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Irã bombardeia posições de grupos curdos instalados no Curdistão iraquiano

O Irã bombardeou novamente, na noite de domingo (20) para segunda-feira, grupos de oposição curdos instalados na região do Curdistão iraquiano, menos de uma semana depois de ataques similares, anunciaram esses grupos e os responsáveis locais. A Turquia anunciou no domingo ataques aéreos contra bases curdas no norte da Síria e do Iraque que, segundo Ancara, foram usadas para executar atentados "terroristas" em seu território.

Foto de arquivo: ccurdos iranianos Peshmerga, membros do Partido Democrático do Curdistão Iraniano (KDP-Iran), participam de exercícios militares de rotina em Koya, 100 km a leste de Erbil, a capital da região curda autônoma do norte do Iraque, em 22 de outubro de 2017.
Foto de arquivo: ccurdos iranianos Peshmerga, membros do Partido Democrático do Curdistão Iraniano (KDP-Iran), participam de exercícios militares de rotina em Koya, 100 km a leste de Erbil, a capital da região curda autônoma do norte do Iraque, em 22 de outubro de 2017. AFP - SAFIN HAMED
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"Os Guardiões da Revolução [o exército ideológico do Irã] bombardearam novamente partidos curdos-iranianos", indicou o serviço antiterrorista do Curdistão iraquiano, sem oferecer um balanço de eventuais vítimas e danos.

O Partido Democrático do Curdistão Iraniano (PDCI) e o grupo nacionalista curdo-iraniano Komala confirmaram os bombardeios, que afetaram instalações suas nessa região autônoma no norte do Iraque.

Na segunda-feira (21), antes do amanhecer, a agência de imprensa estatal iraquiana INA confirmou os bombardeios iranianos com "disparos de mísseis e ataques de drones iranianos" contra "três partidos iranianos de oposição no Curdistão" iraquiano.

Em 14 de novembro, a República Islâmica já havia disparado mísseis e realizado ataques com drones contra posições de grupos de oposição curdos situados no Curdistão iraquiano, deixando um morto e oito feridos.

Teerã acusa esses grupos de oposição, que há tempos estão em sua mira, de instigar os problemas no país. O Irã enfrenta uma onda de manifestações desde a morte, em 16 de setembro, da jovem curda Mahsa Amini sob custódia da polícia da moralidade. 

Desde o início das manifestações, o Irã aumentou seus ataques contra os grupos de oposição curdos instalados no Iraque a partir da década de 1980 e classificados como "terroristas" pela República Islâmica.

Operação Garra e Espada

A Turquia anunciou no domingo ataques aéreos contra bases curdas no norte da Síria e do Iraque que, segundo Ancara, foram usadas para executar atentados "terroristas" em seu território.

A ofensiva, que recebeu o nome "Operação Garra e Espada", acontece após a explosão de domingo passado no centro de Istambul que matou seis pessoas e deixou 81 feridas.

"Estamos começando a Operação Garra e Espada", disse o ministro da Defesa, Hulusi Akar, que coordenou a ofensiva do centro de operações da Força Aérea com vários comandantes militares.

O ministério turco da Defesa informou que os bombardeios tiveram como alvos as posições do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e das Unidades de Proteção Popular (YPG) curdas, que Ancara considera uma extensão do PKK, uma formação considerada ilegal na Turquia.

A operação, na qual morreram 31 pessoas, de acordo com uma organização que monitora a situação na Síria, aconteceu nas regiões do norte do Iraque e da Síria, "usadas como bases para ataques de terroristas em nosso país", afirmou o ministério.

A Turquia culpa o PKK pelo atentado de Istambul, o mais violento em cinco anos no país e que provocou a dolorosa recordação de uma onda de ataques no país entre 2015 e 2017, ações atribuídas a militantes curdos e a extremistas do grupo Estado Islâmico.

Nenhum indivíduo ou grupo reivindicou a autoria e tanto o PKK como as YPG negaram qualquer envolvimento no ataque.  

Disparos a partir da Síria

Após os bombardeios da Turquia foram registrados disparos de foguetes neste domingo a partir da Síria. Os projéteis atingiram um posto de fronteira turco e feriram pelo menos três integrantes das forças de segurança, segundo a agência oficial turca Anadolu, que acusou as YPG pelo ataque.

Depois do atentado de Istambul, a polícia turca prendeu no subúrbio da cidade a principal suspeita do atentado de 13 de novembro, Alham Albashir, uma síria supostamente trabalhava para militantes curdos.

"Chegou a hora do ajuste de contas ", tuitou o ministério da Defesa turco ao lado de uma imagem de um avião decolando para uma operação noturna.

A Turquia executou mais de 20 ataques contra posições nas províncias sírias de Aleppo (norte) e Hasaka (nordeste), informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), organização britânica que tem uma ampla rede de fontes na Síria.

O OSDH informou que os ataques aéreos mataram 18 combatentes curdos e membros das forças locais aliadas e 12 soldados sírios.

A ONG também informou a morte de um jornalista, Issam Abdallah, correspondente na Síria de uma agência de notícias curda, e de 40 feridos.

As autoridades curdas no nordeste da Síria afirmam os ataques mataram 29 pessoas, incluindo 11 civis, 15 combatentes alinhados com o exército sírio, dois guardas e um combatente curdo.

Relações complexas com os EUA

A ofensiva militar da Turquia pode criar problemas nas relações de Ancara com seus aliados ocidentais, em particular os Estados Unidos, que se apoiaram principalmente nas milícias curdas sírias em sua luta contra o Estado Islâmico.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusa Washington com frequência de fornecer armas aos combatentes curdos no norte da Síria, considerados "terroristas" por Ancara.

O ministro do Interior da Turquia, Suleyman Soylu, rejeitou as condolências dos Estados Unidos após o ataque de Istambul. Erdogan, no entanto, aceitou durante uma reunião na terça-feira com o presidente americano, Joe Biden, à margem da cúpula do G20 na Indonésia.

Soylu disse que a ordem do atentado contra Istambul veio de Kobane, nordeste da Síria. Esta cidade síria de maioria curda próxima da fronteira turca foi capturada pelo grupo Estado Islâmico no fim de 2014. Os combatentes curdos expulsaram o grupo extremista no início de 2015.

Embora a Turquia não tenha revelado mais detalhes sobre a operação, as FDS, apoiadas pelos Estados Unidos, afirmaram que a cidade de Kobane estava entre os alvos atingidos pelas incursões turcas.

A Turquia executa ataques na Síria contra milícias curdas e extremistas do grupo Estado Islâmico desde 2016.

Erdogan ameaçava iniciar uma operação no norte da Síria desde maio para criar uma "zona de segurança" de 30 km ao sul da fronteira.  

(Com AFP)

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