membros da Opep+ decidiram, neste domingo (4), manter os níveis de produção de petróleo, em meio a um contexto econômico instável e às vésperas da entrada em vigor das sanções contra o petróleo russo. A RFI ouviu Philippe Sébille-Lopez, diretor da empresa Géopolia, especialista em questões geopolíticas energéticas e autor do livro "Geopolítica do Petróleo", que falou sobre o impacto da decisão.

Logo da OPEP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo
Logo da OPEP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo © REUTERS/LISA LEUTNER
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Em um comunicado, os representantes dos 13 integrantes da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus dez aliados, incluindo a Rússia, concordaram em manter a redução de dois milhões barris diários até o fim de 2023, decidida em outubro para manter os preços. A decisão, anunciada após uma rápida reunião por videoconferência, irritou o governo dos Estados Unidos, que buscava a diminuição dos preços nos postos de gasolina.

Desde então, os dois preços de referência no mercado mundial registraram queda e são negociados atualmente entre US$ 80 e US$ 85, bem abaixo dos US$ 130 por barril decididos em março, pouco depois do início da invasão da Ucrânia. "Isso valida nossa estratégia. Era a forma correta de agir para estabilizar os mercados", acrescenta o comunicado. 

A próxima reunião da Opep+ foi marcada para 4 de junho de 2023, mas o grupo se mostrou disposto a organizar um encontro antes da data para adotar "novas medidas imediatas", em caso de necessidade.  

"De um ponto de vista puramente econômico, e considerando que o preço do petróleo resulta do equilíbrio entre a oferta e a demanda, todas essas medidas que visam lutar contra a inflação, incluindo a alta da taxa de juros, tendem a tornar a produção ainda mais cara, sobretudo na Europa. Isso pode limitar, talvez, uma parte das necessidades energéticas", analisa Philippe Sébille-Lopez.

Bomba de petróleo da companhia russa Rosneft, na região de Krasnodar, no sul do país
Bomba de petróleo da companhia russa Rosneft, na região de Krasnodar, no sul do país REUTERS/Eduard Korniyenko

Impacto na exportação russa

Paralelamente, a Rússia está indignada com a decisão da União Europeia, G7 e Austrália de limitar o preço do petróleo do país. 

A medida entrará em vigor na segunda-feira (5), quando também terá início o embargo da UE às entregas marítimas de petróleo russo. Isso impedirá os envios do produto da Rússia em navios-tanque para a UE, que representam dois terços das importações. Isso reduzirá o financiamento de Moscou para a guerra na Ucrânia em bilhões de euros.

O preço do barril de petróleo russo é negociado, atualmente, em cerca de US$ 65, pouco acima do teto de US$ 60 anunciado pela comunidade internacional, o que implica um efeito limitado a curto prazo. 

"Será necessário esperar para ver qual será o impacto real da medida nas exportações russas", sublinha o especialista francês. "Essas medidas reforçam uma situação que já existia e somente em fevereiro veremos qual será impacto da exportação do diesel - os russos eram o principal exportador de diesel para a União Europeia", lembra o analista europeu. O Kremlin ameaçou suspender as entregas a qualquer país que adotar a medida.

Queda no preço

Em um cenário sombrio e diante do temor de recessão mundial, o petróleo do tipo Brent do Mar do Norte e seu equivalente americano WTI registraram queda de 8% no preço desde a reunião mais recente da Opep, em outubro.

Embora a Opep+ tenha optado pela cautela, a aliança pode "adotar uma postura mais agressiva" nos próximos meses, em uma advertência ao Ocidente, diz o analista do UniCredit, Edoardo Campanella. "Isto pode agravar a crise energética mundial", adverte. E pode irritar Washington, cujos esforços diplomáticos para conseguir uma redução dos preços fracassaram.

(RFI e AFP)

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